VIE 26 DE ABRIL DE 2024 - 04:32hs.
Nelson Romanini Neto, CEO/Advisor do We Content

“Espero que esse seja um dos últimos eventos de gaming no Brasil antes da legalização”

Com um know-how de mais de 15 anos nesse segmento, o CEO da WeContent Digital Marketing, Nelson Romanini Neto, brinda o GMB com uma entrevista exclusiva a poucos dias da sua participação no BgC 2018. “O objetivo será discutir os caminhos que deverão seguir as regras da publicidade para jogos no Brasil. Pretendo abordar alguns tópicos que julgo serem fundamentais nessa discussão, como o jogo responsável, por exemplo”, diz Romanini Neto.

Nelson Romanini Neto abre a sessão de palestras sobre Regulação e Operação, que irá encerrar o primeiro dia de atividades do  BgC, na segunda-feira (23) às 17hs15. Durante sua  fala, o CEO da WeContent irá trazer novos conteúdos sobre Publicidade Responsável nos Jogos abordado temas como: regras de publicidade; colaboração do mercado e requisitos para comunicação comercial de jogos e patrocínio. Após sua apresentação, o professor José Ricardo Escolá de Araújo, da Febraban/USCS/Trevisan Business School, falando sobre Métodos de Pagamentos; e Braulio Melo, diretor da Polícia Federal e Consultor Parlamentar na Câmara dos Deputados, dissertando sobre Controle e Aplicação da Lei, encerram o primeiro dia do congresso.

GMB - Você estará presente no BGC no mês de abril em São Paulo. Nos fale sobre como surgiu o convite, qual a sua expectativa para o evento e qual relevância de um congresso como o BgC para o processo de legalização dos jogos no país?
Nelson Romanini Neto - A Clarion, que organiza o evento, estava em busca de alguém que pudesse falar com propriedade sobre a publicidade no mercado de jogos no Brasil. Meu nome surgiu pelo meu know-how de mais de 15 anos nesse segmento, sendo dez deles à frente do marketing do Sorte Online, o maior site de serviços lotéricos do país, onde fui responsável pela construção de todo o projeto de mídia. Conheço bem as regras, os percalços, assim como as soluções do mercado publicitário para esse segmento. E é por isso que o Sorte Online segue como cliente da WeContent Digital Marketing, a minha agência.

A expectativa é que esse seja um dos últimos eventos de gaming no Brasil antes da legalização dos jogos. Esse ponto de encontro é de suma importância para reunir os profissionais do mercado, do mundo empresarial, as autoridades do governo, e os profundos conhecedores da legislação brasileira, a fim de discutir o tema com quem realmente vai tornar tudo isso possível no Brasil.

Quais são as principais informações que deseja passar em sua palestra durante o BGC?
Objetivo será discutir os caminhos que deverão seguir as regras da publicidade para jogos no Brasil. Pretendo abordar alguns tópicos que julgo serem fundamentais nessa discussão, como o jogo responsável, por exemplo.

Além disso, quero traçar um comparativo da publicidade para gambling com outros segmentos que seguem imposição de restrições de anúncios estabelecidas pelo CONAR, como as categorias de bebida alcóolica e fumo.

Como especialista em mídia, como avalia a atuação dos grupos de media brasileiros dentro do processo de legalização dos jogos no Brasil? Qual a importância da mudança de opinião de um veículo de media como O Globo, que era contrário à regulamentação e recentemente pediu a uma lei do jogo em um editorial, nesse processo?
A repercussão dos grandes veículos ainda é tímida, são poucos que se manifestam sobre o assunto. Acredito que os veículos de comunicação vão começar a dar mais importância e atenção ao segmento a partir do momento que entenderem o potencial de geração de receita em mídia que esse mercado pode - e vai - gerar.

No Brasil, o poker é um exemplo de uma modalidade que usou muito bem a mídia para se consolidar com o público e até com os legisladores. Como a indústria do jogo num geral deve pegar o exemplo do poker e usar os meios de comunicação para atrair a população para apoiar a regulamentação da atividade?
A modalidade do poker é completamente distinta dos jogos de apostas, por isso não se pode fazer um comparativo. O poker, classificado como esporte, gerou um grande interesse do público brasileiro pelas peculiaridades dos campeonatos, o envolvimento de celebridades e até a exposição que ele ganhou em canais de TV e na internet – trata-se de uma modalidade capaz de manter alguém por horas em frente à TV acompanhando um campeonato, diferente da maioria dos jogos de casinos, por exemplo. Foi somente a partir disso que grandes grupos se atentaram para o mercado brasileiro e trouxeram investimentos para cá.

Como os jogos de casinos não têm o mesmo apelo, acredito que o caminho será inverso. A ideia será destacar a imagem dos casinos como centros de entretenimento, onde os jogos são apenas uma parte do espetáculo, e, junto dos legisladores, utilizar-se de bons argumentos de geração de empregos, receita em impostos, movimentação da economia, entre outras benfeitorias, para destacar a importância desse negócio para a economia brasileira em geral.

Apesar de não regulamentados no Brasil ainda, os sites de apostas esportivas têm investido fortemente em publicidade dentro dos canais de televisão e até em parcerias com federações esportivas. Esse fato dá ao jogo online alguns pontos a mais sobre os jogos terrestres na briga por público quando todas as modalidades estiverem regulamentadas no país?
Sim, acredito que empresas que atualmente atuam no mercado online levam vantagem, pois já possuem um certo conhecimento sobre o comportamento do apostador brasileiro e potencial de mercado, por exemplo.

Encerrando a nossa entrevista, qual a sua perspectiva para o mercado de jogos do Brasil após a legalização dos jogos? Acredita no nascimento e consolidação de um setor de mídia especializada em jogos no Brasil? Quais oportunidades podem surgir nessa área?
Após a legalização dos jogos no Brasil, com as regras de publicidade mais claras e segurança jurídica, a perspectiva para os players e todos os envolvidos é, sem dúvidas, que novas oportunidades surjam, a começar pelo crescimento das receitas públicas, geração de emprego, etc. Consequentemente, novas mídias especializadas surgirão no mercado, as quais poderão contribuir em potencial para a propagação da informação, destacando as novidades do mercado e remodelando a concepção dos jogos de apostas através de um processo de conscientização. Acredito também que os grandes veículos passarão a dar mais espaço ao tema, tanto nas páginas de notícias como, possivelmente, através de colunistas especializados.

Fonte: Exclusivo GMB