SÁB 18 DE MAYO DE 2024 - 16:54hs.
Sergio Freitas, apostador profissional e influencer

“Temos de ser justos, criar uma regulamentação que faça o mercado crescer e não o limite”

Vindo das apostas recreativas, Sergio Freitas se tornou um dos apostadores profissionais de maior sucesso do país sendo o primeiro a ter 100 mil inscritos no YouTube e um dos fundadores da ABAESP (Associação Brasileira de Apostas Esportivas). Ele falou com o GMB sobre sua trajetória, as diferenças de perfil dos jogadores, a crise do coronavírus e a regulamentação em curso. “Queremos que ela seja feita, mas da forma correta, fazendo o mercado crescer, sem prejudicar o apostador ou as operadoras”, afirma Freitas.

GMB - Fale um pouco sobre o início da sua trajetória pessoal como apostador esportivo. Por que escolheu começar nessa atividade?
Sergio Freitas -
Eu fazia apostas de forma recreativa nas bancas físicas em 2015 e 2016, por incentivo dos amigos que também faziam, mas depois de pegar uma sequência de ganhos em apostas duplas eu resolvi compartilhar meus pensamentos e análises, o público foi bem receptivo ao conteúdo gerado em grupos de Whatsapp e Facebook que até fiz vídeos no YouTube em outubro de 2016. Dois vídeos que eu tinha postado falando de apostas sobre analisar jogos e a estratégia das apostas duplas e triplas deram mais de mil visualizações em menos de uma semana e aquilo me abriu os olhos para esse mercado, não só pelos ganhos que eu obtive com as apostas, mas também pela carência de conteúdos que eu senti nas pessoas que apostavam. Foi assim que comecei a apostar e produzir conteúdo sobre apostas e de lá pra cá não parei mais.

Como o primeiro apostador brasileiro a chegar a 100 mil inscritos no YouTube com um canal de dicas sobre apostas, como avalia o que é feito hoje pelos influencers que falam sobre apostas?
O que me levou a conquistar 100 mil inscritos no YouTube foi sem dúvidas a força de vontade que eu tinha de vencer na vida, de ser ouvido, de ser reconhecido, eu tive muito sangue nos olhos para isso, pois minha vida até então era de muitas dificuldades. Isso tudo me ajudou a sair de uma depressão ou até a conviver melhor com ela, pois nunca se sabe se ela pode voltar. Mas o que eu vejo nos influencers hoje é a falta desse sangue nos olhos que eu tinha um tempo atrás. Alguns querem somente pagar as contas no final do mês, a maioria faz o básico e acha que é suficiente. Criam uma comunidade pequena e já começam a vender coisas, nada contra, mas eu acho que muitos deveriam ter uma visão maior de longo prazo e pensar grande, pois o mercado é grandioso e com potencial gigantesco. A minha base de seguidores cresce à medida que eu produzo, quanto mais eu faço, as pessoas têm menos motivos para procurar informação com outros, já que ela tem tudo disponível ali.

Você tem acompanhado o processo de regulamentação das apostas esportivas no Brasil? Qual a sua opinião?
Tenho sim, inclusive fui um dos membros fundadores da ABAESP (Associação Brasileira de Apostas Esportivas), onde temos pessoas influentes e gabaritadas para defender uma regulamentação justa para o mercado das apostas no Brasil.
A minha opinião sobre a regulamentação acredito que seja a mesma das demais pessoas envolvidas com as apostas esportivas no Brasil, queremos que seja feita, mas também queremos que seja da forma correta, fazendo o mercado crescer, sem prejudicar muito o apostador ou as casas de apostas.

