JUE 28 DE MARZO DE 2024 - 14:36hs.
Rafael Plastina, fundador da Sport Track

“A liberação das apostas irá incentivar o streaming para transmissão de esportes de nicho”

As novas plataformas de streaming e as transformações da indústria esportiva com a digitalização serão temas de painéis do Summit Sportlab, evento que reunirá as principais lideranças do esporte brasileiro no dia 5 de dezembro, em São Paulo. “Vai entrar um dinheiro poderoso quando a regulamentação sair, mas é importante para as empresas de apostas que as modalidades menores tenham transmissão para que o apostador veja e aposte”, explica Rafael Plastina, fundador da Sport Track e moderador dos painéis.

Que o futebol é o esporte favorito do brasileiro, todos já sabem, mas poucos param para pensar sobre os valores que ele gera e o grande mercado que ele mobiliza. Para se ter uma ideia, segundo o site especializado em transferências internacionais, Transfermarkt, foram movimentados nos últimos meses 4,9 bilhões de euros (cerca de R$ 20,6 bilhões), apenas em negociações de venda e empréstimo de jogadores por clubes no mundo. Estes números tornam a temporada de futebol 2019/20 a maior da história. Quando considerados os valores em patrocínios, ingressos e produtos, o bolo aumenta muito. Mas e as outras categorias de esporte?

“O futebol é, sem dúvida, o mais importante no cenário nacional. A distância para o segundo, terceiro e quarto colocados é muito grande, em termos de faturamento das ligas e dos clubes. Depois nós temos basquete, vôlei e automobilismo. Existe ainda uma presença de MMA no Brasil muito boa, mas todos esses esportes estão em um único bolo, brigando um com o outro. E o futebol lá em cima”, analisa Rafael Plastina, fundador da Sport Track. Ele estima que a indústria brasileira do esporte movimente algo em torno de 10 bilhões de reais. Cerca de metade deste bolo ficaria com o futebol.

José Colagrossi, diretor-executivo do Ibope Repucom, corrobora essa diferença: “O futebol fica com aproximadamente 60% dos patrocínios no Brasil”. E mesmo o futebol vem sofrendo nos últimos anos com a queda dos patrocínios, devido à crise econômica e à saída do governo federal. “Ele era um dos grandes patrocinadores do esporte e o principal patrocinador do futebol, através da Caixa, mas não só dela. Banco do Brasil, Correios e Furnas também patrocinavam. A combinação da saída do governo federal e a recessão econômica abalaram bastante. 2019 foi um ano muito difícil para o patrocínio esportivo”, resume Colagrossi.

Ao se analisar outras modalidades esportivas, a situação se torna ainda mais grave. “Você tem nos esportes olímpicos uma ausência de patrocínio muito grande. 2019 foi o pior ano nos últimos dez anos em termos de patrocínio de esportes olímpicos”, comenta o executivo do Ibope Repucom.

Ele define ainda que vivemos em um ciclo vicioso, pois é necessário investir para ter visibilidade, mas apenas quem tem visibilidade recebe os investimentos. E muitos esportes menos populares possuem torcedores no país. O futebol americano, por exemplo, possui cerca de 15 milhões de fãs no Brasil, segundo estimativas do Ibope Repucom, mas nem todas as empresas conhecem este mercado em potencial ou desejam investir nele.

Plastina vê as novas plataformas de streaming como uma esperança para mudar esta situação. “O que está acontecendo no mercado e que eu acredito que pode ser uma revolução para esportes menores é a democratização da transmissão. Hoje, existem plataformas de streaming que dão visibilidade para essas ligas, que antes não eram visíveis em nenhuma TV por assinatura. Aquelas pessoas que gostam de esportes de nicho podem assinar uma plataforma para assistir seu esporte favorito”, afirma o executivo.

Outra movimentação que promete chacoalhar a indústria esportiva é a regulamentação das apostas esportivas. “Vai entrar um dinheiro poderoso no esporte brasileiro quando a regulamentação sair. Claro que a maioria desse dinheiro vai estar concentrada no futebol, mas vai sobrar para outros esportes também. E é importante para estas empresas de aposta que essas modalidades menores tenham transmissão, para que o apostador veja e aposte”, explica Plastina. Assim, a possível liberação das apostas irá incentivar a criação de plataformas de streaming para transmissão de esportes de nicho.

