VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 07:15hs.
Eduardo Ludmer, head do departamento jurídico da BetMGM

“Restrições excessivas a influenciadores de apostas legais podem impulsionar o mercado ilegal”

Em maio, o Senado aprovou uma série de novas restrições à comercialização de apostas, incluindo a proibição de anúncios de influenciadores. Em artigo publicado pelo iGB, Eduardo Ludmer, head do departamento jurídico da BetMGM, alertou que impedir influencers de fazer propaganda para operadores de jogos de azar no Brasil pode levar consumidores ao mercado negro.

A controvérsia em torno do marketing de influência para atividades de jogos de azar prejudicou o lançamento do setor de apostas licenciadas no Brasil este ano, tornando-se um dos principais focos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar os impactos das apostas na população.

Em junho, o delegado de polícia do estado de Alagoas, Lucimério Barros Campos, alegou que a publicidade de influenciadores era enganosa e aplicava golpes aos apostadores. Além disso, a relatora da CPI, Soraya Thronicke, buscou indiciar influenciadores notáveis como Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra em seu relatório final.

No entanto, a CPI chegou a uma conclusão desfavorável, tornando-se a primeira CPI em uma década a ter seu relatório rejeitado. Fonseca e Bezerra escaparam por pouco de indiciamentos por acusações como fraude e jogos de azar ilegais.

Também entre as recomendações rejeitadas estava a proibição do controverso caça-níquel de temática asiática Fortune Tiger, que tem sido associado a esquemas prejudiciais de marketing de influência.

Em relação ao escândalo e aos apelos mais amplos por medidas de marketing mais rigorosas para jogos de azar, o Senado posteriormente buscou restringir ainda mais a publicidade, incluindo a proibição do uso de influenciadores.

Mas, embora a pressão sobre a publicidade de influenciadores tenha sido substancial, o head jurídico da BetMGM, Eduardo Ludmer, está preocupado que novas restrições ao uso de influenciadores por operadores licenciados possam empurrar os jogadores para o mercado negro.

Impor restrições excessivas a influenciadores que trabalham com operadores legais pode, inadvertidamente, fortalecer precisamente o mercado que buscamos suprimir: o setor ilegal, que opera sem responsabilização, desconsidera o bem-estar dos jogadores e prejudica a integridade e a reputação do setor como um todo”, afirma Ludmer.

Operadores devem ser responsáveis com anúncios de influenciadores

No entanto, Ludmer enfatiza a importância de os operadores assumirem a responsabilidade ao utilizar influenciadores. Ele acredita que essas parcerias podem servir como uma ferramenta útil para o mercado licenciado se diferenciar dos operadores ilegais.

Ludmer aponta para um estudo recente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável, que constatou que 78% dos brasileiros têm dificuldade em diferenciar sites legais de ilegais.

O uso de influenciadores no setor de apostas exige um alto nível de responsabilidade e atenção por parte dos operadores, especialmente quando consideramos o alcance e o impacto que uma única publicação ou campanha pode ter em públicos diversos”, continua.

Esses indivíduos desempenham um papel fundamental na disseminação de uma mensagem vital: apostar não é um investimento financeiro, mas uma forma de entretenimento que deve ser apreciada com responsabilidade e consciência".

Acreditamos que, com diretrizes claras e uma supervisão eficaz, este canal pode servir como uma ferramenta poderosa para demonstrar o compromisso do setor com a transparência e o Jogo Responsável”.

O setor de apostas licenciadas tem sofrido enorme pressão ultimamente. Além das novas restrições à publicidade, o setor enfrenta atualmente um aumento do imposto sobre jogos de azar para 18% do valor bruto total (GGR).

Mercado ilegal é a principal preocupação das operadoras no Brasil

O alerta de Ludmer é mais um lembrete da batalha contínua que as operadoras licenciadas travam contra a concorrência desleal do mercado negro.

Atualmente, o diretor-gerente da H2 Gambling Capital, Ed Birkin, estima que cerca de 30% do mercado de apostas no Brasil seja offshore.

Ludmer enfatiza que, para que o mercado regulado brasileiro tenha sucesso e alcance seu potencial claramente enorme, a canalização para ofertas legais deve ser um objetivo primordial.

Para que o ambiente regulatório seja saudável e sustentável, é essencial que a maioria dos apostadores esteja no mercado legal, o que só acontece quando há equilíbrio entre tributação, atratividade da oferta e mecanismos eficazes de combate à ilegalidade”, acrescenta Ludmer.

O importante é que o modelo regulatório seja estruturado de forma a incentivar continuamente os consumidores a migrarem para o ambiente regulado, garantindo concorrência justa e prevenção de fraudes financeiras. lavagem de dinheiro e proteção ao jogador”.

Fonte: iGB