GMB - Durante essa época de pandemia, você tem participado de muitos eventos online. Nessas conferências via Internet, como os profissionais da área esportiva estão lidando com os impactos da crise?
Gustavo Delbin - Os impactos da crise fazem todos os profissionais, de todas as áreas, repensarem seus hábitos, seu modo de trabalhar e enxergar seu negócio, revêm estratégias e sua atuação. Evidentemente, na área esportiva, os impactos são enormes. O esporte está absolutamente parado, sem qualquer tipo de receita. Sem a bola rolar, estamos vivendo das reservas de outros tempos. Diante disso, estamos lidando com um cenário absolutamente novo e inusitado. Precisamos pensar em um novo cenário e em novas atitudes para o novo normal, para nosso novo futuro. Estamos todos ocupados e preocupados com o que está por vir, nos preparando, unidos, para encontrar novas formas de exploração de nossos produtos, imaginando novas estratégias para estarmos preparados para o cenário que - não sabemos quando - virá.
A pandemia já gerou uma crise que exigirá muita criatividade e velocidade para gerar novas fontes de recursos. Você sugere ao governo que acelere a aprovação do decreto que regula as apostas esportivas para que o país comece a cobrar impostos?
Sim, não há dúvida que o mercado esportivo, quando do nosso recomeço precisará de todas as possibilidades de novos mercados. As apostas esportivas poderão trazer um significativo acréscimo nas fontes de recurso. Será uma forma de incrementar os caixas da indústria esportiva que não dependerá da presença do público nos estádios e arenas e que portanto poderá ocorrer imediatamente, onde ocorrer um evento esportivo, transmitido por qualquer meio que chegue ao consumidor final, o torcedor/apostador.
Com essa regulação aprovada, imagina que crescem as chances de mais ações e patrocínios destes sites de apostas no futebol local? A sensação é que há muito mais caminho para percorrer onde todos ganhem (clubes, empresas e estado).
Não há dúvida. Será um mercado importante, em todos os aspectos, para os sites de apostas, para os clubes, para anunciantes, patrocinadores, torcedores e também ao estado, que ganhará valores dos tributos decorrentes da atividade. Mais que necessário, será obrigatório!
O Projeto de Lei 2125/20, apresentado recentemente na Câmara dos Deputados, estabelece que recursos oriundos da loteria Timemania, hoje direcionados para quitar débitos com a União, sejam destinados ao caixa dos clubes. Qual o seu posicionamento em relação ao PL e quais vantagens ele pode acarretar para os clubes brasileiros durante a crise por causa do coronavírus?
O PL 2125/20 visa suspender o pagamento do parcelamento de dívidas no âmbito do PROFUT, dispõe sobre a sistemática de repasse das receitas oriundas da Timemania e altera a Lei Pelé no que se refere ao prazo mínimo do contrato de trabalho entre atletas e clubes, apenas durante a vigência da calamidade do Coronavírus. Nesse sentido, o PL trará economia de um lado e acréscimo de valores aos caixas dos clubes durante um período de total falta de dinheiro. A importância da aprovação dessa e de outras medidas legislativas já em curso pelo esporte nacional, como um todo, especialmente ao futebol, para que ele possa se manter fortalecido, mesmo diante desta conjuntura de incertezas, é questão vital. Estou convicto que as situações pontuais e momentâneas tratadas no PL poderão garantir o futuro próximo e auxiliar na retomada breve das atividades dentro da maior normalidade possível. Vale salientar que não aprovar as mudanças sugeridas pode custar a existência dos clubes, e por consequência, ferir de morte o esporte, as federações, atletas e demais profissionais do futebol.
Um consórcio de duas empresas muito importantes, como Stats Perform e ZSM, manteve os direitos de transmissão do Brasileirão para os sites de apostas do exterior. Acha que isso ajudará a espalhar o futebol local e a imagem dos clubes para atrair possíveis firmas do exterior para times paulistas?
Entendo que todas as iniciativas, todo trabalho sério e profissional, todo investimento, é necessário e pode ajudar o futebol e a imagem dos clubes.
A Federação Paulista de Futebol está envolvida nesses direitos? Se sim, qual a participação e o papel da entidade nessa negociação?
A Federação Paulista está trabalhando incessantemente junto com clubes, atletas, patrocinadores e parceiros comerciais para possibilitar a volta das competições. Sem a bola rolar, nada acontecerá. Precisamos estar prontos para a retomada do futebol, segura e consciente, devidamente autorizada pelo poder público. A Federação lutará sempre pelo desenvolvimento da nossa razão de existir. O futebol é uma atividade relevante e o retorno das competições transmitidas para as casas dos brasileiros contribuirá para a redução de deslocamentos e para o isolamento social menos sofrido aos brasileiros. Lutamos, sempre, pelo “direito ao futebol”, com segurança, ressaltando a nossa enorme preocupação com todos os profissionais do Futebol Paulista, desde nossos funcionários, os nossos filiados e todas as entidades, direta ou indiretamente, ligadas à nossa razão de existir. Seguiremos atentos e voltaremos mais fortes.
Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil
