JUE 9 DE MAYO DE 2024 - 11:34hs.
Corporativismo

Caixa enfrenta acusações sobre possível privatização da área de loterias e apostas esportivas

A diretoria e o Conselho de Administração da Caixa Econômica Federal vêm sendo bombardeadas com acusações de que há manobras para tirar a gestão das loterias do banco e promover a privatização das atividades. Segundo acusação do representante dos funcionários no CA, Antônio Messias Rios Bastos isso vem sendo capitaneado pela direção da CEF e transferir os jogos para empresas subsidiárias.

Diante das acusações, o Conselho de Administração da Caixa convocou uma reunião de urgência para esta segunda-feira (18), exatamente com a pauta de transformar o setor de Loteria em subsidiária.

A diretoria do banco justifica, entre outras alegações, que visa “manter a competitividade com o mercado concorrencial” e “poder atuar na operação de apostas esportivas”, uma vez que “a legislação exige CNAE específico”.

Funcionários do banco fizeram coro à reclamação e afirmam que uma possível transferência da operação para um ente privado poderia afetar programas sociais financiados pelas loterias, numa demonstração de corporativismo sindical sobre decisões estratégicas da Caixa Econômica Federal.

Em 2023, as loterias da Caixa tiveram uma arrecadação de R$ 23,4 bilhões, com repasse de R$ 9,2 bi para programas sociais do governo federal.

Os funcionários veem uma possível transferência da gestão das loterias para a Caixa Loterias, proposta pela administração do banco, como uma forma de privatização disfarçada da operação e de forma a forçar a manutenção das atividades lotéricas nas mãos da CEF, alegam possível interrupção de programas sociais, como forma de garantir apoio popular para brecar a transferência.

A Federação Nacional das Associações de Gestores da Caixa (Fenag) chegou a pedir esclarecimentos sobre a mudança, de maneira a entender o processo. A preocupação é de que a transferência poderia minguar os recursos destinados a programas sociais para operadores privados.

No vídeo, o representante dos funcionários no Conselho afirma que as tentativas de privatização vêm desde o governo de Michel Temer e que isso poderia comprometer as ações sociais levadas à cabo com o dinheiro arrecadado pelas loterias. Chega a alegar a perda de empregos não só na Caixa, como também na rede lotérica.

O que Messias não diz no vídeo é o atraso da Caixa em modernizar e reformular seus produtos lotéricos, que no Brasil destoam do atual momento por que passa o mercado global de loterias, que cresce a passos largos enquanto no Brasil as vendas permanecem praticamente estáveis.

Ele não aponta, também, que o payout das loterias brasileiras é um dos menores do mundo e que apenas três modalidades exploradas pela Caixa, atualmente, mantém praticamente todas as outras. Hoje, Mega-Sena, Lotofácil e Quina significam mais de 85% da arrecadação da Loterias CAIXA.

Monopólio da União deste 1962, as loterias operadas pela Caixa começam a se desgastar e enfrentar a concorrência das operações estaduais. Com o objetivo de virar o jogo, o banco federal já se apresentou como possível interessado em operar apostas esportivas. Mas, a passos de tartaruga, a Caixa poderá ser engolida pela concorrência com as bets, apesar da ampla rede lotérica de quase 14 mil pontos, que poderiam virar o jogo em favor da exploração federal.

Fonte: GMB