GMB - O Fortaleza foi um dos primeiros clubes a ter uma casa de apostas como patrocinadora e, hoje, apesar de ser outra marca, mantém uma parceria com uma empresa do setor. Como avaliam essas parcerias? O que elas agregaram de novo ao clube? Tiveram algum problema com relação a esse patrocínio em virtude do COVID-19?
Victor Simpsom - Nós avaliamos da melhor forma possível. Não a toa fomos o primeiro clube do Brasil a ter um patrocínio com uma empresa desse seguimento no ano passado e nesse ano, temporada 2020, nós temos o patrocinador máster, que é a Esportenet, com um contrato excelente para o Fortaleza.
O que podemos pontuar como algo novo é que são empresas que estão habituadas a ativar muito a sua marca. Então, temos conseguido fazer muitas movimentações com a nossa torcida envolvendo o patrocinador. Costumamos fazer coisas presenciais ou na internet ativando muito a parceria e isso é muito bom e interessante para nós.
Com relação a pandemia não tivemos problemas com o patrocínio. Estamos conversando com todos os parceiros. É normal sentar para conversar, adequar algumas situações, mas, não podemos pontuar nenhum tipo de problema.
Com base nessa experiência de vocês, acredita que a regulamentação das apostas esportivas em curso pode ser um bom reforço para os clubes ao ser aprovada logo após a crise atual em razão do coronavírus?
Eu acredito que a regulamentação vai acelerar o processo de entrada dessas empresas, que hoje já é muito alto, já que mais de 50% dos clubes da Serie A do Campeonato Brasileiro são patrocinados por empresas do setor; e acredito que isso tende a aumentar. Temos o exemplo da Premier League, na Inglaterra, que talvez seja a liga de maior sucesso no mundo, onde praticamente todas as equipes tem algum patrocínio do setor. Então, acho que essa regulamentação ela vai acelerar um processo que hoje já esta caminhando muito bem. Não vai alterar tanto o fluxo, algumas empresas já estão entrando forte porque querem estar a frente para que quando vier a regulamentação eles já estarem na cabeça dos brasileiros apaixonados por futebol.
O presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, disse em entrevista ao canal Desimpedidos, que a paralisação dos campeonatos possibilitou aos clubes conversarem mais entre eles, com o governo e a CBF, em reuniões online. Em alguma dessas reuniões o assunto das apostas esportivas entrou na pauta? Existe algum tipo de expectativa dos clubes para que regulamentação saia o quanto antes?
Eu acho que não. A regulamentação sendo aprovada, como disse na resposta anterior, ela vai acelerar um processo que hoje já existe e já é bastante rápido. Não acredito que haja uma influência dos clubes para que isso saia o quanto antes. Acho que é natural, os clubes obviamente acompanham o processo, mas, não há envolvimento político para que isso ocorra de maneira mais rápida ou mais lenta, mas, sem dúvida é algo interessante.
Com relação as reuniões que tem ocorrido entre clubes, governo e a CBF, nós do setor comercial do Fortaleza participamos muito pouco desse tipo de comunicação que é feita na maior parte por presidentes e outros representantes, setores jurídicos e confesso que não posso dizer se existe um debate mais forte com relação as apostas esportivas. Acho que não é o momento pra isso. O momento é realmente para discutir sobre calendário, retorno dos jogos, formato das competições em andamento e acredito que não seja algo que esteja sendo discutido atualmente.
Como o Fortaleza tem acompanhado o processo de regulamentação das apostas esportivas? Acredita que as recentes mudanças para o modelo de concessão e a saída do secretário Alexandre podem atrasar mais o desenvolvimento da minuta final?
O Fortaleza tem acompanhado de maneira totalmente isenta esse avanço da regulamentação. Como é do interesse não só do Fortaleza, como de todo o futebol brasileiro, e não só o futebol pois acho que esse mercado tem potencial para estar em outros esportes também; então, nós acompanhamos, mas, não participamos efetivamente de nada e de nenhum movimento que venha a pressionar por ela. Temos acompanhado, mas, de uma maneira mais externa.
Entre os assuntos polêmicos da regulamentação das apostas esportivas estão os royalties de uso de imagem dos clubes, que não consta na lei base para a regulamentação? Como os clubes têm visto essa questão? Há alguma movimentação prevista para que isso seja alterado?
Eu não tenho acompanhado discussões nesse sentido e acho que os clubes também não. Acho que é o momento de aguardar para que na determinada hora que isso seja aprovado e regulamentado, os clubes sentem e conversem com as empresas do setor sobre o melhor modelo. Acho que isso vai ser discutido no momento oportuno e com certeza vai ser algo bom para todos os lados, tanto para os clubes quanto para as empresas.
Com a pandemia do COVID-19, os eSports cresceram nas casas de apostas e muitos acreditam que isso irá consolidar a atividade como opção para o setor. O Fortaleza tem algum projeto com eSports? Pretende integrar sua marca com a modalidade também tendo em vista a exposição nos sites de apostas?
É verdade. Eu mesmo tenho acompanhado no site da EsporteNet, nosso patrocinador, as vezes brinco lá e tenho feito umas apostas em eSports. Mas, é como eu disse: são oportunidades. Nesse momento de pandemia enxergamos muitas coisas nebulosas, sem muita clareza, mas, também vemos muitas chances. E não estamos parados. O Fortaleza está sempre buscando melhores oportunidades e o eSports tem mostrado ser uma das boas. Nós teremos algumas competições locais em que o clube vai participar, até com seus atletas, promovendo interação dos jogadores, torcedores e isso é muito interessante. Pretendemos entender melhor esse mercado e quem sabe pode ser algo bacana para o clube futuramente. Não é exatamente a minha área, mas, são oportunidades que podem vir a surgir.
Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil
