JUE 16 DE MAYO DE 2024 - 17:25hs.
Análise da Sportico

Apostas esportivas no Brasil acenam enquanto grandes nomes se afastam dos Estados Unidos

O governo brasileiro legalizou as apostas esportivas no final de 2023, com o início das atividades previsto para começar neste trimestre ou no próximo, à medida que os reguladores trabalham em seu processo de licenciamento. Parece que o Brasil está substituindo os Estados Unidos como o próximo destino da corrida do ouro nas bets.

"Acredito que há muitas oportunidades no Brasil. O relatório indica que 140 operadores estão buscando entrar no Brasil com uma taxa de licença de US$ 6 milhões (R$ 30 milhões) e a exigência de um sócio local com 20% de participação," disse Tom Waterhouse em uma ligação telefônica. Ele é o principal da Waterhouse VC, um fundo especializado em investimentos em apostas esportivas que tem apresentado um retorno médio de 111% ao ano desde o início em 2019. "Vai ser semelhante aos Estados Unidos, porque vai demorar um pouco antes de os operadores de sportsbooks começarem a lucrar, pois estão indo para uma corrida pelo mercado."

O Brasil não tem o tamanho do mercado dos EUA, mas ainda é um grande prêmio. De acordo com a empresa de dados e análises de apostas Sportradar, os Estados Unidos representam um mercado legal de receita bruta de jogos (GGR) de cerca de US$ 10,8 bilhões. O mercado cinza brasileiro para apostas esportivas é estimado em cerca de US$ 2,2 bilhões de GGR e deve crescer para US$ 5,4 bilhões com a regulamentação.

"É uma oportunidade impulsionada pelo futebol", disse o CEO da Sportradar, Carsten Koerl, aos investidores no mês passado. "Nosso acordo com a CONMEBOL é muito favorável. Estamos buscando fortalecer este portfólio para atacar o Brasil nos próximos anos."

O mercado legal de apostas esportivas do Brasil ainda não está aberto: espera-se que o governo comece a conceder licenças neste trimestre ou no próximo. Quando isso acontecer, os operadores pagarão um imposto de 12% sobre a receita bruta de jogos (GGR), enquanto um imposto de renda de 15% sobre os ganhos líquidos aguarda os apostadores, de acordo com um documento informativo do escritório de advocacia Mayer Brown.

Isso coloca as taxas do Brasil mais ou menos no meio do que a indústria enfrenta nos EUA. Nova York tem os impostos mais altos, com uma taxa de 51% sobre o GGR, além de um imposto estadual sobre a renda para os apostadores. Nevada é o mais baixo, com uma taxa de imposto de apostas de 6,75% e sem imposto estadual sobre a renda, de acordo com uma análise de 2023 da Tax Foundation. Os impostos federais sobre a renda são adicionais a esses.

Enquanto isso, nos EUA, com a FanDuel e a DraftKings da Flutter Entertainment se estabelecendo como as principais empresas de apostas esportivas, com cerca de dois terços do mercado entre elas, parece que a corrida para conquistar participação de mercado nos EUA está acabando.

A 888 Holdings está pagando US$ 50 milhões para devolver a marca SI Sportsbook para apostas esportivas ao proprietário Authentic Brands. A 888 anteriormente tinha metas modestas para conquistar uma participação de mercado de um dígito único em seus mercados de marca SI. Alguns estados viram empresas desistirem de tentar: a WynnBet e a Betr decidiram deixar expirar suas licenças em Massachusetts este ano, por exemplo (a Wynn ainda aceitará apostas esportivas dentro de seu cassino em Boston).

Para alguns dos perdedores nos EUA, parece que o Brasil é a próxima grande esperança.

Um grande player que se volta para o Brasil pode ser a Super Group, controladora da marca global Betway. A empresa nunca entrou em Nova York devido à sua alta taxa de imposto e foi pessimista em relação aos EUA em uma ligação com investidores no mês passado, mostrando um desempenho global forte de outra forma. "Os EUA estão se mostrando difíceis", disse o presidente da Super Group, Richard Hasson, em resposta a uma pergunta de um analista.

Embora os executivos da Super Group tenham dito que estão aguardando para ver como serão as regulamentações finais do Brasil, o CEO Neal Menashe admitiu à mesma pergunta do analista que "é tudo sobre LatAm", em termos de crescimento futuro.

Mas mesmo com os campos verdes do Brasil chamando, o investidor de capital de risco, Waterhouse, alerta que o mercado provará ser igualmente desafiador para os sportsbooks. "Mercados regulamentados são bastante semelhantes. O que vimos no Reino Unido e o que vimos na Austrália e nos EUA é que eles se espelham no sentido de que há um grande benefício em ter escala e alavancagem operacional", disse ele.

"Se você não tem essa escala, o custo das vendas e os impostos consomem muito do seu lucro bruto, e você não tem o suficiente para gastar na experiência do usuário e no marketing para continuar a atrair [apostadores para o] topo do funil."

Ele acrescentou: "Os negócios interessantes que vão ganhar muito dinheiro no Brasil são os operadores existentes que já têm grandes bases de dados, negócios afiliados e operadores locais que podem se associar."

Em outros mercados, grandes operadores de apostas compraram operadores locais para estabelecer sua presença, algo provável de acontecer nacionalmente, especialmente com a exigência de 20% de parceiro brasileiro forçando as casas de apostas internacionais a encontrarem operadores já existentes.

"Eles (os operadores existentes) vão ganhar muito dinheiro, as organizações esportivas, os direitos de mídia - todas essas coisas vão aumentar de preço", disse Waterhouse. "Não é vencedor leva tudo, mas ... você precisa ser muito grande ou muito, muito ágil."

Fonte: Sportico