SÁB 13 DE DICIEMBRE DE 2025 - 11:21hs.
Caio Brisola, head de produto da Legitimuz

Pipeline de verificação: um deep dive técnico na orquestração de identidade no Brasil

Os operadores de iGaming enfrentam o dilema entre proteção e onboarding intuitivo. Caio Brisola, head de produto da Legitimuz, analisa neste artigo como a empresa revoluciona a validação documental, biometria e integração rápida, unindo inteligência artificial, precisão técnica e compliance para maximizar performance, combater fraudes e impulsionar conversão sem sacrificar a experiência do usuário.

Para operadores de iGaming, a batalha entre segurança e uma experiência de onboarding fluida parece interminável. 

Cada novo passo de verificação parece afastar um jogador do seu primeiro depósito. Mas e se esse trade-off não for uma regra, e sim um sintoma de tecnologia ultrapassada?

Verificação de identidade: da validação à autenticação

Um fluxo de verificação de identidade eficaz não é um processo monolítico. Ele é uma pipeline composta por módulos especializados que operam em sequência para maximizar a precisão, velocidade e segurança.

Isto é, como primeiro módulo, trazemos a principal fonte de falhas em um fluxo de KYC: a baixa qualidade da imagem do documento submetida pelo usuário. Fatores como câmeras de baixa resolução, iluminação deficiente, reflexos (glare) e falta de foco são variáveis incontroláveis que levam à rejeição e abandono do processo.

Em vez de rejeitar a imagem, um sistema avançado inicia um pipeline de aprimoramento em tempo real, através de:

* Modelos de IA para análise de qualidade: o sistema primeiro avalia a imagem em busca de problemas comuns como desfoque, brilho excessivo e baixo contraste.

* Algoritmos de reconstrução: com base na análise, algoritmos específicos são aplicados para corrigir digitalmente a imagem, incluindo a remoção de reflexos, ajuste de brilho e contraste, e aplicação de filtros de nitidez.

O objetivo é "normalizar" o input visual, garantindo que a imagem, independentemente de sua qualidade original, seja otimizada para a próxima etapa: a extração de dados.

* Impacto no negócio: aumento imediato na taxa de sucesso do primeiro passo do funil. A tecnologia se adapta à realidade do usuário, e não o contrário, o que propõe acessibilidade para a totalidade da base de clientes, independentemente do dispositivo utilizado.

Módulo 2: captura e análise de dados com OCR avançado

A extração de texto via Reconhecimento Óptico de Caracteres (OCR) é apenas o começo. O verdadeiro problema reside na rigidez da comparação de strings.

Um sistema que não consegue reconhecer que 'Jose da Silva' no documento é a mesma pessoa que 'José Silva' no formulário de cadastro está programado para gerar falsos-negativos.

A solução vai além do OCR, implementando uma camada de inteligência de dados que conta com:

* Normalização algorítmica: antes da comparação, os dados extraídos são normalizados. O sistema entende e ajusta variações comuns em nomes brasileiros, como a remoção ou adição de preposições ('de', 'da', 'dos'), abreviações e a ordem dos sobrenomes.

* Flexibilidade de formato: o sistema é treinado para reconhecer e padronizar diferentes formatos de data e outros campos, evitando rejeições por detalhes triviais.

Essa camada de interpretação transforma dados brutos em informações estruturadas e flexíveis, prontas para uma validação precisa.

* Impacto no negócio: redução drástica da taxa de falsos-negativos. Clientes legítimos não são mais barrados por pequenas inconsistências, o que protege a receita e melhora a percepção da marca.

Módulo 3: biometria, liveness e validação multivetorial

Confirmar a identidade requer a garantia de que (A) o usuário é uma pessoa real e presente e (B) o rosto dessa pessoa corresponde ao documento apresentado, que por sua vez é autêntico.

Prova de vida e prevenção de fraudes

A tecnologia de Liveness Detection (Prova de Vida) passiva permite frustrar ataques de apresentação sofisticados em tempo real, sem exigir ações do usuário.

O sistema é projetado para detectar e bloquear as seguintes tentativas de fraude:

* Fotos e impressões: uso de fotografias impressas em papel ou digitais

* Vídeos e replays: apresentação de vídeos de um usuário legítimo em uma tela de outro dispositivo

* Máscaras 2D e 3D: tentativas de burlar o sistema com máscaras realistas

* Deepfakes: manipulações de vídeo geradas por IA

Validação cruzada e precisão técnica

O sistema executa a "tríplice verificação" em milissegundos:

1) O vetor facial da selfie é comparado com o rosto na foto do documento (já aprimorada pelo Módulo 1)

2) Os dados do documento (extraídos pelo Módulo 2) são validados em tempo real contra bancos de dados governamentais (como a Receita Federal)

3) A autenticidade do documento em si é verificada contra padrões conhecidos

A tecnologia de reconhecimento facial opera com uma precisão superior a 99.7%, mensurada por duas métricas técnicas principais:

* Taxa de falsa aceitação (FAR - False Acceptance Rate): a probabilidade de o sistema identificar incorretamente um indivíduo não autorizado como um usuário legítimo. A FAR é configurável e pode atingir níveis extremamente baixos, como 1 em 1.000.000, para casos de uso de alta segurança.

* Taxa de falsa rejeição (FRR - False Rejection Rate): a probabilidade de o sistema não reconhecer um usuário legítimo. Os algoritmos são otimizados para minimizar o atrito, mantendo uma FRR baixa sem comprometer a segurança.

Arquitetura de verificação: 1:1 vs 1:N

A solução deve suportar dois casos de uso distintos que atendem a diferentes necessidades operacionais:

* Face Match 1:1 (verificação): compara uma imagem facial recém-capturada com uma imagem ou template biométrico previamente cadastrado. É a abordagem usada para autenticação de login, confirmação de identidade em transações ou validação de documentos. A pergunta respondida é: "Esta pessoa é quem ela diz ser?".

* Face Match 1:N (identificação): compara uma imagem facial recém-capturada com um banco de dados de templates biométricos para encontrar uma correspondência. É utilizado em casos como identificação de clientes em um ambiente físico, detecção de duplicidade de cadastros ou em investigações de fraude. A pergunta respondida é: "Quem é esta pessoa?". A arquitetura de alta performance permite realizar buscas 1:N em milhões de faces em menos de um segundo.

* Impacto no negócio: segurança e compliance em nível máximo, mitigando fraudes de forma proativa e garantindo a conformidade com as regulações mais exigentes. A robustez do processo constrói uma base de usuários segura e confiável.

Módulo 4: performance eficiente e o poder do efeito de rede

Como escalar a aquisição de usuários em um mercado onde muitos jogadores já participam de outras plataformas? Forçar um usuário já verificado a repetir o mesmo processo de envio de documentos é a maior fonte de atrito em um onboarding.

A implementação de um ecossistema de identidade reutilizável funciona através de:

* Identificação de usuário verificado: quando um novo usuário inicia o cadastro, o sistema identifica (via CPF ou outro dado) se ele já passou por um processo de KYC completo em qualquer plataforma parceira dentro da mesma rede de verificação.

* Fluxo de reautenticação rápida: em vez de solicitar documentos novamente, o fluxo é simplificado para uma nova selfie com prova de vida. O sistema realiza um Face Match para confirmar que o usuário atual é o mesmo da identidade já validada.

* Impacto no negócio: redução do tempo de onboarding em até 90% para a maior parte do mercado-alvo. A conversão se torna quase instantânea, acelerando drasticamente o crescimento e a captura de market share.

Como um sistema transforma arquitetura em KPIs

A superioridade de uma solução de Face Match não é um conceito abstrato. Ela é mensurável e reflete diretamente nos indicadores de performance que definem o sucesso de uma operação de iGaming.

Uma arquitetura de ponta, como a detalhada acima, não é um custo, mas um investimento direto na otimização dos seguintes KPIs:

* Taxa de aprovação automatizada: >99%

* Tempo médio de onboarding: <30 segundos

* Taxa de abandono no funil de KYC: redução de x% (nao sei quanto, precisamos confirmar)

* Índice de precisão de falsos-negativos: 99,7%

No final, a tecnologia deixa de ser um centro de custo para compliance e se torna o principal motor de aquisição, conversão e retenção de clientes.

Caio Brisola
Head de produto da Legitimuz, especialista em soluções de verificação de identidade e conformidade digital, oferecendo tecnologias avançadas baseadas em Inteligência Artificial para prevenir fraudes e otimizar processos de KYC (Know Your Customer) e onboarding. Suas soluções são desenvolvidas com foco em segurança, precisão e aderência às regulamentações locais.