VIE 29 DE MARZO DE 2024 - 08:00hs.
Álvaro Cotta, Diretor de marketing na LNB

“O basquete é uma das modalidades com maior adesão dos patrocínios de casas de apostas”

Álvaro Cotta tem um longo percurso dentro da área esportiva desde 2004. Já passou pelo Atlético-MG, pela Federação Mineira de Basquete e, há mais de cinco anos, é Diretor de marketing na Liga Nacional de Basquete (LNB). Em uma conversa exclusiva com o GMB, ele falou das parcerias da Liga com Vivagol, IMG e Genius Sports, como os jogos de azar ajudam na receita dos clubes, entre outros assuntos. “Os sites de apostas esportivas não substituirão as outras plataformas, porém vão melhorar a experiência dos fãs”, analisa Cotta.

GMB - Como a Liga Nacional de Basquete vê o boom das apostas esportivas que vive o Brasil hoje?
Álvaro Cotta - Acredito que seja uma oportunidade de construção de negócios e relacionamento com um segmento que, até então, não existia para o esporte. Haverá um primeiro momento de grande movimentação e entrada de marcas nos eventos, mas acredito em uma acomodação e maior seletividade dos investimentos ao longo do tempo.

Nos últimos tempos, as casas de apostas têm investido massivamente no futebol masculino brasileiro. A liga de basquete tem interesse em fazer parcerias, como naming rights, com essa segmentação em ascensão no país? Como os times de basquete podem atrair esses investidores que têm estampado muitos uniformes do futebol daqui?
A Liga tem, atualmente, a Vivagol como parceira do segmento de apostas. Várias equipes já buscam e oferecem oportunidades para marcas que queiram se associar aos projetos. Não há restrição quanto ao tamanho da parceria, seja naming rights ou ações isoladas, porém nosso foco é construir relações sólidas e de longo prazo. O basquete é uma das modalidades com maior adesão desse segmento e haverá muitas oportunidades.

Muitas casas de apostas estão investindo em embaixadores da marca com atletas e personalidades brasileiras. Os jogadores de basquete têm feito esse tipo de marketing?
Não tenho conhecimento de todas as iniciativas. Sei que o Oscar Schmidt tornou-se embaixador de uma marca. Acredito que isso acontecerá à medida que o segmento de apostas se aproximar mais do basquete, o que deve acontecer após a regulamentação.

As casas esportivas são algumas das mais interessadas na integridade esportiva. Acredita que com a regulamentação dessa indústria haverá um incentivo maior na fiscalização e na criação das áreas destinadas para isso dentro dos clubes nacionais?
Isso já é feito e acompanhado no NBB (Novo Basquete Brasil) há alguns anos. O esporte está diretamente associado à competição e à integridade das regras e das condutas dos personagens. Qualquer comportamento contrário pode trazer consequências perigosas. Entretanto, o nível de profissionalismo no Brasil é muito alto e o NBB tem um ecossistema maduro nesse ponto.

Qual seria o melhor sistema de detecção para combater a manipulação de resultados no Brasil? Nas mãos de quem deve ficar a defesa da integridade e punição?
Não temos esse histórico no basquete brasileiro. A legislação esportiva brasileira e internacional tem todos os casos previstos de punição para desvios de conduta. Qualquer comportamento suspeito é acusado pelos nossos sistemas estatísticos e pela nossa parceira, a Genius Sports. 

Foi editada a MP 984/20, que determina que os direitos de transmissão ou reprodução das partidas esportivas pertencem ao clube mandante do jogo. A medida altera a Lei Pelé, assim os times que ainda não cederam seus direitos poderiam usar suas plataformas da internet para transmitir suas partidas do local ou, inclusive, vendê-los aos sites de apostas esportivas interessados. Qual o seu ponto de vista em relação a essa alteração?
Acredito que essa MP provocará mudanças no modelo de negociação e distribuição de conteúdos esportivos ao vivo no Brasil. Tenho dúvidas que o texto seja aprovado na integralidade, porém a discussão traz aprendizados e reflexões positivas para a evolução do esporte como negócio no Brasil. Há quatro anos, adotamos no NBB uma estratégia de produções e gestão própria do conteúdo. Temos acordos de distribuição em multiplataforma. Foram sete parceiros de mídia em 2019/20. Internacionalmente já negociamos as transmissões em sites de apostas esportivas através da IMG, nosso parceiro exclusivo para esse negócio. Ao final, os sites de apostas esportivas não substituirão as outras plataformas, como TV e streaming, porém vão melhorar a experiência daqueles fãs que querem interagir com os jogos através das apostas.

Acredita que a liberação e regulamentação de vários tipos de jogos (como cassinos, bingos, etc) podem injetar mais investimento nos clubes brasileiros, assim como as casas de apostas têm feito de forma massiva?
Podem, mas essa regulamentação precisa ser bem definida e transparente.

Fonte: Exclusivo GMB