SÁB 18 DE MAYO DE 2024 - 17:04hs.
Ewa Bakun, diretora de insight e engajamento de indústria da Clarion

"Há um apoio político crescente à legalização do jogo no Brasil e um enorme interesse internacional"

Ewa Bakun, diretora de insight e engajamento de indústria da Clarion, visitou o Brasil recentemente e o GMB a encontrou nos escritórios da empresa em São Paulo para uma conversa profunda sobre vários tópicos: regulamentação das apostas esportivas, legalização do setor de jogos, organização do próximo Online Gaming Summit (OGS) e os planos futuros da empresa no Brasil como líder mundial na organização de eventos. “Com a recente expansão da marca ICE para a África, América do Norte e Ásia, a América Latina também está no nosso horizonte.”

"Há um apoio político crescente à legalização do jogo no Brasil e um enorme interesse internacional"

Ewa Bakum com Sergio Jardim (diretor geral da Clarion Events Brazil) nos escritórios da empresa em São Paulo

Ewa Bakum com Sergio Jardim (diretor geral da Clarion Events Brazil) nos escritórios da empresa em São Paulo

Games Magazine Brasil - O que você pode nos contar sobre sua agenda de trabalho durante a sua estadia no Brasil como diretor de idéias e engajamento da Clarion?
Ewa Bakun – A Clarion está comprometida com o mercado brasileiro desde 2013, quando lançamos o Brazilian Gaming Congress, que vem servindo a comunidade de jogos local e internacional para fomentar o trabalho em conjunto e efetuar mudanças nos regulamentos locais. Estou envolvido nesse processo desde o início e estou aqui para me reunir com algumas das principais partes interessadas para entender como podemos continuar servindo o mercado e ajudá-lo com o desenvolvimento de estruturas regulatórias sólidas, oferecendo oportunidades de educação e networking. 

As equipes de Londres e São Paulo estão cooperando há vários anos para realizar os dois eventos de sucesso: o Brazilian Gaming Congress e o Online Gaming Summit. Eu estou aqui também para desenvolver ainda mais o relacionamento entre as equipes e aprender melhor como os times locais trabalham, compartilhar as melhores práticas e fornecer atualizações globais sobre os desenvolvimentos no setor. Também aproveito a oportunidade para conversar com nossos parceiros e apoiadores de longa data, como o Games Magazine Brasil, para expressar nossa gratidão e planejar futuras iniciativas de cooperação.

Como você percebeu, em sua visita ao Brasil, o ambiente relacionado à legalização do setor de jogos no País?
Enquanto algumas das divisões dentro da indústria permanecem, o meu entendimento é que há um apoio político crescente para a legalização do jogo e uma perspectiva mais positiva, apoiada pelo progresso em torno da legalização das apostas esportivas como o primeiro passo para o País abraçar o jogo. Tendo falado com várias partes interessadas, tanto localmente no Brasil quanto internacionalmente, parece que o desenvolvimento de marcos regulatórios para apostas esportivas está em andamento e há um compromisso do lado do governo em finalizá-lo dentro do prazo estabelecido por dois anos ou, talvez, até antes.
 
Qual a sua opinião sobre o processo que está ocorrendo nas Câmaras dos Deputados e Senadores com as leis de legalização do jogo? Você acredita que haverá notícias positivas este ano?
Acho que qualquer tipo de progresso, e parece que há um todo ano, é uma notícia positiva. À medida que as apostas esportivas se tornam regulamentadas no país, acho que haverá cada vez mais apoio para uma maior legalização. Não tenho bola de cristal para dizer quando isso pode acontecer definitivamente; o que aprendemos sobre o Brasil, após observar a evolução das discussões regulatórias no país desde 2013, é que é preciso ter paciência e confiar no processo político.
 
Depois de ter participado de diferentes eventos internacionais organizados pela Clarion, como você percebeu que o assunto da legalização de jogos no Brasil é discutido? Que expectativas você vê que o Brasil gera no mercado internacional?
Nos meus 10 anos na Clarion, vi uma evolução incrível em muitos países que adotaram a regulamentação do jogo: várias nações europeus, EUA, Japão e agora o Brasil. Embora esse processo seja geralmente lento, devido às suas complexidades políticas, foi fantástico testemunhar o ocorrido. Também há um enorme interesse internacional em relação a desenvolvimentos aqui, considerando o tamanho do País e, portanto, o potencial que ele oferece às partes internacionais interessadas. Já estamos vendo algumas empresas estrangeiras fazendo movimentos para aproveitar as oportunidades oferecidas pelas apostas esportivas com o patrocínio de várias equipes. Não há dúvida de que quanto mais verticalmente regularizados se tornarem, maior será o interesse por investimentos no mercado local.
 
Mantendo contato permanente com operadoras e fornecedores em todo o mundo, dado o alcance global da Clarion, você costuma receber perguntas sobre o mercado brasileiro? Você recebeu comentários de empresas aguardando a legalização da atividade para investir ou participar do mercado local?
Considerando o potencial do mercado brasileiro de jogos, não é de se surpreender que tenha havido um grande interesse por parte de muitos de nossos parceiros internacionais que se envolvem com nossos eventos globalmente. Certamente temos visto ainda mais interesse agora, pois as apostas esportivas estão se tornando regulamentadas. De fato, o BgC, que ocorreu em junho, teve um aumento nas inscrições logo antes da conferência devido a esse desenvolvimento. Também realizamos recentemente um webinar sobre o mercado de afiliados no Brasil, que foi um dos nossos seminários online com melhor desempenho em termos de registros. Esses são apenas alguns exemplos do crescente interesse em informações sobre o mercado brasileiro.

Quais são suas expectativas para a próxima edição do OGS, considerando o crescimento do mercado de apostas esportivas no Brasil?
O OGS está perfeitamente programado para o início de dezembro, quando saberemos muito mais sobre o formato do regulamento de apostas esportivas. O processo de consulta, que deve ser encerrado no final de agosto, vai nos informar quais devem ser as decisões do Ministério da Fazenda até então, para que fique claro se haverá alguma chance no modelo de tributação, se haverá restrições sobre o número de operadores e como pode ser o processo de licenciamento. Espero um enorme interesse no OGS e um aumento significativo no atendimento, para o qual o evento está totalmente preparado, tendo mudado a localização para um local muito maior e mais moderno.
 
Que notícias você poderia antecipar sobre o evento? O que pode esperar aqueles que irão ao estádio Allianz Parque SP nos próximos 9 e 10 de dezembro?
Como disse na resposta anterior, espero que conheçamos muito mais sobre como será a estrutura de licenciamento e regulamentação e quais serão os prazos para o licenciamento.
 
Uma vez que o setor de jogos é legalizado no Brasil, você imagina o País como um bom destino para trazer a marca ICE para a América Latina com uma feira?
Com a recente expansão da marca ICE na África, na América do Norte e na Ásia, não acho uma grande surpresa que a América Latina também esteja no nosso horizonte. Com a BgC, a OGS e a Juegos Miami, já estamos presentes e nos envolvemos com todas as principais partes interessadas, incluindo reguladores, operadores, fornecedores e associações, e continuamos nosso diálogo com eles para entender quando e onde uma exposição maior pode ocorrer. O Brasil, sendo o maior mercado da região, é certamente um dos principais concorrentes como um local possível. Porém, depende muito do ambiente regulatório, pois precisamos garantir uma experiência relevante e suave para fabricantes e fornecedores de uma variedade de produtos de jogos.

Fonte: exclusivo Games Magazine Brasil