JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 09:36hs.
Reginaldo Diniz, CEO da empresa

"A End to End tem projetos pra ajudar a transformar a imagem do setor de apostas no Brasil"

A End to End trabalha com inteligência de negócios e arquitetura de soluções para programas de sócio-torcedor de tradicionais clubes de futebol. Acompanhando a regulamentação das apostas esportivas, Reginaldo Diniz, CEO da empresa, conversou com o GMB sobre a aceitação das casas de apostas pelo público do futebol, o auxilio que pode dar para que as operadoras se aproximem dos torcedores e os muitos benefícios que o setor de jogos pode trazer aos esportes.

GMB - Fale um pouco sobre a trajetória da End to End, o mercado que atua e os clientes que atendem?
Reginaldo Diniz -
Somos uma empresa de inteligência de negócios e arquitetura de soluções que trabalha com foco em estreitar e potencializar o relacionamento entre o torcedor e o clube de futebol, através da ativação e conversão para os programas de sócio-torcedor e consumidores de esporte em geral. Somos uma equipe multidisciplinar com expertise em marketing digital, gestão de clientes B2C e B2B, tecnologias de atendimento Omnichannel, integração de sistemas, consultoria e gestão de carteira de clientes. Hoje atendemos os clubes S.E Palmeiras, Ceará Sporting Club, Clube Atlético Mineiro e Clube de Regatas do Flamengo. Para cada clube temos serviços diferentes ou completos de full service para sócio-torcedor.

A empresa teve algum problema quanto à pandemia da COVID-19? Como a crise tem afetado o dia a dia da companhia?
A crise nos afetou como a maioria das empresas dentro e fora do segmento. Entretanto, tomamos algumas decisões que nos definem e estamos conseguindo aplicar. A mais importante é que não desligamos nenhum profissional da equipe, não aplicamos reduções de remuneração proporcional a que tivemos de nossos contratantes e ampliamos o quadro em funções de atendimento. A segunda questão foi manter, mesmo em Home office, todo o time atuando forte na gestão do que a gente chama de cadeia de valor em novas iniciativas de retenção e ampliação de bases de sócios dos clubes, mesmo sem jogos e venda de ingressos. Nossas iniciativas e cases como do Ceará, Palmeiras e Atlético, amplamente noticiadas serviram e ainda servem de inspiração para outros clubes do Brasil.

Falando diretamente das apostas esportivas, vocês tem acompanhado o processo de regulamentação da modalidade, como viram as primeiras minutas entregues pelo Ministério da Economia até o momento?
As minutas apontam para um caminho seguro para o mercado de apostas. As disposições sobre publicidade e prevenção à lavagem de dinheiro dão credibilidade ao setor perante o público. Há um ou outro ponto que precisa ser mais trabalhado, como o modelo de licitação. Mas acredito que isso seja algo o qual ministério e setor entrarão em rápido entendimento.

Como primeiro efeito da nova lei e do processo de regulamentação, tivemos a chegada de marcas de sites apostas como patrocinadores, principalmente no futebol. Qual a sua avaliação desse fenômeno e quais possibilidades ele abre para o setor?
Os patrocínios aos clubes são muito importantes para o setor e para os times. Primeiro para quebrar uma resistência que possa acontecer do público que não está acostumado com o mercado. E, num segundo momento, mostrar ao torcedor que as empresas são parceiras do grande amor dele, ainda mais em um momento difícil como a pandemia. É preciso ativar ainda mais o patrocínio, criar produtos customizados para cada tipo de torcedor. Mas isso certamente acontecerá num futuro próximo.

 

 

Muitas empresas de apostas também têm investido em ações de marketing com atletas e influencers como embaixadores. Como uma empresa que monitora as reações de comportamento e interesse de consumo, vocês já veem alguma aceitação ou rejeição às casas de apostas entre os torcedores do Brasil?
Hoje a percepção é de que não há rejeição forte entre os fãs de futebol, mas acredito que mais pela associação das empresas com os clubes do que com atletas. Lembro-me das primeiras propagandas da SportingBet com Paulinho, Verdum e Edmundo, por exemplo. Foi uma boa porta de entrada. Mas o fato de uma Sportsbet.io, uma NetBet ou Betsul, por exemplo, estamparem uma camisa que o torcedor possa usar, ajuda muito a tornar a marca mais familiar para ele.

Um dos serviços da empresa é a implantação de plataformas e canais digitais facilitadores e integradores para programas de Sócio-Torcedor. Acredita que esse serviço pode ser usado também por operadoras de apostas esportivas? Quais serão os benefícios para elas?
Não tenho dúvida que sim. Atender o cliente deveria ser o principal atributo de uma empresa que quer fidelizar o consumidor a sua marca. A vantagem é que o futebol possui um tripé incomparável a qualquer mercado. O torcedor é um cliente vestido de paixão e sempre será leal ao time, invariavelmente é fiel mesmo em tempos de derrota e sempre decide comprar com paixão. Ter esse três elementos como pilares para atender as demandas inclusive permitindo garantir transparência, qualidade na informação, disponibilidade 24hs por dia, 7 dias por semana de forma ágil e prática através de plataformas de atendimento digital, certamente é mais um instrumento importante para quem quiser apostar.

Uma dos pilares da End to End é auxiliar na transformação da experiência das empresas com seus clientes. O setor de apostas no Brasil sofre com preconceitos e restrições morais oriundas de diversas partes da sociedade. Acredita que a empresa poderia ajudar na transformação da imagem do setor? Qual seria o caminho?
Podemos sim ajudar a transformar a imagem do setor. Já foi algo muito debatido internamente, inclusive. Nós temos alguns projetos desenhados para gamification com sites de betting para determinados públicos. Agora estamos à procura de empresas para realizá-los.

Vocês enxergam a regulamentação das apostas esportivas como uma possibilidade de melhorar o esporte brasileiro trazendo mais investimentos para clubes das diversas modalidades e também um novo público que hoje não acompanha modalidades e que pode começar em virtude das apostas?
Sem dúvida. Tudo o que trouxer receita para o esporte e para o país é benéfico. Se houver crescimento de público, melhor ainda. Há uma faixa etária mais jovem que adora testar conhecimentos, se desafiar. O jeito de consumir esporte mudou muito rápido, há sempre duas ou três telas abertas pelos mais jovens durante um jogo. Uma mesma pessoa torce de múltiplas maneiras.

Hoje existem alguns projetos e loterias que envolvem prêmios com base nos resultados do futebol. Qual a sua avaliação sobre esses projetos e como as empresas de apostas podem usá-los como exemplo para se aproximar do torcedor?
O Brasileiro certamente tem dentre suas principais paixões o futebol e as apostas. A loteria esportiva já foi a menina dos olhos nas décadas de 70 e 80, mas perdeu fôlego em comparação a outros jogos como a Mega Sena, mais atraente no que diz respeito à possibilidade de prêmio. Timemania é importante para os clubes, mas pouco divulgado tanto por quem organiza, como por quem é beneficiado. O mais perto que se tem do formato ideal de engajamento do torcedor e dentro da lógica de apostas e é um sucesso absoluto, é o gamification da Globo, o Cartola. Olhando a fundo a relação entre o torcedor e seu clube do coração, dentro e fora dos programas para sócio-torcedor, observamos muito espaço para transformar esse contrato cada vez mais atraente, dinâmico e porque não divertido e rentável através pela lógica de apostas.

Por exemplo, o maior programa para sócio entre todos poderia ter uma conexão entre um pequeno percentual das mensalidades que sirvam para trazer a ideia de que, além do investimento ou sentido de pertencimento o torcedor poderia ter a chance de apostar e ser premiado. Vejo essa possibilidade como uma boa alavanca para os clubes e os programas se tornarem cada vez menos dependentes apenas da prioridade de compra de ingressos. Tudo isso de forma legal e transparente.

Prospectando que a operação das apostas esportivas consiga bons resultados com impostos, audiência, investimentos, lucro aos operadores e aos apostadores,  acredita que a causa da legalização dos jogos com cassinos, bingos e outros modais pode se beneficiar? Qual a sua posição sobre a legalização das outras modalidades de jogos?
Tudo o que for legal, regulado e transparente pode ser bom para o futebol. Traz divisas para o país, investimentos para o setor, empregos, impostos e poderá também fomentar receitas que possibilitem a manutenção dos nossos talentos e termos clubes mais saudáveis financeiramente. É preciso que haja mecanismos contra lavagem de dinheiro e fraudes, para que se resguardem, inclusive, os campeonatos, as federações, clubes e principalmente o torcedor. Se tudo isso for feito, pode ser benéfico para o país e para o futebol brasileiro.

Fonte: Exclusivo GMB