MIÉ 1 DE MAYO DE 2024 - 18:30hs.
Andrew Phillips / Carlos A. Patiño, Market Technology

"Nasdaq pode fornecer ferramentas para supervisão de apostas esportivas no novo mercado brasileiro"

Além de ser o famoso mercado dos EUA com mais de 2800 ações de diferentes empresas, a Nasdaq também fornece tecnologia para bolsas em todo o mundo e novos setores, como serviços de supervisão para apostas esportivas. Antes da pandemia do COVID-19, a firma teve uma reunião com o Ministério da Economia do Brasil. Nesta entrevista exclusiva com o GMB, Andrew Phillips (Chefe de Desenvolvimento de Negócios, Esportes e Jogos, Market Technology) e Carlos A. Patiño (VP associado, Market Technology) falam sobre o interesse da Nasdaq em entrar no mercado local.

GMB - Para todos, a Nasdaq é a bolsa de valores mais famosa do mundo. Como atualmente fornece vigilância e monitoramento nas apostas esportivas?
Carlos A. Patiño - Além de ser a maior bolsa de valores do mundo em volume negociado, a Nasdaq possui e opera mais de 20 outras bolsas de valores líderes em todo o mundo. Também fornecemos tecnologia básica para mais de 100 trocas em todo o mundo e, cada vez mais, clientes em novos setores. Temos 4 clientes operadoras no espaço de apostas e uma forte base de conhecimento para crescer. Nossos produtos de vigilância têm um enorme domínio no mercado de capitais.

Temos 20 anos de experiência no uso do reconhecimento de padrões de dados no nível de transação para alertar sobre atividades indesejáveis ​​e ilegais em todos os tipos de ativos financeiros e setores mais esotéricos, como criptografia e comércio de energia. Existem algumas diferenças claras em relação à estrutura de um mercado de apostas esportivas, mas, em última análise, trata-se de seres humanos obedecendo ou desobedecendo a conjuntos de regras que os reguladores desejam aplicar.

GMB - Qual é o diferencial de seus sistemas em relação à concorrência que já existe no mercado? Você acha que possui a tecnologia mais avançada?
Andrew Phillips - Qualquer um que tente garantir o esporte contra a corrupção é um parceiro em potencial. Não consideramos os produtos de monitoramento de mercado existentes uma concorrência direta. Conhecemos todos eles e não faria sentido replicar o que já está no mercado. Os alertas existentes devido a movimentos suspeitos de preços podem ser uma contribuição adicional valiosa, para nós ou nossos clientes em comum. A tecnologia que usamos para monitorar títulos e novas classes de ativos é diferente porque temos dados diferentes disponíveis. Quando você possui dados no nível da transação, pode fazer perguntas mais sofisticadas, mas precisa de uma tecnologia mais avançada para facilitar isso.

GMB - Por que pediram uma reunião com o Ministério da Economia do Brasil e como foi essa reunião?
Carlos A. Patiño - Estávamos interessados ​​em compartilhar com o Ministro da Economia nossas experiências em projetos similares em todo o mundo. Achamos a reunião extremamente informativa e produtiva para ambas as partes. Acreditamos que podemos fornecer ferramentas para a supervisão de apostas esportivas.

GMB - O que a Nasdaq poderia contribuir para o futuro mercado brasileiro?
Andrew Phillips - Nosso objetivo é sempre melhorar a eficiência e a sustentabilidade de nossos mercados ou naqueles em que participamos. Isso significa eliminar comportamentos indesejáveis. Como muitas outras indústrias, as apostas esportivas e os jogos têm sua parcela de desafios. Acreditamos que com dados suficientemente granulares e aplicação das tecnologias certas, grandes melhorias podem ser feitas. Implementação responsável de jogos, prevenção de LBC / fraude, integridade esportiva são áreas em que gostaríamos de ajudar e as mesmas soluções podem ser usadas para garantir a eficiência do mercado, por exemplo, na otimização da receita tributária. Vemos nossa tecnologia desempenhando um papel no fornecimento de um mercado que funciona no interesse de todas as partes interessadas e contra aqueles que estão tentando manipular ou extrair valor por meios desonestos

GMB - As dimensões do Brasil e sua enorme quantidade de torneios estaduais são uma questão a considerar quando se luta contra a fraude e a corrupção no mercado de apostas esportivas? Existem outros fatores que você vê no país contra os quais precisa lutar para manter os negócios limpos?
Carlos A. Patiño - Quanto mais conteúdo monitorar, mais faz sentido automatizar o máximo de trabalho possível. Em nosso espaço principal - vigilância de câmbio financeiro - podemos analisar mais de 30 bilhões de eventos em um dia de negociação típico e usar todos esses eventos para reconstruir o comportamento a qualquer momento. Isso cria muita pressão para ser preciso. Se um produto concorrente criasse um pequeno aumento na taxa de alertas falsos positivos, tornaria a ferramenta praticamente inutilizável. Também começamos a usar o aprendizado de máquina para priorizar alertas e otimizar ainda mais as atividades de back office para nossos clientes reguladores. Ainda não analisamos os detalhes das idiossincrasias dos mercados brasileiros. A diversidade de mercados em que operamos, em termos de geografia, classes de ativos, ambiente regulatório e outros, nos coloca em ótima posição para absorver novos aprendizados e requisitos, se e quando formos solicitados a fazê-lo.

GMB - A Nasdaq já trabalha com este serviço em algumas jurisdições? Já está implementado e funcionando?
Andrew Phillips - Trabalhamos com operadores de apostas, mas atualmente não com reguladores de jogos. Trabalhamos com muitos reguladores financeiros e também atuamos como nosso próprio regulador em muitas de nossas bolsas. A Nasdaq Surveillance está bem estabelecida para monitorar todas as variedades de trocas de segurança e muitos outros setores comparativos, como energia, criptografia, etc. Em termos dessa região, trabalhamos no Chile, Argentina, Colômbia, Panamá.

GMB - Além do mercado brasileiro, a Nasdaq está interessada nos demais países da América Latina?
Carlos A. Patiño - Claro. Em qualquer lugar que exista um regulador de mercado, obviamente há atividade de mercado para regular. A maioria das questões que pretendemos abordar é universal e também melhor abordada no nível macro. Quanto mais próximos estivermos da massa crítica em escala global, mais eficientemente podemos lidar com muitos dos problemas que impedem a indústria de jogos.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil