Games Magazine Brasil - A EstrelaBet conquistou a autorização definitiva para operar no mercado regulamentado brasileiro. Como foi esse processo de preparação e o que muda na operação da companhia a partir dessa nova fase?
João Gerçossimo - Já temos a autorização há cerca de 10 meses e isso representa um marco estratégico para a EstrelaBet e para todo o setor de apostas esportivas no Brasil. Durante o processo de preparação, mobilizamos todas as áreas da empresa, como operações, compliance, tecnologia, produto e jurídico, para assegurar que nossos processos estivessem alinhados à Lei nº 14.790/2023 e às portarias da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda. Já contávamos com sistemas de governança, proteção ao apostador e políticas sólidas de jogo responsável implementados, o que facilitou a transição para o ambiente regulado.
Com essa nova fase, passamos a operar com regras claras, exigências normativas mais robustas e maior supervisão do poder público. Isso traz mais transparência, previsibilidade e segurança jurídica tanto para a empresa quanto para o consumidor. Na prática, isso se traduz em uma operação ainda mais estruturada, com foco em excelência, proteção ao usuário e crescimento sustentável.
Além disso, o ambiente regulado já começa a apresentar resultados concretos. Segundo dados divulgados pela SPA, no primeiro semestre de 2025, 17,7 milhões de brasileiros realizaram apostas em plataformas licenciadas. A arrecadação do setor com receita bruta (GGR) chegou a R$ 17,4 bilhões, com média de gasto de R$ 164 por mês por apostador.
Em contrapartida, o estudo “Fora do Radar”, conduzido pela LCA Consultores em parceria com o Instituto Locomotiva, aponta que entre 41% e 51% do mercado ainda atua na ilegalidade, gerando perdas fiscais anuais de até R$ 10,8 bilhões. Esse é um desafio grave que compromete a proteção do consumidor e a competitividade das operadoras legalizadas.
O avanço da regulamentação, portanto, não apenas legitima o setor, mas também reforça a necessidade de ações coordenadas para coibir práticas ilegais, educar o consumidor e consolidar um mercado mais íntegro e ético.
João, recentemente você lançou seu canal no YouTube. De onde surgiu essa ideia? Qual foi o gatilho que fez você dizer “vou investir nisso”? E qual o propósito do canal para você?
O mundo digital sempre esteve muito presente na minha vida como empreendedor. Antes mesmo da EstrelaBet, já tive um canal no YouTube e usava meu Instagram para falar sobre marketing digital, growth e pôquer. Com o tempo, construí uma base relevante de seguidores e muitas dessas pessoas passaram a pedir que eu voltasse a compartilhar minha visão sobre negócios e o dia a dia como empreendedor.
O gatilho para retomar esse movimento veio justamente do atual momento do setor de apostas no Brasil. Estamos em um ambiente regulado, com empresas sérias, que pagam impostos, geram empregos e seguem regras claras. Apesar disso, ainda há muito desconhecimento sobre esse mercado. Vi no canal uma oportunidade de mostrar como funciona uma operação real, o que existe por trás das apostas e quem são as pessoas que estão construindo esse ecossistema.
O propósito do canal é múltiplo. Quero compartilhar minha vivência como empreendedor jovem, mostrar os bastidores da EstrelaBet, falar sobre liderança, estratégia, erros, acertos e também inspirar outras pessoas. Ao mesmo tempo, é uma forma de reforçar nossa reputação como empresa e até ajudar candidatos a conhecerem melhor a cultura da EstrelaBet antes mesmo de se candidatarem a uma vaga.
Quais desafios você encontrou ao migrar do mundo “privado” de empreendedor para o público digital do YouTube?
Nos últimos anos, meu foco esteve totalmente voltado para o desenvolvimento da EstrelaBet e para a consolidação do setor de apostas no Brasil. Foi um período de construção intensa, que exigiu muita dedicação e tempo, por isso a comunicação pessoal acabou ficando em segundo plano.
