O debate foi organizado pelo GEDDE-MACK, grupo que tem como proposta estudar o fenômeno do esporte como uma atividade econômica. A proposta da sexta reunião foi discutir o atual panorama da regulamentação das apostas esportivas no Brasil e suas consequências econômicas para os clubes e os desafios de marketing e jurídicos que envolvem o setor.
Udo Seckelmann abriu o debate falando sobre a compreensão jurídica do mercado de apostas brasileiro, com considerações que foram desde o que é uma aposta até os detalhes sobre o progresso do processo regulatório, traçando um histórico legal sobre o tema e afirmou que “o Brasil está se rendendo ao mulmilionário mercado de igaming”. Ele destacou que ainda existem muitas críticas quanto à forma de licenciamento, que fala em 30 licenças por meio de licitação, o que tornaria o processo mais burocrático, e sobre a tributação elevada e incidência sobre o turnover, em vez de sobre o GGR. O advogado comentou também a importância da proteção à integridade do esporte, exemplificando como “a FA, na Inglaterra, faz para proteger o mercado, inclusive proibindo atletas individuais do futebol em participar de apostas”.
Angelo Alberoni, Country Manager da Betmotion Brasil, uma das mais conceituadas empresas de apostas esportivas no país, deu um panorama interessantíssimo sobre como um operador enxerga o mercado atualmente, passando por questões como patrocínio de clubes de futebol ao comportamento de compras online no Brasil. Ao falar sobre “Desafios econômicos e jurídicos das empresas das apostas no Brasil”, Alberoni comentou que existe uma possibilidade de crescimento de até 700% até 2024 para a atividade no país, que poderá estar no Top 3 do mundo.
“O Brasil, de acordo com a H2 Gambling Capital, uma das principais empresas de consultoria em gambling do mundo, tem a possibilidade de ver um crescimento de até 700% até 2024 e se tornar um dos Top 3 países em termos de receita bruta com o jogo online. Esse crescimento somente será bem aproveitado se todos os stakeholders entenderem como funciona o setor do igaming, principalmente o Estado que não pode, de forma unilateral, decidir sobre o melhor modelo regulatório. É preciso que todos envolvidos no mercado participem e contribuam para que o país tenha a mais moderna legislação sobre o tema nos próximos anos.”
Segundo ele, “especificamente para as empresas, é preciso entender sobre o ambiente Brasil, principalmente no que diz respeito às apostas esportivas ou de quota fixa como foram chamadas pela Lei 13.756/18. Um exemplo é o forte envolvimento dos clubes de futebol, uma vez que na Série A, 80% dos times já possuem patrocínio das empresas do setor, mais poucos, de fato, aproveitam integralmente deste investimento, com poucas ativações e apenas exibição de marcas. Isso é um processo gradual e que, tanto os clubes, quanto as marcas, vão ter uma curva de aprendizado nos próximos anos”, afirmou.
Já Marco Pequeno, Diretor da iGaming360, importante companhia de consultoria empresarial para a área de jogos e apostas esportivas do Brasil, falou sobre os desafios que o setor atravessa, para que não apenas se consiga atrair mais usuários para os sites, mas também sobre o papel social na luta contra o tabu a que o mercado de apostas está sujeito há tantos anos. Com pequenos detalhes sobre o processo de construção de marca e aquisição, Marco Pequeno mostrou em sua apresentação que o trabalho de um operador de sucesso não é simples.
“Há uma série de desafios que fazem com que o sucesso no Brasil seja uma questão de longo prazo. Com tantas limitações, marcas estabelecidas e operadores competentes como a própria Betmotion do Angelo, fica claro que o caminho do sucesso no Brasil não é um sprint, mas sim uma maratona das mais longas”, atestou o diretor da iGaming360.
Sobre a regulamentação em si, Pequeno comentou que ainda tem muitas dúvidas sobre como será. “Acredito que a maior parte do mercado compartilha dessas dúvidas. O desafio, hoje, é encontrar um lugar comum entre o governo e a iniciativa privada, com algo que seja bom para todos, inclusive para o apostador, que só tem a ganhar com um mercado regulado. Nós, como operadores, queremos um mercado regulado, mas não de qualquer forma. Esperamos uma regulamentação que permita que a atividade cresça no país, gerando mais arrecadação, empregos e riqueza, e isso leva tempo para ser encontrado."
Os organizadores da GEDD-MACK estão plenamente satisfeitos com a sexta reunião e na avaliação de Gabriel Duarte, líder e fundador do Grupo de Estudos, "os encontros estão sendo cada vez mais produtivos. Este último - sobre apostas esportivas - destacou a importância deste mercado, as tendências de crescimento e oportunidades no país. Para nós, estudantes, foi uma honra ter a chance de aprender um pouco mais sobre o tema com pessoas experientes e tão gabaritadas no assunto. Foi um prazer receber o Udo, o Marco e o Angelo no 6º encontro do GEDDE-MACK no último sábado, dia 07.11. Foi a primeira vez que reunimos esses três profissionais para compartilhar suas experiências e conhecimento junto com o pessoal do Mackenzie. A primeira de muitas!"
Fonte: GMB
