JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 23:21hs.
Daniel Xavier, COO da Pipa Studios

“Torço para a aprovação de uma lei abrangente, clara e que satisfaça a todos”

O diretor de operações da Pipa Studios, Daniel Xavier, antecipa parte do que será sua palestra no BgC que começa na próxima segunda-feira. Sua empresa foi criada em 2012 como um estúdio de desenvolvimento e operação especializado em jogos sociais de Bingo e Cassino. 'Estamos com uma sede em São Paulo com 50 pessoas e temos colaboradores em outros cinco países”, diz Xavier.

Daniel Xavier fará parte do painel Novas Tendências dos Jogos - Oportunidades e Estratégias para o Brasil; que acontece no último dia de BgC, terça-feira (24) às 14hs e irá debater as oportunidades de marketing para operadoras que visam o Brasil; as novas tecnologias, ferramentas e conceitos para melhorar a indústria terrestre; modernização de loterias;  os eSports  e sua sinergia com o mercado de jogos de azar e a localização do Jogo. Na roda de debate, além de Xavier, estarão: Tiago Almeida, CEO da Egaming Services; Francisco Javier Vidal Caamaño, COO da Sortis e Golden Lion Casino; Roberto Brasil Fernandes, Conselheiro da ABLE (Associação Brasileira de Loterias Estaduais); Beto Vides, CEO da eBrainz e Vicens Marti, presidente da Tangelo Games.

GMB - Você estará presente no BGC esse mês em São Paulo, no painel sobre novas tendências para o mercado dos jogos e exemplos para o Brasil. Nos fale sobre como surgiu o convite, quais os principais assuntos que deve abordar e a sua expectativa para o evento?
Daniel Xavier -
Fiquei muito contente pelo convite feito pela organização do evento, será uma grande oportunidade para divulgarmos o Social Gaming no Brasil, uma indústria que cresce continuamente desde 2010 acompanhando o aumento do uso de smartphones e da cobertura de internet móvel. Levarei ao BGC um conteúdo abrangente sobre o mercado de Social Gaming, incluindo produto e jogadores, levantando pontos relacionados à aquisição e retenção.

O ponto de partida será nossa experiência com os aplicativos da Pipa Studios, especialmente o Praia Bingo, o jogo social de Bingo mais jogado no Brasil e por onde mais de 200.000 clientes de dezenas de nacionalidades distintas passam todos os meses. Nossa expectativa para o evento, além de discutir o Social Gaming, é participar ativamente das conversar relacionadas a regulamentação e reforçar nossa rede de contatos no Brasil.

Falando sobre a Pipa Studios, conte-nos um pouco sobre a trajetória dela no mercado jogos. Qual seu principal nicho de atuação, quais clientes atendem, como chegaram ao nível de crescimento que estão hoje e quais as metas para o futuro?
A Pipa Studios foi criada em 2012 como um estúdio de desenvolvimento e operação especializado em jogos sociais de Bingo e Casino. Estamos com uma sede em São Paulo com 50 pessoas e temos colaboradores em outros cinco países.

A primeira app que desenvolvemos foi o Praia Bingo, que caiu no gosto dos brasileiros e logo tornou-se o jogo líder da categoria neste país, que hoje representa 50% de nosso faturamento. Ao longo dos anos traduzimos o aplicativo para outros 20 idiomas e, após ajustes no produto e operação, entramos no top 5 da categoria Bingo na Espanha, México, França e Itália.

A estratégia de crescimento passa pelo desenvolvimento de um produto customizado às culturas locais, relacionamento e atenção à retenção de jogadores. Temos grande paixão pelo nosso projeto e isto nos motiva a avançar em novos mercados. A principal meta é ampliar presença no mercado norte-americano, através do Praia Bingo e da recém-lançada app Bingo Bloon.

A Pipa tem seus dois principais jogos nas lojas de aplicativos dos principais sistemas do mercado de smartphones e também no Facebook. Como vocês se planejaram para atender esse público que joga por aplicativos e qual tem sido a aceitação dos brasileiros a esses produtos?
Um desafio inicial foi a escolha da tecnologia de nossos jogos. Apesar de termos começado nossas atividades no Facebook, desde o início mirávamos nosso futuro no mobile, vislumbrando um futuro onde a abrangência de smartphones com boa capacidade de processamento aumentaria e a cultura do jogo via celular se consolidaria - uma aposta que se revelou certeira nos mercados onde atuamos.

