VIE 19 DE ABRIL DE 2024 - 02:33hs.
Danilo Pereira, apostador profissional e idealizador do Bet Masters

"Se permitir que o público possa apostar de forma justa, teremos um mercado aquecido”

Há 13 anos, Danilo Pereira é apostador esportivo profissional. Durante esse percurso, ele atuou em diversos segmentos e acumulou algumas conquistas, como o “Melhor Serviço de Picks do Mundo” em 2016, segundo a Smart Betting Club. Este ano, Danilo traz à tona a 2º edição do Bet Masters. Ele conversou com o GMB sobre o seu evento, a ABAESP (Associação Brasileira de Apostas Esportivas) e a lei de apostas esportivas prevista para o Brasil.

GMB - Essa já é a segunda edição do Bet Masters. Como avalia a primeira edição? Quais são as novidades para este ano?
Danilo Pereira -
A primeira edição superou expectativas no sentido de ter o público engajado com os temas e principalmente pela emoção deles ao estar tão próximo dos palestrantes, sabíamos que isso seria algo extraordinário, mas foi ainda melhor, um sucesso.

A segunda edição vai trazer tudo isso e muito mais, pois agora temos muito mais nomes importantes e um formato de painéis, nos quais o público vai participar ativamente e o dinamismo em si será ainda maior.

Você faz parte da ABAESP e a associação será tema de um dos painéis. Qual a importância desse tipo de instituição no atual cenário das apostas no Brasil?
O papel da ABAESP é de fazer a interface do apostador com os órgãos responsáveis por qualquer ato que impacte nas apostas esportivas. Ela ocupa uma posição de simplesmente representar a categoria de forma profissional, tomando partido de temas discutidos no governo ou qualquer outro lugar com o intuito de colocar a nossa voz em campo.

Ela é formada por quem entende do assunto, apostadores, influenciadores e pessoas que estão nesse cenário há muitos anos. Entendemos que nossos pontos são relevantes e podem/devem fazer parte das discussões em qualquer ponta, queremos que os apostadores sejam ouvidos com seriedade.

Outro painel do evento é “O que Portugal pode nos ensinar sobre apostas esportivas? Tecnicamente e estrategicamente”. Acredita que seja essencial o Brasil ter uma regulamentação semelhante à de Portugal? Na sua opinião, o que podemos aprender em questões de legislação e baseado na regulamentação de quais países?
Penso que de maneira alguma o Brasil deva se assemelhar com a regulamentação de Portugal que espantou big players, assim como a indústria em todo contexto, tendo hoje um mercado completamente fechado.

Portugal por ser um país culturalmente mais preparado para as apostas tem muito a ensinar ao Brasil e isso não está relacionado à regulamentação ocorrida por lá, mas sim às estratégias de marketing e temas técnicos. Eu mesmo aprendi muito com os portugueses em relação a ser apostador esportivo.

A lei das apostas esportivas que está por anunciar a SECAP tem recebido criticas dos operadores de médio e pequeno porte que acham o negócio muito difícil. Que opinião você tem sobre isso? Acha que será aprovado assim ou será alterado?
O que a SECAP está por anunciar não é uma lei, é uma tragédia anunciada.

O Brasil é o último grande país (massivamente falando) a regulamentar as apostas esportivas e ao invés de seguir ótimos exemplos me parece que vai optar pelo pior, uma regulamentação que se colocada realmente, como apontado nas minutas, vai afastar big players, apostadores, empresas de publicidade e toda a indústria em geral. Não é atrativo para ninguém e o pior de tudo é que até o próprio governo vai sentir o golpe, pois se a intenção é colocar uma lei para incentivar o negócio em si e com isso arrecadar mais, através de impostos, me parece que o que pode acontecer é justamente o contrário, travar o mercado e não arrecadar metade do que poderia.

Eu não acho que isso será aprovado, pois beira o bizarro, taxas de imposto absurdas e sem o mínimo de entendimento do business core da área. Penso que em algum momento vão rever essa loucura antes que seja tarde demais.

Qual seu posicionamento em relação à publicidade de casa de apostas? Será um grande investimento no esporte brasileiro?
Sim, um enorme avanço (se não travado com um péssimo regulation), teremos uma liga ainda mais profissional devido ao incentivo financeiro aos clubes em forma de patrocínio. Temos diversos exemplos, como a própria Premier League que mostra o tamanho do poder disso.

Diante do seu conhecimento sobre essa segmentação, como acredita que as apostas esportivas podem beneficiar o Brasil?
O brasileiro é apaixonado por futebol e quem não gosta de ganhar dinheiro fazendo o que ama? Aqui está a receita. Se permitir que o público possa apostar de forma justa, sem taxas abusivas, sem travar operadores com uma regulation absurda, teremos um mercado aquecido em todos os lados.

Novos empregos, novas empresas de fora fazendo base em nosso país e o governo ganhando a sua fatia de forma limpa e transparente (justa). O Brasil tende a abrir um laço de ganha-ganha, onde ganham todos, público, operador e regulador (governo brasileiro).

Por fim, você tem quase 20 anos de experiência na área. Como poderia resumir o percurso feito pelas apostas até agora no Brasil e como vê essa situação futuramente?
Não só eu como a indústria mundial sabe que o Brasil é um potencial a ser um dos melhores mercados do mundo nesse ramo, temos quase tudo em mãos para atrair todo tipo de operadores, público e empresa em si, além de contar com a paixão do nosso povo pelo esporte e principalmente pelo futebol.

Como será isso? Para mim existe somente um selecionador nesse percurso que é a regulamentação. Se for colocada de forma justa, em modelos de sucesso como é por exemplo o modelo da Inglaterra, vejo um futuro brilhante em todos os lados (inclusive para o governo brasileiro arrecadar).

Se colocado de forma errada, como por exemplo aconteceu com Portugal ou outros, deveremos ter um mercado pouco atrativo e problemático para toda indústria.

Em resumo, a regulamentação vai decidir o futuro de tudo.

Fonte: Exclusivo GMB