SÁB 18 DE MAYO DE 2024 - 10:52hs.
Tudo será discutido nesta sexta-feira (17)

Clubes obterão US$ 40 milhões por direitos de TV e as apostas serão negociadas à parte

Um consórcio encabeçado por um ex-executivo da Fox Sports na Argentina, por donos de uma plataforma chilena de streaming esportivo, pela agência que comercializa os jogos da seleção do Chile no mundo e por investidores de Miami está próximo de levar a concorrência pelos direitos de transmissão do Brasileiro para o exterior. A proposta é de US$ 40 milhões fixos pelo tempo total de acordo (até 2023). Os direitos para casas de apostas serão negociados à parte. A agência IMG, Betsul, TVN Sports e Stats Perform estariam interessados.

Os direitos de apostas e dados agora estão sendo vendidos separadamente aos direitos de transmissão internacional e atraíram o interesse de alguns dos principais players da indústria. Antes da emissão do inventário de direitos revisado há um mês, os clubes e a CBF haviam atraído quatro propostas diferentes para os direitos.

Isso incluiu ofertas da agência IMG, que foi uma proposta conjunta da plataforma brasileira de streaming TVN Sports e Stats Perform, e uma oferta da operadora de apostas brasileira Betsul. Pelo menos três das ofertas eram para cobrir cinco temporadas (2020 a 2024). Desde então, a agência Lagardère Sports entrou na disputa pelos direitos. Pitch International, a agência que trabalha com a CBF sobre os direitos das equipes nacionais, também tinha pensado dar uma olhada nos direitos.

Em meados de março, os licitantes foram informados do inventário de direitos revisado em oferta. O SportBusiness entende que os direitos foram divididos em: direitos internacionais de televisão (televisão aberta, TV a cabo e pay-per-view); direitos internacionais de streaming; direitos de transmissão de apostas internacionais; e direitos de dados.

A oferta feita pela Global Sports Rights Management (GSRM) é a proposta mais atrativa para os clubes, entre as três que serão discutidas nesta sexta-feira (17), em videoconferência a partir das 15h. O valor a ser pago deve ser de US$ 10 milhões por ano, que seriam repartidos dessa forma: 75% entre os clubes da Série A, 20% para os times da Série B e outros 5% para as equipes da Série C do Nacional. A reunião de definição da vencedora é na sexta-feira, às 15h, novamente por videoconferência.

A GSRM foi criada por Hernán Donnari, anteriormente uma figura importante na Fox Sports da América Latina, Matias e Raul Rivera, co-fundadores da plataforma de streaming Fanatiz, David Belmar, presidente da 1190 Sport, uma empresa latino-americana de gerenciamento de direitos esportivos e Juan Arciniegas, da firma de investimentos privados 777 Sports, sediada em Miami. Os executivos por trás do GSRM também visaram recentemente os direitos internacionais da Superliga Argentina durante um controverso processo de licitação.

Os clubes ainda tentam melhorar os valores em contraproposta. Dentro do valor total há variáveis de acordo com o que a empresa vencedora da concorrência interna conseguir vender mundo afora. Há previsão de percentual para clubes da Série B e também Série C. Estes moldes ainda estão sendo discutidos com as duas empresas favoritas.

A possibilidade de receber esse dinheiro à vista é o principal motivo que faz os clubes acelerarem o processo de escolha do vencedor da concorrência. As três propostas que estão na mês dos clubes para avaliação compreendem o mesmo prazo de duração: quatro anos de contrato, até o final do Brasileirão de 2023. A reunião de definição da vencedora é na sexta-feira, às 15h, novamente por videoconferência. Além da venda dos direitos de transmissão, as apostas de jogo também serão outro produto negociado pelos clubes.

A necessidade de receber à vista o pagamento fez com que os clubes deixassem de lado projetos que tinham empresas mais conhecidas do mercado internacional de direitos, mas que não ofereciam um valor mínimo garantido aos clubes, como era o projeto da IMG, segundo o SportBusiness. O valor a ser dado para cada clube na assinatura do contrato também foi o que fez o projeto da TV NSports ter sido descartado, o único que contava com investimento de empresa brasileira.

O Athletico-PR não quer participar da venda de direitos internacionais. Sequer participou da reunião sobre o tema - apesar de ter prolongado as férias também por mais 10 dias. O presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, discorda dos valores apresentados.

Com a paralisação do futebol e a indefinição quanto ao início do Brasileirão de 2020, os pagamentos dos direitos de transmissão local, principal fonte de receita da maioria dos clubes, estão suspensos. Por isso, mais importante do que o projeto de expansão da marca do Brasileirão para o exterior, é o quanto cada time deverá receber como garantia mínima do contrato nesse momento. Essa decisão foi tomada pelos clubes no meio do mês de março, quando o futebol foi paralisado.

A oferta, por sinal, ainda é considerada baixa (em cada ano de contrato, um clube da Série A receberia menos de R$ 3 milhões pela fatia que tem direito, de um total de cerca de R$ 8 milhões). Mas há entendimento de que é o passo inicial - "degustação" para os potenciais clientes. Depois de quatro anos, renegociam por outros valores. Alguns clubes, como o Flamengo, pontuaram que num primeiro momento mesmo o valor não sendo o ideal pode ser importante para a visibilidade dos clubes fora do país.

Publicamente, os clubes têm exaltado a escolha técnica a ser feita. Como o projeto de venda é para um intervalo de apenas quatro anos, a expectativa é de que, com o Campeonato Brasileiro mais valorizado, seja possível conseguir mais dinheiro em uma renegociação do contrato, daqui a quatro anos. Isso se a necessidade de caixa permitir que os clubes pensem, finalmente, em um projeto de médio prazo, algo que foi descartado nessa que é a terceira licitação de venda internacional.

Fonte: GMB / Globoesporte / Máquina do Esporte