Agora, com uma estrutura mais madura e o mercado em uma nova fase, decidi usar o YouTube como um canal para mostrar mais de perto o que significa empreender em um setor que cresce rápido e demanda tanta responsabilidade. A ideia não é apenas falar sobre negócios, mas também compartilhar o lado humano e real de quem vive esse desafio todos os dias.
Estamos ainda no primeiro mês do canal, aprendendo na prática o que mais desperta interesse do público. Tenho produzido vídeos no estilo POV, mostrando bastidores, decisões e aprendizados da rotina, e já começamos a perceber padrões de engajamento que vão ajudar a direcionar o conteúdo de forma mais precisa.
O objetivo é construir uma comunicação autêntica, transparente e consistente, mostrando o que é empreender de verdade e contribuindo para uma visão mais profissional e responsável do setor e do ambiente de negócios como um todo.
Você enxerga o canal como plataforma de marca pessoal ou instrumento estratégico de negócio? Ou ambos? E de que maneira?
Com certeza, é uma combinação dos dois. O canal tem um papel importante na construção da minha marca pessoal, mas também é uma ferramenta estratégica para o negócio. Quero mostrar os bastidores do setor de apostas, desmistificar o que é operar nesse mercado regulado e dar visibilidade ao que envolve a vida de um executivo jovem e empreendedor no Brasil.
Acredito muito na força da transparência e da comunicação direta. O canal permite que candidatos conheçam mais sobre mim, sobre os valores que defendo e sobre a cultura que estamos construindo na EstrelaBet. Isso ajuda no processo de decisão de quem quer fazer parte do nosso time. Já tivemos casos de pessoas que se conectaram com o conteúdo e decidiram aplicar para vagas por se identificarem com o nosso jeito de pensar e trabalhar.
Além disso, é um espaço para falar sobre temas que me movem como liderança, inovação, gestão e tecnologia. E claro, tudo isso contribui para fortalecer a reputação da empresa e do setor como um todo, que ainda enfrenta desafios de percepção pública. Mostrar quem somos, como operamos e o nível de profissionalismo que existe por trás da EstrelaBet é parte fundamental da nossa estratégia.

O mercado brasileiro de apostas esportivas está em plena expansão, mas ainda enfrenta desafios, especialmente diante da concorrência internacional. Como você avalia o papel da EstrelaBet nesse cenário competitivo e quais diferenciais quer consolidar sob sua gestão?
A EstrelaBet nasceu no Brasil, com DNA nacional, e isso nos dá uma vantagem competitiva importante: conhecemos o nosso público, entendemos a cultura local e conseguimos adaptar rapidamente nossa operação às demandas do mercado. Atuamos com agilidade, inovação e foco total na experiência do cliente. Queremos que o apostador veja valor em estar com a gente não apenas pela oferta de odds ou promoções, mas por se sentir respeitado, bem atendido e seguro.
Nosso compromisso é com uma operação responsável, transparente e sustentável. Estamos construindo uma empresa de longo prazo, com base em tecnologia robusta, atendimento humanizado e produtos de qualidade. A regulação, para nós, nunca foi uma barreira, mas uma oportunidade de fazer parte da transformação positiva do setor. Já estávamos preparados antes da regulamentação entrar em vigor, com políticas de compliance, jogo responsável, governança e práticas sólidas de gestão.
O mercado internacional tem players muito fortes, mas o Brasil também tem espaço para protagonistas locais. E é isso que buscamos. Nosso diferencial está na proximidade com o consumidor, na escuta ativa e na capacidade de inovar com velocidade e responsabilidade.
A regulamentação está em evolução constante. Como a EstrelaBet vem se preparando para eventuais mudanças no ambiente regulatório e quais iniciativas estão sendo adotadas para promover o jogo responsável no Brasil?
O cenário regulatório seguirá em constante atualização nos próximos anos e, por isso, tratamos a conformidade como um pilar estratégico. A regulamentação é recente, ela é viva e deve fazer parte do business plan de qualquer empresa. O importante é que ela seja amplamente discutida com uso de dados, evitando preconceitos ou achismos, e ser equilibrada para todos os envolvidos.
