JUE 25 DE ABRIL DE 2024 - 11:08hs.
Resumo dos debates do dia 2

Brasil Sports Betting Summit: plataforma, marketing, clubes e operação pedem regulação das apostas

O segundo dia do Brasil Sports Betting Summit, na BFEXPO 2022, reforçou a necessidade de regulamentação das apostas. Alguns especialistas das principais empresas do setor, como Betnacional/NSX, PixBet, EstrelaBet e Entain, além de advogados e executivos de marketing destacaram a necessidade e a grande oportunidade de momento, às vésperas da Copa do Mundo do Qatar, para que o governo aprove de uma vez por todas a operação regulada do mercado.

O segundo dia do Brasil Sports Betting Summit, que aconteceu no âmbito da BFEXPO 2022, principal evento de futebol da América Latina, realizado pela CBF – Confederação Brasileira de Futebol, teve como foco, na forma de mesas redondas, discussões sobre oportunidades e desafios para clubes, operadores e competições, além de um painel final que apresentou conclusões e perspecitivas sobre o mercado de apostas no Brasil.

A primeira delas reuniu Rafael Zanette, da EstrelaBet, Mateus Lemos, da PixBet, Newton Neto, do Grupo Betnacional/NSX, e Eder Schaphauser, da Upsports.bet, e teve como tema central o marketing de casas de apostas. Foi mediado por Maurício Portela, da LiveMode.

Eder Schaphauser, da Usports.bet destacou que a casa de apostas, desde o início de suas operações, ao ser procurada por clubes de futebol, sempre buscou identificar não só as necessidades do time, mas toda sua política de posicionamento, pagamento correto de salários e transparência na relação também com os fãs e torcedores.

 

 

“Falar de igual para igual com eles foi muito importante para identificar e fortalecer a sinergia entre as partes para alcançarmos um relacionamento duradouro e benéfico para ambos. Conversamos também com os atletas, para que eles entendam nossa filosofia de trabalho e a importância da integridade esportiva e outros temas ligados à nossa indústria. E tudo isso tem se mostrado extremamente produtivo”, comentou.

Newton Neto, diretor do Grupo Betnacional, composto pela desenvolvedora de plataforma esportiva NSX e pelas operadoras Betnacional, PagBet, Simples Bet e MrJack.bet, afirmou que há estratégias distintas para cada uma das empresas do grupo. “Enquanto desenvolvedores de plataforma, mostramos as características e focamos na tecnologia que envolve nosso produto, comparável com os principais sistema disponíveis em todo o mundo”.

 

 

Segundo ele, para as casas de apostas do grupo, “temos foco dirigido a cada uma delas. Enquanto na Betnacional temos um grande apelo nacional, inclusive tendo fechado uma cota de publicidade para estarmos na Rede Globo durante a Copa do Mundo, para as outras fazemos ações mais regionalizadas. De qualquer maneira, para todas elas realizamos um excelente trabalho de posicionamento de marca, com embaixadores, influencers e fortes interações com os torcedores dos clubes que patrocinamos”.

A Betnacional, disse Newton Neto, é o sportsbook com o maior investimento em mídia, “enquanto a Simples Bet não tem essa pegada. A PagBet tem presença mais forte no Nordeste e é onde realizamos ações e ativações dirigidas a esse público. Da mesma maneira, fazemos o mesmo no Sul para a MrJack.bet”.

A EstrelaBet também participou do encontro e de acordo com o head de patrocínios da empresa, Rafael Zanette. “Atacamos em várias frentes e não temos uma estratégia única. Não é só futebol nem só mídia. Tudo é importante e se possível fazemos uma união entre as ações e formas de entender cada público-alvo”, explicou.

 

 

A PixBet, que tem uma grande visibilidade no mercado brasileiro, tanto pelos embaixadores de marca quanto pelos clubes que patrocina, como Flamengo, Santos, Goiás, América-MG e outros, também tem trabalhado muito próxima dos seus patrocinados, além de ter fechado uma cota de patrocínio para as transmissões da Copa do Qatar pela Globo. Mateus Lemos, da área de marketing da empresa, diz que a empresa buscou trabalhar de forma muito próxima com os torcedores. “Para cada clube trabalhamos com uma estratégia diferente a fim de aproximar os apaixonados pelos seus times com a marca PixBet”, contou.

O mediador do encontro, Maurício Portela, da LiveMode, comentou que o Brasil é muito peculiar, por tantas culturas diferentes, uma população apaixonada por futebol, mas também fãs de outros esportes, razão pela qual entende as posturas adotadas pelas casas de apostas que atuam no país.

Todos concordaram e ainda convergiram na importância do atual momento do futebol, às vésperas da Copa do Mundo e que, todas as ações de marketing dão enorme visibilidade às casas de apostas, mas principalmente à forma de atuação dos operadores para consolidar na mente das pessoas que se trata de uma atividade econômica séria e que o fechamento de cotas de patrocínio com a principal emissora de TV do continente - no caso a Betnacional e a PixBet - dão ainda mais credibilidade ao setor.

