VIE 26 DE ABRIL DE 2024 - 17:35hs.
Já alcança metade da Série A

O Globo reflete o boom de patrocínios de sites de apostas no futebol brasileiro

O setor de apostas esportivas, que já firmou acordo com 10 dos 20 clubes da elite do Brasileirão, movimenta uma quantia bilionária por ano no país, afirma O Globo em uma reportagem especial. Ainda sem regulamentação no Brasil, os sites já patrocinam metade das equipes que disputam a Série A do campeonato nacional. O último a acertar parceria foi o Flamengo, que anunciou acordo com a Sportsbet.io na segunda-feira.

O Globo reflete o boom de patrocínios de sites de apostas no futebol brasileiro

Reprodução do artigo publicado hoje na versão impressa do jornal O Globo

“Apostamos em uma empresa séria, com grande potencial de crescimento, que confiou em uma proposta ousada e na liderança do Flamengo de engajamento nas redes sociais entre os clubes da América Latina”, diz Maurício Portela, diretor de marketing do clube.

O contrato não envolve exposição em camisa. Pelo acordo, o Rubro-Negro receberá um valor fixo anual e outro variável, segundo o número de novos clientes que o clube carioca conseguir trazer para a empresa.

Atlético-MG, Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Fortaleza, Fluminense, Santos e Vasco já têm contratos em vigor, assinados neste ano.

Regulamentação

A permissão para os sites de apostas atuarem no Brasil foi obtida com aprovação da lei 13.756, no ano passado, ainda no governo Temer.

Agora, o governo federal tem prazo de dois anos (prorrogáveis por mais dois) para regulamentar o setor. Ou seja, definir as regras a serem seguidas para a atuação dos sites de apostas.

“Na verdade, as pessoas já utilizam há muito tempo (os sites de aposta), mas o dinheiro ia para fora do país. Melhor que agora ele fique aqui e gere receitas para o governo e a iniciativa privada”, analisa Marcelo Paz, presidente do Fortaleza.

Segundo O GLOBO apurou, a regulamentação pode ser anunciada em setembro.

“Hoje, as estimativas são de que o movimento no país nos sites que oferecem apostas no esporte brasileiro passa de R$ 4 bilhões por ano. Apenas uma parte desse dinheiro fica no Brasil como pagamento de premiação”, explica Pedro Trengrouse, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e especialista no assunto.

 

Reprodução do artigo publicado hoje na versão impressa do jornal O Globo

 

É um valor considerável a ser movimentado internamente na economia. Com isso, cresce a esperança das equipes de que o novo setor passe a investir ainda mais em patrocínio ao futebol.

A chegada vem em boa hora, diante da saída da Caixa Federal como principal investidora nas camisas das Séries A e B do Brasileirão.

“Se essa regulamentação vier logo, a expectativa é de que os sites de apostas se tornem um importante patrocinador para a camisa dos clubes brasileiros, como já acontece em torneios europeus, como a Premier League “, afirma Bruno Maia, vice-presidente de marketing do Vasco, que já conta com contrato com a NetBet assinado no início do ano.

A próxima temporada do Campeonato Inglês terá sites de apostas como patrocinador máster na camisa de dez dos 20 clubes da elite.

Na Espanha, o site Bet365 patrocina dez dos 20 times da elite. Também é dona dos naming rights do estádio do Stoke City, da Inglaterra.

O interesse no tema levou a Federação Paulista de Futebol (FPF) a programar um seminário no final do mês.

Um dos palestrantes será Alexandre Manoel da Silva, secretário nacional de Avaliação de Políticas Públicas, Planejamento, Energia e Loteria do Ministério da Economia, que irá definir a regulamentação das apostas esportivas no Brasil.

Manipulação de resultados

A regulamentação dos sites de apostas no país terá que responder a uma questão crucial no setor: como serão fiscalizadas as apostas para evitar casos de manipulação de resultados.

O histórico do Brasil não é bom. Em 2005, 11 jogos do Brasileirão foram anulados, influindo diretamente na classificação final da competição.

Tudo por conta de denúncia de resultados armados para favorecer apostadores de sites na época ilegais no Brasil.

Em conjunto com as empresas, será possível monitorar os padrões de apostas, inibindo casos semelhantes.

“Mais importante do que gerar dinheiro ao futebol é combater a manipulação de resultados. O fundamental é manter a integridade do esporte”, diz Pedro Trengrouse, professor especialista no assunto e único brasileiro membro da International Association of Gaming Advisors (Aiga).
 

Fonte: GMB / Adalberto Leister Filho - O Globo