Toda esta presença do digital mudou a forma de torcer e das marcas se comunicarem com os torcedores. O fundador da Sport Track acredita que a grande tendência do marketing e da comunicação esportiva é a criação de conteúdo digital exclusivo pelos patrocinadores, em parceria com os clubes e ligas. Esta geração de conteúdo traz a vantagem da mensuração de resultados, sendo um bom caminho para os esportes menos populares.

“Esse conteúdo teria que ter foco em duas coisas: experiência do fã e promoção. Porque cada vez mais, as marcas vão precisar mensurar os resultados de suas ações, dada a pulverização e a dificuldade que existe de verificar de onde vem o resultado final de cada ação”, esclarece Plastina. Ele acredita que essas ações voltadas para o digital podem trazer aprendizados para as empresas, pois geram “conteúdo para o planejamento dos próximos anos. A marca vai entender onde acertou, onde errou e vai poder evoluir ao longo dos anos nas parcerias”.

Colagrossi concorda: “O fã adora consumir coisas interessantes e conteúdo proprietário digital é o principal caminho para você atrair público. Gerar conteúdo interessante, que as pessoas queiram ver e viralizem é a maior estratégia”. Ele vai além e defende a interação digital. “Fazer com que os perfis sociais das confederações, federações ou ligas sejam interativos para que o fã possa ser reconhecido na sua paixão. Para que ele possa interagir, receber resposta. Postar conteúdo de fã é muito importante”, esclarece.

José acredita que as ligas e times precisam gerar valor de marca dos patrocinadores nas mídias sociais. “Esta estratégia não é nova. Tem gente no Brasil que faz isso extremamente bem. Um exemplo é a Confederação de Rugby, que faz isso há anos com enorme sucesso. Por isso atraiu patrocinadores do calibre do Bradesco”, conta o especialista.

Estes serão os temas dos paineis “STREAMING. CONHEÇA ESSE MERCADO E SEUS IMPACTOS NO ESPORTE”, mediado por Rafael Plastina, e “COMO A DIGITALIZAÇÃO DA SOCIEDADE ESTÁ IMPACTANDO A INDÚSTRIA DE PATROCÍNIO ESPORTIVOS”, que contará com a participação de José Colagrossi. As apresentações fazem parte do Summit Sportlab, evento que será realizado em 5 de dezembro, no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo. Na ocasião, os principais líderes e executivos do esporte brasileiro se unem à associação SOU DO ESPORTE para colocar em pauta os novos caminhos para a gestão e governança do esporte brasileiro.

“É um painel riquíssimo, vai debater coisas que ainda não estão em prática, não estão testadas e sedimentadas, como a TV linear, a TV aberta e a TV por assinatura. Vamos chacoalhar o auditório para que as pessoas saiam da zona de conforto e vejam muito além do que a gente tem praticado no Brasil”, destaca Plastina.

“O tema da palestra do Colagrossi é fundamental para entendermos toda a transformação que o marketing, a comunicação e a mídia sofreram nos últimos anos. Tudo que a revolução tecnológica e o digital trouxeram para essas áreas está impactando completamente a forma como consumimos conteúdo e, por consequência, a forma como as marcas se comunicam e fazem suas ações de marketing”, esclarece Luiz Paulo Moura, sócio-diretor do Sportlab.

O executivo acredita que a mudança do ambiente de mídia gerada pela transformação digital gera uma série de possibilidades para o esporte que até então não existiam e que muitas mudanças vão acontecer. “Vamos ver nos próximos anos como o mercado vai se acomodar porque a tendência realmente é ter players globais fortes tendo domínio sobre a distribuição dos principais conteúdos esportivos mundiais”, conclui.

SERVIÇO:
SUMMIT SPORTLAB
Data: 5 de dezembro
Horário: 8h às 19h
Local: Hotel Maksoud Plaza - São Paulo, SP
Website: http://esportebrasil.net.br/

Fonte: GMB / Erica Valério - SEGS.com.br