No campo do jogo responsável, adotamos uma política robusta que inclui ferramentas como autoexclusão, limites de tempo e perdas, análise comportamental e uso de inteligência artificial para detectar sinais de risco. Além disso, firmamos parceria com a Fumec para oferecer suporte preventivo e psicológico aos usuários, reforçando nosso compromisso com a integridade e o bem-estar dos apostadores.
Nesse sentido, como a parceria com a Universidade FUMEC tem contribuído e de que forma a tecnologia está sendo usada para identificar e prevenir comportamentos de risco entre os apostadores?
Essa parceria também faz parte de uma política mais ampla de compliance da EstrelaBet, que inclui ferramentas já implementadas como autoexclusão, pausas temporárias e controle de limites de depósito. A colaboração com a Universidade FUMEC é uma peça central da nossa estratégia de jogo responsável, permitindo oferecer apoio psicológico gratuito aos usuários que apresentem indícios de comportamento problemático, além de contribuir para o desenvolvimento de estudos e boas práticas no setor. O atendimento é realizado por profissionais capacitados, com foco em acolhimento e orientação.
Do ponto de vista tecnológico, utilizamos recursos avançados de dados e inteligência artificial para monitorar padrões de comportamento, como frequência de uso, intensidade de apostas, valores investidos e sinais de impulsividade. Essas informações alimentam uma matriz de risco que nos permite agir preventivamente, seja por meio de alertas, sugestões de limites ou encaminhamento para suporte especializado.
Quando comportamentos de risco são identificados, adotamos medidas de proteção que incluem comunicações direcionadas, bloqueios temporários, autoexclusão ou, em casos mais severos, a suspensão ou encerramento da conta.
A personalização da experiência do apostador é uma tendência global. Quais estratégias e tecnologias a EstrelaBet está implementando para oferecer uma jornada cada vez mais individualizada e integrada entre produto e operação?
A personalização é um dos pilares da nossa operação. Temos investido fortemente em dados e inteligência artificial para conhecer melhor nossos usuários e oferecer uma experiência cada vez mais relevante, segura e alinhada às preferências individuais.
Um exemplo disso é a nossa plataforma de sugestões personalizadas, que apresenta jogos, mercados e promoções com base no histórico e no perfil de cada apostador. Essa lógica é semelhante ao que já é feito por grandes plataformas de streaming e varejo, adaptada para o universo das apostas.
Também utilizamos tecnologia para personalizar comunicações, ajustar o tom das mensagens e melhorar o atendimento. Nosso chatbot Estela, por exemplo, é alimentado por IA generativa e já responde com agilidade e precisão a milhares de interações diariamente, sempre com possibilidade de encaminhamento para atendimento humano quando necessário.
Outro ponto importante é a integração entre as áreas de produto, tecnologia e experiência do cliente, o que garante que todas as inovações tenham um impacto direto e positivo na jornada do usuário. Acreditamos que esse nível de cuidado e atenção aos detalhes é essencial para construir uma relação de confiança e oferecer uma experiência diferenciada.
Liderança tem sido um pilar importante no seu discurso. Como você pretende fortalecer e engajar ainda mais sua equipe para os próximos meses?
Acredito que a liderança se constrói diariamente, com escuta ativa, transparência e uma visão clara de futuro. Na EstrelaBet, desenvolvemos uma cultura sólida, pautada pela responsabilidade, inovação e autonomia. Agora, o desafio é preservar essa essência em um ambiente cada vez mais regulado, sem abrir mão da agilidade e ousadia que sempre nos definiram.
Nos próximos meses, vamos intensificar a comunicação interna, investir ainda mais no desenvolvimento técnico e emocional das nossas lideranças e fortalecer o protagonismo dos nossos times. Também queremos ampliar a capacitação em temas estratégicos, como inteligência artificial. Acreditamos que dominar essa tecnologia será fundamental para acelerar soluções, melhorar a experiência do usuário e promover inovação de forma ética e eficiente em todas as áreas do negócio.