Os presentes contaram ainda que tratam o fechamento de contratos de patrocínio com muito critério e sempre buscando identificar as campanhas com as torcidas e com toda a comunidade em volta do clube, programas de sócio-torcedor e busca por embaixadores de marca que “contagiem” os fãs.

Algumas das principais estratégias das empresas abrangem também a visibilidade em estádios, seja por meio de placas e tapetes, bem como os backdrops para entrevistas, que dão o reconhecimento tanto nos estádios como aparição nos meios de comunicação. Isso, segundo eles, amplia ainda mais o reconhecimento do setor de apostas pela sociedade.

Independentemente da concorrência entre as empresas e da busca por maior visibilidade, todos convergiram também na importância da regulamentação das apostas esportivas, com regras claras voltadas à proteção do consumidor, à integridade esportiva e com exigências que não afastem as casas de apostas do mercado regulado. Além disso, defenderam regras tributárias adequadas tanto para os operadores em si, mas principalmente para os apostadores, para que eles não fujam do mercado regulado para operações cinzas.

Questionamentos do Ministério da Justiça

Indagados pela advogada Bárbara Telles, do Rei do Pitaco, sobre os questionamentos do Ministério da Justiça quanto aos contratos de patrocínio e de publicidade, todos se mostraram tranquilos com relação ao tema, já que informaram terem adotado todas as práticas necessárias para que tais contratos fossem firmados de acordo com as leis brasileiras.

Ao resumir o encontro, Portela disse que foi bastante interessante, “já que as quatro marcas são ainda jovens e têm trabalhado de forma muito séria e correta a relação das casas de apostas com o mercado, com seus patrocinados e com a sociedade de modo geral. O Brasil tem muito para aproveitar, tratando a regulamentação com seriedade e celeridade para que o mercado cresça ainda mais”.

Na sequência, um painel discutiu a operação em si, em que Camilla Carvalho, da Pay4Fun, trouxe a experiência da empresa na área de métodos de pagamento, uma das espinhas dorsais do setor de apostas esportivas. “Sempre tivemos um foco na atividade e um trabalho extremamente sério diante dos desafios de oferecer operações seguras e transparentes, tanto para os operadores quanto para os apostadores. E hoje, com a autorização do Banco Central para operarmos no setor, damos uma demonstração clara do entendimento da seriedade de nossa atividade”.

 

 

Também presente no painel, Diogo, COO da SGA System, plataforma de apostas esportivas com tecnologia 100% desenvolvida por brasileiros e para brasileiros, levou aos presentes a experiencia da empresa na área de TI. “Focamos no atendimento de excelência aos operadores a partir de um sistema com fácil e rápida integração, além de muito seguro. Atualmente, temos mais de 40 parceiros trabalhando com nossa plataforma e a tendência é que esse número aumente bastante nos próximos meses, já que conquistamos recentemente nossa certificação pela GLI, o que dá ainda mais segurança aos operadores que temos o melhor produto a oferecer ao mercado”.

 

 

Alessandro Valente, da Super Afiliados e Bitci Brasil, trouxe sua experiencia tanto na área de marketing de afiliação quanto novas tecnologias que se aproximam do setor de apostas esportivas, como operações com criptomoedas e as grandes novidades do mercado, fantokens e NFT’s. “É importante destacar a inovação da Bitci Brasil, emissora/patrocinadora oficial da Seleção Brasileira. Lançamos o primeiro lote de fantokens – 30 milhões de unidades – recentemente e o sucesso foi incrível, com o lote sendo totalmente vendido em poucas horas”, contou, adiantando que em 26 de setembro sairá o segundo lote".

Além disso, comentou a importância dos afiliados para o crescimento do mercado brasileiro de apostas esportivas. “A afiliação é uma atividade que fortalece a atuação das casas não só pela ampliação do alcance de suas operações, mas até pela divisão do risco, já que o trabalho é remunerado a partir de resultados”, contou.

 

 

De acordo com o executivo, a Super Afiliados trabalha muito próxima dos seus parceiros, dando-lhes todo o suporte para que tenham sucesso na divulgação de casas de apostas e conquista de novos clientes. “Temos um método muito seletivo para adicionar novos afiliados à nossa rede e para que se habilitem, devem ter práticas transparentes e sérias para a abordagem de apostadores. Somente após essa análise eles podem começar a trabalhar conosco”, disse.

Atividades complementares

O interessante nesse painel, em que cada um dos palestrantes complementou o outro no ecossistema de apostas, já que três importantes segmentos estiveram à mesa justamente para se completar. As apostas esportivas precisam de uma plataforma segura, de fácil integração e operação, assim como de métodos de pagamento sérios, abrangentes e também seguros, que se somam à conquista de clientes por meio de uma boa rede de afiliados.

E o que todos defenderam foi a regulamentação imediata das apostas esportivas para que essa união de ferramentas voltadas aos operadores possa contribuir, assim como o setor, para o desenvolvimento de uma atividade séria e com alta capacidade de geração de empregos e impostos.