Você participou das consultas públicas que o Ministério da Fazenda realizou durante esse processo? Quais foram suas sugestões?
Participei de todas em conjunto com a ABAESP, nós formulamos um documento único e pedimos a nossa base de seguidores para também participar enviando o mesmo documento. Dessa forma mostramos a força da Associação que acabou surpreendendo com a quantidade de participações.
As principais sugestões que fizemos foi referente a tributação do apostador e do operador, que foi abordada primeiramente pelo Ministério da Fazenda comparando apostas esportivas com loteria convencional. Portanto, foi sugerida uma alíquota tributaria fixa sobre o GGR, definida entre 15% a 20% e a não tributação do apostador para que não aconteça a bitributação que já temos prevista no art.31 da Lei 13.756/2018.

Ainda sobre a regulamentação das apostas esportivas, qual a sua opinião sobre as recentes mudanças, como a escolha pelo modelo de concessão e a saída do ex-secretário Alexandre Manoel? Acredita que elas podem atrasar muito o início das operações no Brasil?
Sem dúvidas, porque era uma das pessoas que estava cuidando disso. Agora nós temos um interino no cargo e acredito que isso só terá continuidade quando for escolhida uma pessoa em definitivo. Sobre o modelo de concessão, nós, da ABAESP, também não concordamos, pois iria favorecer principalmente as maiores bookies do mundo enquanto que iria deixar de fora muitas que já atuam no mercado brasileiro.
Acredito que temos que ser justos com todos, criar uma regulamentação que faça o mercado crescer e não que fique limitado, para isso é preciso ajustar muita coisa ainda.

Você mora em Aracaju, no Sergipe, nordeste do país, existe alguma diferença no perfil do apostador nordestino para o jogador de outras regiões do país? O que as empresas que pretendem operar no Brasil após a regulamentação devem levar em conta para estar mais próximo e conquistar esse público?
Eu acredito que existe sim uma diferença. Aqui são muito fortes as bancas físicas, então para as casas trabalharem aqui, sem dúvidas, aplicar o modelo físico vai facilitar porque é uma coisa que já faz parte da cultura do apostador nordestino. Outra coisa é que existe um número alto de jogadores que apostam de forma recreativa, e apesar de fazer isso com valores menores que em outras regiões, com certeza ganham em volume e isso faz o mercado de apostas nordestino ser um grande potencial para os operadores.
Outra coisa é firmar parcerias com pessoas e instituições fortes na região como por exemplo, eventos, competições, artistas e times de massa que têm um apelo grande da população nordestina.

Qual a sua avaliação sobre as opções que surgiram para apostas com a crise do coronavírus e a paralisação das competições? Acredita que muitas das novas modalidades que surgiram irão se manter no pós-crise?
Eu vejo as outras opções que surgiram como oportunidade, mesmo que a situação seja crítica para sociedade de uma forma geral, tem gente que quer continuar apostando, que quer passar o tempo nas roletas de cassino online e eu não posso ser contra isso. Mas eu sou contra quem tenta se aproveitar da situação e fica empurrando coisa para cima do usuário nesse momento em alguns casos pode ser um tiro no pé. Eu acho que o momento é de criatividade para não termos prejuízos grandes e aplicar coisas novas. Sem dúvidas essa fase é de muito aprendizado e com certeza vamos ter um mercado um pouco diferente por conta disso.

Finalizando, qual a sua dica aos que estão procurando se profissionalizar como apostador esportivo? Acredita que é uma atividade que vai ganhar mais visibilidade após a regulamentação das apostas esportivas no Brasil?
A dica que eu deixo é que a pessoa que se interessar em se profissionalizar tem que saber estudar e continuar estudando ao longo do tempo para não ficar para trás. O mercado muda constantemente, as bookies vão corrigindo as falhas que as fazem perderem dinheiro e ajustando o preço cada vez mais. Se eu pegar meu método de apostas que tinha há dois anos vai ser um pouco diferente do que aplico hoje e o que eu farei daqui a dois anos provavelmente terá alguma diferença também. O tempo vai passando e nos tornando mais experientes, mas as tecnologias também mudam e precisamos acompanhar as mudanças.
Com certeza as apostas ganharão mais espaços em vários veículos de comunicação e isso trará novos apostadores, menos preconceito e suporte para todos.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil