SÁB 20 DE ABRIL DE 2024 - 10:54hs.
Eduardo Carlezzo, advogado especialista em esporte

“Muitas empresas vão fechar e a indústria das apostas esportivas não passará inerte a isto”

Na atual crise de pandemia vivida com o coronavírus, muitos eventos esportivos foram suspensos por prazo indeterminado e isso acaba afetando a receita das casas de apostas. Essas têm se reinventado para tentar continuar movimentando os jogos entre os seus usuários com a criação de apostas relacionadas aos eSports e ao BBB 20. Em uma entrevista exclusiva do GMB com o advogado especialista Eduardo Carlezzo, ele fala sobre a suspensão de patrocínios aos clubes e as consequências do COVID-19 para a indústria.

GMB - A Marjosports, por exemplo, já suspendeu o patrocínio no Goiás e no Corinthians. É uma maneira da indústria conseguir frear a crise financeira interna, mas essa decisão afeta diretamente o caixa dos clubes brasileiros. Como vê a situação desse efeito cascata?
Eduardo Carlezzo -
Temos um momento extremamente preocupante para esta aliança comercial entre a indústria do futebol e a indústria das apostas esportivas. Com a paralisação das competições, os clubes terão, além de um grave descompasso de fluxo de caixa, uma queda na receita total estimada para o ano de 2020, o que deixará uma lacuna relevante na contabilidade, especialmente dos clubes da série A do Brasileirão, que possuem uma diversificação das fontes de receita. Assim, não havendo competições e, por consequência, capacidade de exposição de marca, as empresas patrocinadoras tendem buscar uma renegociação dos contratos com os clubes. E não havendo jogos, não há apostas para serem feitas. Então, a cadeia toda é afetada, desde os clubes até as empresas de apostas esportivas, já que seus mercados de atuação estão simplesmente parados.

Acha que é possível haver uma leva de casas de apostas suspendendo os patrocínios aos times nacionais? Por quê?
Pelos motivos citados acima, é possível que haja sim uma bola de neve e que outros patrocínios sejam suspensos. Infelizmente o momento em que vivemos é grave, com sérias repercussões no esporte, de forma que podemos imaginar que outros contratos de patrocínio sejam renegociados.

Quando acredita que as casas de apostas conseguirão voltar a normalidade e reaver todo o dinheiro que deixaram de ganhar com a pausa nos eventos esportivos?
Não é uma previsão possível de se realizar neste momento, pois simplesmente não sabemos quando as competições esportivas, seja no Brasil ou fora, voltarão a ocorrer.

Os maiores sites de apostas do mundo apresentam grandes perdas nas Bolsas. No que isso pode derivar? Corte na equipe, por exemplo?
Todas as bolsas do mundo e os mais diversos setores empresariais estão vendo suas ações derreterem em vários países. A tragédia é global. No caso das empresas focadas em apostas esportivas, a queda também é alta já que, simplesmente pelo fato de não haver competição esportiva, não podem oferecer as apostas. Portanto, não estão movimentando dinheiro. Cabe ver como se dará sua recuperação a partir dos momento em que as competições voltarem, já que talvez nem todas possam terminar.

Acredita que as empresas médias ou pequenas podem quebrar se persistir esta pandemia?
É fato indiscutível que empresas dos mais diversos setores vão fechar e a indústria das apostas esportivas não passará inerte a isto, de forma que aquelas que não estiverem bem capitalizadas para enfrentar este momento turbulento podem fechar as portas.

Fonte: Exclusivo GMB