VIE 26 DE ABRIL DE 2024 - 16:23hs.
SBC Digital Latino América

Mercado brasileiro vai crescer muito se a regulamentação não limitar o número de casa de apostas

Mediado pelo advogado Udo Seckelmann, do escritório Bichara e Mota, o SBC Latinoamérica discutiu na tarde desta quinta-feira, 03, “A febre do patrocínio no Brasil, com a presença de Witoldo Hendrich Jr., fundador e sócio da Online IPS Brazil e do escritório Hendrich Advogados, Magnho José de Souza, presidente do IJL, Pedro Melo, CCO do Clube Atlético Mineiro, e Arthur Silva, Head de Operações Esportivas da Sportsbet.io. Todos foram unânimes em dizer que o mercado tem muito a crescer “se a regulação das apostas esportivas não limitar o número de casas.

Ao saudar os conferencistas, Udo lembrou que o Brasil vive uma onda de patrocínios de empresas de apostas esportivas em clubes de futebol no país, que começou a crescer exponencialmente a partir de 2018 com a promulgação da lei 13756, que criou a atividade no Brasil.

Com a legalização dessa atividade, os clubes se sentiram confortáveis juridicamente para assinar contratos com empresas de apostas, que totalizam, hoje, mais da metade dos times de futebol das Séries A e B do Campeonato Brasileiro”, conta. Segundo ele, apesar de a atividade estar legalizada, ainda não há uma regulamentação pronta, que está sendo elaborada pela SECAP, do Ministério da Economia. Assim, indagou a Wiltoldo Hendrich se existe algo na provável regulamentação federal da SECAP que contribua para o crescimento do patrocínio das casas de apostas aos clubes de futebol brasileiros.

 

 

O executivo da Online IPS disse que o setor está estabilizado e a regulamentação dará segurança jurídica para quem já está na área de apostas esportivas. “Incluo tanto os operadores quanto os veículos de mídia, times de futebol e emissoras de TV. O que poderia ruir o mercado seria o governo, na regulamentação, dizer que anúncios de apostas somente poderiam ser veiculados após as 9 horas da noite. Ou seja, muito mais do que auxiliar, o que esperamos de uma regulamentação federal é que ela não atrapalhe”, analisou.

Udo comentou que um setor extremamente regulamentado pode ficar engessado. “Com o aumento da participação das casas de apostas aos clubes, a atividade acaba estando mais presente no cotidiano do brasileiro. Mas sabemos que existem malefícios, como o jogo patológico e apostas por menores de idade. Por isso, a Inglaterra e Espanha, países com regulamentação madura para o setor, estão buscando ações para brecar o avanço da publicidade de empresas de apostas em times de futebol”.

Arthur Silva, da Sportsbet.io, que tem um case de sucesso com o Flamengo, bicampeão brasileiro, disse que o suporte ao clube é importante para financiar o time e garantir sucesso. Para ele, “é muito importante a sinergia entre as duas indústrias, o consumo do esporte e as apostas, que nada mais são do que o próximo nível de torcer. O clube consegue engajar mais sua torcida quando adere a um produto de aposta esportiva, que não existe sem o futebol, especialmente no Brasil, um grande consumidor do esporte. O clube é o lugar onde o bookmaker quer estar. Um clube, com uma base bem desenvolvida tem um valor excepcional e a oportunidade está em transformar essa relação do torcedor, seja recreativo ou hardcore, para que seja um consumidor de aposta esportiva. E no Brasil isso é natural, pois já existem outros produtos, como a loteria esportiva”. Sobre o case citado, Arthur disse que “foi um sucesso justamente porque conseguimos engajar a base do Flamengo e esse é o caminho”.

 

 

Nesse contexto de sinergia, Udo lembrou que antes, a maioria dos patrocinadores máster dos times eram bancos, supermercados e outras atividades que não têm nada a ver com o futebol. “Quando chega um setor novo e legalizado, prestes a ser regulamentado, o potencial de parceria é imenso, pois o público-alvo das empresas de apostas é o torcedor brasileiro. Explorar a questão das marcas é benéfico tanto para o operador quanto para o clube”, atestou.

Pedro Melo, do Atlético Mineiro, disse que a relação com a Betano teve início em agosto do ano passado e que a empresa demonstrou muito interesse em se associar a um clube com uma gestão profissional e um olho no futuro. “Foi o momento certo, pois se casava com o novo projeto do Atlético. Fizemos apresentações e procuramos entender bem o projeto deles e desde janeiro estamos com a Betano, que tem sido muito positivo”, disse. Na sua avaliação, há uma tendência de mais casas de apostas chegarem para apoiar outros clubes.

Com a regulamentação, Pedro disse que no final do próximo ano estará com sua arena própria finalizada, está nos planos do Atlético manter no estádio uma área de apostas físicas. “Com nossa parceria com a Betano, vamos negociar com eles tal possiblidade”, afirmou.

 

 

Arthur endossou as palavras de Pedro e comentou que como nunca as casas de apostas terão um número infinito de possibilidades. “E isso vai dar visibilidade a elas ao estarem presentes em espaços nas camisas dos grandes clubes, o que dará também muita confiança aos apostadores”.

O executivo da Sportsbet.io disse que “quanto mais um clube está bem estruturado quanto aos seus dados e de seus sócios, hoje em que o offline ainda não é uma realidade, a presença digital é importantíssima e engaja os torcedores e gerar valor para o operador. É fundamental para melhorar a experiência de apostas que eles tenham vantagens, como uma cotação especial ou uma free bet. Isso vai melhorar ainda mais a relação entre o clube e a casa de apostas”.

Pedro afirmou que o clube já tem programadas várias ativações como forma de engajar os torcedores do Atlético. “Não temos nada totalmente planejado quanto ao nosso estádio, mas nos próximos meses, com a regulamentação, veremos o que poderá ser feito junto com a casa de apostas”, disse.

 

 

Sobre o modelo de licenciamento das casas de apostas, Witoldo comentou que a limitação do número de empresas “vai gerar impacto. Por um lado, temos muitos interessados e pelo outro, uma limitação. Esse desbalanceamento pode criar problemas. Acredito numa livre concorrência mais ampla e as pessoas vão migrar para casas de apostas sérias e licenciadas. Mercadologicamente não vejo sentido o governo limitar o número de licenças. A qualidade do serviço prestado por dez empresas será menor do que aquele prestado em um mercado com 100 empresas”, atestou, lembrando que “tínhamos um modelo já pronto entre uma casa de apostas e um clube, que não posso divulgar quem, mas tratava justamente da criação de um ambiente de apostas físicas no estádio. Voltando à normalidade pós-pandemia, trataremos novamente desse assunto”, adiantou.

Fonte: GMB