VIE 26 DE ABRIL DE 2024 - 16:15hs.
Ian Cook, Diretor da Kroll no Brasil

“As apostas têm um caminho a percorrer para ser implementadas e regularizadas no Brasil”

O Diretor da Kroll no Brasil, Ian Cook, deu uma entrevista exclusiva ao GMB para explicar a importância da gestão de riscos e o trabalho de investigação que a sua empresa realiza no mercado para os clientes interessados em investir no país. “Em um mercado novo para o Brasil, como o das apostas, são importantes as soluções de detecção - preventivas e reativas - para conhecer os riscos inerentes à atividade e saber como mitigá-los”, explica Cook.

GMB - Você poderia nos explicar no que consiste seu trabalho de investigação e qual a importância dele?
Ian Cook -
O trabalho de investigação parte de algo maior, que é a gestão de riscos. Dentro da abordagem da Kroll, trabalhamos com soluções de detecção - preventivas e reativas. Muitas vezes, os clientes nos procuram para que auxiliemos em trabalhos de investigação de fraude ou de corrupção. Estes casos ainda representam a maior parte do trabalho e ressaltam o comportamento da maioria das empresas do Brasil, ou seja, não existe uma forte cultura corporativa focada na prevenção.
No entanto, sempre recomendamos o investimento em soluções preventivas. Conhecer o risco reputacional de seus negócios, por exemplo, pode evitar problemas maiores no futuro e reduzir o risco legal e reputacional das empresas. Em um mercado novo para o Brasil, como o das apostas, é importante que se conheça os riscos inerentes à atividade e saber como mitigá-los.

Hoje, muitas empresas de apostas esportivas têm aparecido como patrocinadoras de clubes e de competições no Brasil. Na sua visão, qual a principal característica desse movimento?
Este movimento é similar ao que já acontece em outros mercados, como na Inglaterra. Existe uma óbvia conexão entre clubes e campeonatos e as apostas – já que o apostador tem um claro interesse no esporte. Do ponto de vista da gestão de riscos, é importante para todos os envolvidos – patrocinador e patrocinado – conhecer as questões do negócio. Tanto quem patrocina quanto quem é patrocinado.

Na sua opinião, regras de patrocínio de empresas de apostas aos clubes e instituições esportivas devem fazer parte da regulamentação em curso no país?
Sim. As empresas de apostas precisam conhecer os clubes que estão patrocinando (fatores de risco, como envolvimento político, dívidas, ações judiciais, etc.) assim como os clubes precisam conhecer, em detalhes, a reputação e o histórico do potencial patrocinador. Sabemos do alto risco de lavagem de dinheiro envolvido nas apostas. Portanto, é importante que o clube esteja seguro quanto a lisura do potencial parceiro.

Em países da Europa, como a Inglaterra, também há um movimento muito grande de patrocínio de empresas de apostas aos clubes. Qual a principal diferença do que acontece nesses países para o atual momento brasileiro e o que podemos aprender com eles?
Na Inglaterra, a cultura de aposta está disseminada na sociedade. As pessoas já convivem com a competição há muito tempo. Como essa cultura existe há bastante tempo no Reino Unido, a regulamentação é muito bem definida. É um setor muito bem regido. Já no Brasil, a possibilidade de apostar no esporte é algo muito novo e ainda tem um caminho a percorrer para ser implementado e regularizado.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil