VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 10:15hs.
Fazenda abre fiscalização

Bet do Flamengo descumpre lei e recebe apostas sobre o próximo papa

A FlaBet, casa de apostas do Flamengo, operada pela patrocinadora máster do clube Pixbet, disponibilizou apostas sobre quem será o próximo papa escolhido pelo conclave da Igreja Católica. A oferta desse tipo de mercado a apostadores descumpre a legislação brasileira. O Ministério da Fazenda reiterou que a prática é indevida e informou que abriu um processo de fiscalização.

O art. 3º da Lei 14.790, de dezembro de 2023, que estabeleceu as diretrizes para o funcionamento das bets, só permite apostas em eventos reais relacionados a competições esportivas e a jogos virtuais online. Apostas em eventos de outras naturezas, como políticas, são proibidas.

O Ministério da Fazenda reiterou que a prática é indevida e informou que abriu um processo de fiscalização. A Pixbet atribuiu o caso a um “erro operacional no provedor internacional de mercados” e removeu apostas no papa após procurada pelo Estadão. O Flamengo não comentou.

O site da FlaBet disponibilizou apostas no sucessor de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, dentro de uma seção que batizou de “competições políticas”. A página recebeu ainda apostas sobre eleições canadenses, o que também afronta a principal lei das bets.

Na bolsa de apostas da FlaBet, o cardeal italiano Pietro Parolin aparecia como o favorito. A casa havia prometido pagar o triplo do valor apostado, caso ele seja eleito no conclave.

Caso o escolhido para comandar a Igreja Católica seja o húngaro Péter Erdo, a FlaBet prometia pagar nove vezes o valor depositado. Para os papáveis menos prováveis, a bet prometeu até 35 vezes o valor da aposta.

Em nota, a Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda (SPA-MF) informou que já havia identificado o problema e abriu um processo de fiscalização.

A empresa será notificada para retirar do seu site todas as apostas que não sejam autorizadas pela legislação, uma vez que somente apostas em eventos esportivos e jogos on-line estão autorizadas no âmbito das apostas de quota fixa”, destacou a secretaria.

O Art. 41 da Lei 14.790 prevê penalidades que podem variar de advertência, multa de até R$ 2 bilhões a cassação da licença recebida do governo para explorar apostas.

Procurada pela reportagem, a Pixbet informou que “a disponibilização inicial decorreu de erro operacional no provedor internacional de mercados, que, embora certificado e autorizado a prover eventos esportivos e de jogos online no Brasil, incorreu equivocadamente na exposição desses mercados especiais, cuja veiculação é restrita pela legislação nacional”.

Também pontuou que “ao tomar ciência da exposição indevida do mercado relacionado ao evento não esportivo (especificamente apostas sobre o próximo papa), adotou imediatamente todas as providências necessárias para remover tal mercado da plataforma”.

A exposição irregular dos referidos mercados foi indevida e involuntária, e não reflete a política de conformidade da empresa, que atua de forma diligente para respeitar todos os marcos regulatórios vigentes”, destacou a nota da empresa.

A FlaBet é operada pela Pixbet Soluções Tecnológicas, empresa da Paraíba que é a principal patrocinadora do Flamengo. Para estampar o maior destaque do uniforme do clube carioca, a marca vai pagar R$ 470 milhões em quatro anos, até 2027, segundo disposto na parceria comercial anunciada.

A Pixbet pertence ao empresário paraibano Ernildo Junior de Farias Santos. Como mostrou o Estadão, ele trabalha na construção de uma força política com lideranças do Centrão a partir do interior da Paraíba.

Junior, como é chamado, trabalhou para emplacar um amigo da estrita confiança, Alexandre Marques (União), como prefeito de sua cidade natal, Serra Branca, na região do Cariri. O prefeito era presidente do time de futebol comprado por Ernildo e disputou uma eleição pela primeira vez em 2024.

Fonte: Estadão