Tratando-se de Brasil, conseguimos aproveitar uma janela de oportunidade. Ao lançarmos o Praia Bingo, em 2012, não existia uma oferta abrangente de aplicativos do nosso segmento olhando para esta região. Colocamos no mercado um produto com aderência e totalmente localizado, aplicando práticas de relacionamento customizadas para o público brasileiro, e a resposta dos clientes foi excelente desde o início.

Assistindo os vídeos de divulgação dos jogos e visitando o site da Pipa Studios percebemos que a empresa trabalha com uma linguagem bem jovem e descontraída. Como funciona o processo de criação desse material e qual a importância dessa escolha para chegar ao público alvo da empresa? Ela tem obtido sucesso em seus objetivos?
Queremos passar aos nossos clientes valores que acreditamos. A Pipa é jovem e descontraída, e nós amamos o que fazemos. Os artistas e desenvolvedores trabalham com liberdade criativa, com isso estimulamos a inovação, o que talvez seja um dos segredos do sucesso de nossos jogos. Entendemos que há pouca inovação no mercado de jogos de bingo e cassino, e um de nossos objetivos é em quebrar a monotonia desse setor. Ao ter a inovação como objetivo tentamos também ampliar o universo de jogadores, buscando operar em uma ampla faixa etária de ambos os sexos.

Entre os temas do painel no BgC está questão da relação dos jovens com os jogos. No Brasil, a juventude é consumidora assídua de conteúdo digital, como o You Tube, blogs, redes sociais, entre outros. Baseado nesse fato, qual o potencial desse público no Brasil e quais investimento dever ser feitos para atendê-lo bem?
É um grande desafio aproximar o público jovem dos jogos de bingo e cassino, ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Está em nosso plano de trabalho para os próximos 12 meses oferecer um produto mais aderente à faixa entre 18 e 30 anos, provavelmente em um outro segmento com maior potencial. Questão de produto à parte, é essencial adequar a comunicação para ter sucesso nesta faixa. É mandatório explorar outros canais de comunicação, como o WhatsApp, e oferecer um conteúdo com uma linguagem informal e conectada às redes sociais.

Falando em Brasil, você acredita que haverá uma concorrência muito forte entre locais de jogos físicos (bingos, cassinos) com o jogo online e social gaming? Há possibilidade dessas vertentes trabalharem e crescerem juntas?
Definitivamente, há espaço para todos. A legalização dos jogos irá aumentar o interesse das população em geral à atividade, o que ajuda na renovação dos jogadores. Existirá cross-selling entre os segmentos.

Sobre o processo de legalização dos jogos no Brasil, qual sua avaliação do andamento dos processos e das últimas decisões dos legisladores quanto ao mercado do jogo no país. Acredita que logo teremos uma lei abrangente a todos os modos de jogos?
Já superamos a discussão sobre a necessidade de se ter uma regulamentação desta atividade no Brasil. Estamos atrasados, a maior parte dos países ocidentais já colocaram esse assunto na mesa e definiram suas estratégias. A questão é quando isso irá acontecer. Existe a dependência de fatores exclusivamente políticos nesta decisão. Como vivemos uma época de grande agitação política no país, a análise sobre o futuro da regulamentação passa por muitas incertezas. A Pipa é um estúdio que desenvolve e publica jogos sociais e, portanto, sem apostas a dinheiro. No entanto, torço para a aprovação de uma lei abrangente, clara e que satisfaça os interesses de todos os atores envolvidos.

Quais as suas perspectivas para a industria de jogos no Brasil após a legalização dos jogos, em especial no que se trata de jogos online? Considerando que muitos brasileiros já jogam em sites de apostas esportivas, qual será o potencial de consumo do público nacional após a regulamentação e a possibilidade de outras opções para jogar?
Sobre o mercado de apostas esportivas, entendo que há uma demanda reprimida e um grande mercado a ser explorado. A insegurança jurídica reduz investimentos no setor. Uma regulamentação clara tem a capacidade de ampliar, e muito, o atual tamanho do mercado de jogos online.

Fonte: Exclusivo GMB