Não costumo pedir que compartilhem meus textos. Acredito que as coisas devem acontecer de forma orgânica. Mas hoje abro uma exceção.
Este texto é um convite, feito de forma simples, para que pessoas de outros setores da nossa economia compreendam melhor os riscos trazidos pelas operações ilegais de jogos e apostas no Brasil.
Vivemos um momento de transformação. A evolução social e tecnológica abriu novas fronteiras para o entretenimento e o mercado de apostas é parte disso. Desde 2020, especialmente, essa indústria tem crescido rapidamente no Brasil.
Como acontece com qualquer novo objeto de consumo, passamos agora por etapas que mercados mais maduros já superaram: desde a evolução técnica das plataformas até o comportamento dos jogadores.
A legalização em 2018 foi um passo fundamental para o alinhamento cultural. Ela oficializou um hábito já presente no cotidiano do brasileiro. A regulamentação, finalmente publicada em 2023, foi fruto direto do esforço do próprio setor que, por cinco anos, cobrou do poder público regras claras, mecanismos de controle e segurança jurídica.
Durante esse vácuo regulatório, no entanto, surgiram diversas práticas e operações publicitárias que distorceram a imagem do setor. E isso afetou diretamente as empresas que operam dentro da lei: aquelas que seguem normas rígidas, cumprem com obrigações fiscais, promovem o jogo responsável, combatem a lavagem de dinheiro e ajudam a proteger a integridade do esporte.
É importante dizer com todas as letras: os problemas mais graves estão nas operações ilegais.
São elas que facilitam o acesso de menores de idade, operam sem qualquer controle ou transparência, não oferecem nenhum tipo de suporte para pessoas compulsivas que direcionam sua compulsão ao jogo.
Um estudo recente do IBJR - Instituto Brasileiro de Jogo Responsável revelou que o Brasil perde dezenas de bilhões de reais por ano por não combater essas operações ilegais, que hoje somam milhares de sites, frente a menos de 200 empresas que operam de forma regulada.
O combate ao mercado ilegal é urgente.
Atacar quem segue as regras só enfraquece a arrecadação, estimula a clandestinidade e piora a situação. É preciso mobilizar a sociedade e o legislativo para focar no verdadeiro problema.
O mercado regulado — aquele cujos números assustam —, na prática, representa uma fatia modesta da economia nacional. O lucro de todas as empresas reguladas do setor, somadas, não chega sequer ao lucro de uma única instituição bancária líder do país.
Ignorar esse cenário é um erro estratégico.
O Brasil não pode mais perder tempo combatendo o lado certo da equação.
É preciso mirar onde está o verdadeiro risco: nos sites sem licença, sem controle técnico, sem verificação laboratorial e sem qualquer proteção ao consumidor.
A luta deve ser contra o ilegal.
E nisso, todos nós — setor, governo, imprensa e sociedade — precisamos estar do mesmo lado.
Fellipe Eduardo Fraga
Diretor de negócios e relações institucionais da EstrelaBet