Clubes destacam importância das casas de apostas

Os clubes de futebol também tiveram vez e voz no Brasil Sports Betting Summit, com a participação de Paula Young, do Botafogo, Rafael Soares, diretor de marketing do Santos e Jorge Avancini, vice-presidente de marketing do Internacional. O painel foi mediado por Bernardo Pontes, sócio da BP Sports e Alobg Sports.

Mais do que vez e voz, todos destacaram a importância das casas de apostas para o desenvolvimento de seus clubes, ao falarem de seus patrocinadores, mas de todo o ecossistema do futebol como um todo, ao reconhecer que outros times também vêm crescendo graças às empresas do setor.

Paula Young, que assumiu recentemente a área patrocínios do Botafogo, disse que o clube vem passando por importantes e fantásticas mudanças desde a transformação do clube em uma SAF. “Com a chegada dessa nova realidade, todos os patrocínios foram cancelados e passamos a buscar novos contratos. Foi uma alegria termos fechado com a Blaze, que tem tudo a ver conosco, inclusive na união de nosso nome, Botafogo, com o logo da Blaze, uma chama. O patrocínio é novo e estamos começando agora a construir toda a parceria”, contou.

 

 

Rafael Soares, diretor de marketing do Santos, reforçou no encontro da CBF o que já disse em entrevista exclusiva ao GMB, a importância da união com a PixBet. "O clube tem uma linda e importante história não só no futebol brasileiro, mas mundial. Por isso chamamos o clube de Santos do Mundo, diante de toda sua grandiosidade”, lembrou.

De acordo com ele, ao final do contrato anterior, o Santos entendeu que poderia buscar um novo parceiro que trouxesse mais benefícios ao clube. “Chegar ao Santos foi um orgulho, depois de ter passado pelo Sport Recife. É um clube de renome internacional e quando o patrocínio existente terminou, confirmamos todo o status do Santos como um clube que atrai a atenção de todos. Recebemos inúmeras propostas e a que mais nos encantou foi a da PixBet, por tudo que oferecia e pela postura ética e transparente com que desenvolve sua atividade no mercado brasileiro de apostas esportivas. Tenho certeza em afirmar que a escolha não poderia ter sido melhor”, garantiu Rafael.

 

 

Jorge Avancini, VP de marketing do Internacional, trouxe uma experiência das mais aplaudidas pelos seus mais de 22 anos na área de marketing esportivo. Ele contou que o Rio Grande do Sul tem inúmeras peculiaridades quanto ao futebol, especialmente pela grande rixa entre os dois principais clubes do estado. “Lá, nenhum patrocinador entrava em apenas um dos clubes para evitar criar um clima ruim com a outra torcida. Ao assumirmos e diante da necessidade de buscar um novo patrocinador, resolvemos quebrar esse paradigma”.

Segundo ele, não foi fácil, mas o Internacional foi procurado pelo Rafael Zanette, da EstrelaBet, e após muitas discussões sobre estratégias do clube e as exigências quanto ao patrocínio único, chegou a hora de convencer a diretoria do Internacional. “Havia inúmeras preocupações e a principal delas dizia respeito a ser uma casa de apostas e a outra, por ter uma ‘estrela’ em seu logo, uma imagem que poderia ser associada a alguma postura política, já que nosso presidente já esteve ligado ao PT no seu passado. Após uma série de tratativas, fechamos com a EstrelaBet e hoje estamos mais do que satisfeitos, pois além de demonstraram enorme seriedade, se transformaram também em patrocinador máster do feminino, o que mostra a dedicação da casa de apostas ao Internacional”, narrou.

 


 

Fechamento com chave de ouro

Para finalizar o dia e entregar uma espécie de conclusão sobre o evento como um todo, Udo Seckelmann, do Bichara e Motta Advogados, Martin Licka, da Entain, e Ludovico Calvi, da Global Lottery Monitoring System, dividiram o palco para reforçar a necessidade da regulamentação do setor.

 

 

De maneira geral, e traçando alguns paralelos com experiência apresentadas sobre outras jurisdições que passaram pelo processo de regulamentação, convergiram na opinião de que o Ministério tem uma obrigação legal de regular a atividade.

Outro ponto abordado por eles foi a questão dos patrocínios, já que outros países com a operação consolidada, estão restringindo o patrocínio de casas de apostas em camisas de clubes de futebol. Os painelistas não veem como uma medida efetiva, mas sim algo populista.

 

 

Falou-se ainda sobre a tributação do apostador. Os painelistas entendem que os grandes operadores globais estão muito preocupados sobre como os clientes das casas de apostas serão taxados. Para eles, há um grande risco de que a alta tributação possa fazer com que os apostadores permaneçam no mercado não regulado.

Para todos, é inegável que o mercado brasileiro é gigantesco e as oportunidades, muito grandes. Como o mercado está aquecido, falta apenas a atenção de todos os players do mercado em seguir trabalhando pela transparência, atenção ao jogo responsável e trabalhando de forma conjunta para o apoio à integridade esportiva.

Fonte: GMB