VIE 3 DE MAYO DE 2024 - 13:00hs.
Juliana Albuquerque, diretora do CONAR

"É a hora das empresas de apostas se apresentarem e iniciarem uma relação com o público brasileiro"

Na última semana, Juliana Albuquerque, diretora do Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária – CONAR, foi uma das convidadas do OGS Brazil 2019. Ela conversou com o GMB, deu dicas aos operadores e veículos que farão publicidade da atividade após a regulamentação das apostas esportivas, falou sobre a legislação vigente e afirmou que esse é um momento de oportunidades, mas que exige cuidados. “É importante seguir princípios para se mostrar como uma atividade correta, que seja expressão de postura ética e de respeito ao consumidor”.

GMB – Qual a sua avaliação sobre o conteúdo exposto durante o evento OGS? Foi possível aprender mais sobre o setor de jogos e abrir a mente para a atividade?
Juliana Albuquerque - Foi interessante ver o ponto de vista dos operadores internacionais, o início dessa operação nacional, a expectativa para uma legislação adequada, a visão dos apostadores que também tivemos no evento, os cuidados para fazer uma atividade boa com respeito ao usuário e descaracterizar certas ideias pré-concebidas de uma operação que seria negativa para fazê-la mais transparente e apresentá-la ao público.

Qual a sua opinião sobre o momento atual da publicidade de empresas de jogos no Brasil, em que muitas delas já aparecem patrocinando equipes esportivas e também em anúncios nos canais por assinatura e na TV aberta?
O que acontece desde muito tempo é que existe um princípio geral de legalidade pelo qual os produtos e serviços lícitos podem ser anunciados no país. Por conta desse princípio, existia uma restrição de publicidade quando a ação se referia a uma operação que aconteceria no território nacional e em que a atividade em si não poderia acontecer. Pode existir a publicidade de um cassino de fora falando: “viaje para determinado país, onde o jogo é permitido e se pode jogar”; isso sempre foi permitido e temos até jurisprudência de alguns casos onde se considerou regular esse tipo de publicidade. Ela se trata da divulgação de uma operação em que na região que ela é concretizada aquilo é lícito. É a mesma coisa com relação ao que está acontecendo agora. Se diz respeito à publicidade de um site em que já existe a possibilidade do usuário brasileiro apostar, esse tipo de ação ainda não está autorizada e não poderia ser divulgada. Agora, a publicidade de um jogo ou aposta que é realizado fora pode ser feita.

Muitas empresas de apostas esportivas irão investir pesado em publicidade com a regulação da atividade. Quais os seus conselhos para que esse investimento gere bons retornos para a imagem das operadoras e também comercialmente?
Essa pergunta é essencial. Esse é o momento de se apresentar ao mercado, pois é uma modalidade nova. É a hora que o consumidor vai conhecer a marca, que você vai estabelecer uma relação e os rumos que ela terá. Então, é muito importante a demonstração de um cuidado efetivo do que pode e o que não pode ser feito. A regulamentação já vem com um capítulo sobre publicidade em que se trata de responsabilidade social, jogo responsável e de proteção a determinados públicos vulneráveis e também menores. Esses devem ser os princípios para realmente se mostrar como uma atividade correta, que seja a expressão da postura ética das empresas e do respeito ao usuário.

Para os veículos que estão de olho na regulamentação das apostas esportivas e pretendem abrir espaço para comercias e anúncios das operadoras, quais suas dicas e que cuidados devem ser considerados?
O primeiro passo é verificar se a operação está autorizada. Se ela é realizada no território nacional, se está autorizada e se for operada em outro país, se está regulada lá. O segundo passo é; na proposta de legislação, e eu não sei se vai sair dessa forma porque foi sujeita a consultas, mas não existia restrição de horário. O que existe é uma restrição de destinação ao público infantil em que apareçam crianças porque elas não podem jogar, pois, segundo a lei, só poderiam jogar pessoas acima de 18 anos, então não pode refletir uma atividade contrária à restrição etária. Esses são os principais. Existem outras regrinhas e detalhes com relação ao jogo responsável. Por exemplo, não pode associar a solução de problemas financeiros ou emocionais; tem uma série de princípios que estão bem claros. Acredito que a proposta estabelece algumas regras e seria muito importante que as empresas fizessem um pacto para se autocorrigir na publicidade também porque é um momento em que terá uma exposição maior, vai se formar uma opinião pública a respeito e é importante que as empresas adotem códigos de conduta para expressar essa postura de considerar os impactos da atividade.

De tudo o que ouviu sobre os jogos e as apostas esportivas, você considera que a atividade legalizada e regulada será um bom negócio para o mercado publicitário? Acredita que vale a pena que essa indústria apoie a causa dos jogos?
A questão da opção de adotar e regularizar essa prática fica fora da atribuição do CONAR. Ela é uma opção legislativa. O mercado brasileiro é um dos maiores. A gente verificando, apesar de não ser nossa especialidade, já que cuidamos do conteúdo de mensagens publicitárias, vemos que o brasileiro é o líder no uso de redes sociais, é muito interativo e adora esporte. É um mercado enorme. Porém é importante ter o mesmo nível de cuidado e se equilibrar com essa abertura de oportunidades.

Fonte: Exclusivo GMB