Outro ponto que sempre compartilho com o time é a importância da disciplina. A motivação varia, e isso é natural, especialmente em um setor como o nosso, que ainda enfrenta preconceitos e desafios de reputação. Mas a disciplina precisa ser constante. É ela que nos mantém firmes no propósito, mesmo nos dias mais difíceis, e garante que cada passo seja dado com consistência. Mostrar o impacto real do trabalho de cada um também é essencial. Quando as pessoas entendem que estão ajudando a transformar um setor e construir algo relevante para o país, o engajamento vem como consequência.
A EstrelaBet esteve presente no SBC Summit Lisboa 2025. Como foi a experiência de participar do evento e quais aprendizados ou conexões você considera mais relevantes para a companhia a partir de agora?
Participar do SBC Summit Lisboa foi extremamente relevante para entender como o mercado global está se movimentando frente à regulamentação brasileira. A presença de provedores internacionais, operadoras e especialistas discutindo o Brasil como uma das maiores apostas do setor reforça a responsabilidade que temos e o potencial que existe aqui.
Três temas me chamaram particularmente a atenção. O primeiro é o avanço do live casino, com operadoras e provedores investindo em estúdios localizados no Brasil. Essa mudança é impulsionada pela regulamentação que exige atendimento em português e representa um passo importante não apenas para a proteção do consumidor, mas também para a geração de empregos e fortalecimento do ecossistema nacional. Ver empresas estruturando operações no país mostra que estamos caminhando para um ambiente cada vez mais sólido.
O segundo ponto é o número crescente de fusões e aquisições, o que sinaliza uma maturação do mercado em todo o mundo. Essas movimentações envolvem desde operadoras até provedores e mostram como o setor está evoluindo para modelos de negócio mais robustos e sustentáveis. Isso também serve como alerta para a importância de estratégia, posicionamento e inovação constante.
Por fim, a inteligência artificial se firmou como um dos grandes pilares do futuro do iGaming. O debate, que antes era teórico, agora se traduz em aplicações reais na personalização da experiência, prevenção de fraudes e até no combate à manipulação esportiva. Como empresa que já utiliza IA no atendimento e no jogo responsável, foi muito interessante ver o avanço das soluções e pensar em como podemos acelerar essa frente.
Curiosamente, a ausência de ativações voltadas à Copa do Mundo foi um ponto que chamou atenção. Isso mostra como o setor ainda está entendendo os novos limites da publicidade e a importância de campanhas que respeitem as regras e o consumidor.
Para fechar: onde você gostaria de ver a EstrelaBet posicionada nos próximos cinco anos? E qual mensagem gostaria de deixar para os apostadores brasileiros e para os profissionais do mercado de iGaming que acompanham seu trabalho?
Nos próximos cinco anos, quero ver a EstrelaBet consolidada como uma das principais referências em entretenimento digital da América Latina. Não apenas como uma plataforma de apostas, mas como uma marca admirada pela inovação, responsabilidade e impacto positivo que gera. Queremos ser reconhecidos como uma empresa que respeita seus usuários, valoriza seu time e colabora ativamente para o desenvolvimento do setor, do esporte e da sociedade.
O mercado de iGaming brasileiro está apenas começando sua trajetória regulada, e esse é um momento de construção. Há muito trabalho pela frente e um papel enorme a ser cumprido por todos nós: operadores, governo, mídia, influenciadores e jogadores. É possível sim transformar a percepção do setor, mostrar que somos empresas sérias, que geram emprego, pagam impostos e oferecem entretenimento com responsabilidade.
Para os apostadores, minha mensagem é clara: joguem com consciência. Apostar deve ser algo divertido, leve e seguro. E para os profissionais do setor, reforço que estamos diante de uma oportunidade única de fazer história. Que sejamos protagonistas dessa nova fase com ética, coragem e visão de longo prazo. O Brasil tem tudo para ser um dos maiores mercados do mundo, mas isso só será possível com diálogo, responsabilidade, compromisso e combate às operações ilegais.
Fonte: Exclusivo GMB