Games Magazine Brasil – Como começou sua trajetória no setor de apostas?
Carol Luna – Sou advogada e atuo com compliance desde 2019, sempre com foco em integridade, ética corporativa e prevenção à lavagem de dinheiro.
Nos últimos quatro anos, direcionei minha carreira para o setor de iGaming, onde tive a oportunidade de liderar a estruturação e consolidação de áreas de compliance em operadores de grande relevância nacional, como a NSX, atualmente Flutter Brasil, que abrange marcas conhecidas como Betnacional.
Essa experiência me permitiu conhecer profundamente os desafios e as oportunidades regulatórias do mercado brasileiro, além de desenvolver uma visão muito prática sobre como implementar políticas de integridade que sejam, ao mesmo tempo, eficientes e aderentes à realidade do setor.
Quais medidas de integridade a empresa adota?
O Esportes Gaming Brasil já possui uma cultura de integridade bastante consolidada, e nosso compromisso é aprimorar continuamente as ferramentas e os processos que sustentam essa cultura. Um dos recursos que utilizamos é o sistema MTS da Sportradar, que é referência internacional no monitoramento de integridade esportiva.
Essa tecnologia nos permite identificar movimentações suspeitas em tempo real, ampliando significativamente nossa capacidade de reação a comportamentos atípicos no mercado. Além disso, trabalhamos com protocolos rígidos de due diligence, políticas internas de prevenção a crimes financeiros, e um programa contínuo de treinamento e conscientização para todos os colaboradores, garantindo que a integridade seja um valor transversal a todas as áreas do grupo.
Você chegou recentemente à posição de head de compliance. Qual é o seu principal objetivo nesse início?
Meu principal objetivo é reforçar e evoluir a cultura de compliance que já existe no grupo, estruturando processos cada vez mais robustos, com foco em governança, integridade e mitigação de riscos. Quero garantir que o Esportes Gaming Brasil continue sendo uma referência de transparência e responsabilidade, tanto no relacionamento com os reguladores quanto com os nossos usuários e parceiros.
Isso envolve desde a adequação a normas regulatórias em constante evolução até a implementação de controles internos mais sofisticados, sempre com o cuidado de reduzir fricções operacionais e contribuir para a confiança do mercado e a sustentabilidade do negócio a longo prazo.
Como o Esportes Gaming Brasil atua para promover o Jogo Responsável?
O Jogo Responsável é um dos pilares do nosso programa de compliance. Contamos com ferramentas tecnológicas de autoexclusão voluntária, limites de depósito e tempo de uso, além de monitoramento comportamental ativo, que nos permite identificar padrões de risco e agir preventivamente.
Também temos uma rede de apoio que direciona jogadores a serviços de ajuda quando necessário, e investimos em campanhas educativas permanentes para conscientizar sobre o uso saudável da plataforma.
Paralelamente, temos parcerias estratégicas com entidades especializadas em ludopatia, como EBAC e IAA, reforçando nosso compromisso com a prevenção e com a proteção dos usuários. O objetivo é criar um ecossistema seguro, no qual o entretenimento não comprometa a saúde financeira ou emocional do apostador.
Qual a relevância do Sports Tech Summit: Integridade, Inovação, Inteligência para o setor?
O Sports Tech Summit é um evento de alto nível, que reúne lideranças empresariais, especialistas técnicos e autoridades públicas em torno de temas estratégicos para o futuro do setor. A presença de representantes do Ministério da Fazenda, Ministério dos Esportes e outras entidades reguladoras reforça a seriedade do debate e a urgência de uma regulamentação moderna e eficaz.
Para o setor, eventos como esse são fundamentais para construir reputação institucional, trocar experiências com outros players globais e demonstrar que o Brasil está preparado para atuar com integridade, inovação e inteligência regulatória. Para nós, participar é uma forma de reafirmar o compromisso do Esportes Gaming Brasil com uma agenda de desenvolvimento sustentável e responsável.
Você participará da mesa "Impactos Regulatórios nas Apostas Esportivas no Brasil". Qual será sua contribuição para o debate?
Pretendo contribuir trazendo uma visão prática sobre como o setor pode se preparar para uma regulamentação que combine integridade, competitividade e proteção ao consumidor.
Vou destacar o que já estamos implementando no Esportes Gaming Brasil para nos alinhar às melhores referências internacionais: desde sistemas de integridade esportiva, programas de prevenção à lavagem de dinheiro, até iniciativas de jogo responsável e governança corporativa. Quero mostrar que é possível, sim, construir um ambiente regulatório que estimule a inovação, mas que seja, ao mesmo tempo, rigoroso na defesa dos princípios éticos e da segurança do mercado como um todo.
Qual o debate central deste painel?
O painel vai tratar do avanço do marco regulatório no Brasil, com foco nos impactos que ele trará para a integridade das operações, a conformidade dos operadores e o crescimento sustentável do setor.
Um ponto muito importante será o combate ao mercado ilegal, que hoje representa um risco significativo tanto para os usuários quanto para a reputação do setor como um todo. Discutiremos também como garantir que os novos regulamentos consigam, de fato, promover um ambiente competitivo saudável, com regras claras e mecanismos eficazes de supervisão.
Como está a relação com a SPA atualmente?
A relação com a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) tem evoluído de forma bastante positiva. Observamos um amadurecimento no diálogo entre os operadores e o órgão regulador, com mais clareza nos processos e maior abertura para a troca de informações técnicas.
Um reflexo disso é a recente aprovação que recebemos para incluir uma terceira marca em nossas operações, o que demonstra confiança e reconhecimento por parte da SPA em relação ao nosso comprometimento com a conformidade. Seguimos empenhados em construir uma relação sólida, colaborativa e baseada em transparência, sempre com o objetivo de contribuir para o fortalecimento institucional do mercado regulado.
Fonte: Exclusivo: GMB