Games Magazine Brasil – Cada vez mais se fala em integridade esportiva em relação às apostas. O que significa para você estar em um evento da GovRisk e Genius Sports discutindo um tema tão relevante?
Giovanni Rocco Neto – É de suma importância estar presente em eventos como esse para falar sobre integridade no esporte. Todo esse processo de regulamentação das apostas esportivas nasceu em 2018 com a legalização da atividade e voltada para o esporte. Por isso, a integridade precisa ser protegida, pois sem o esporte e a integridade, as apostas perdem valor.
O que temos de mais valioso neste processo são os atletas. Sem eles não terão apostas esportivas. Proteger a integridade, a verdade no resultados nos jogos e os atletas, com informação e capacitação, para que entendam se só tem um caminho correto, o da integridade, para eles não se corromperem. Além disso, temos de combater esse crime que acontece em face das apostas esportivas.
Como o Ministério do Esporte vem se envolvendo neste processo de clarificar o tema e proteger entidades esportivas, atletas e o próprio ecossistema de apostas esportivas?
Estamos construindo com os Ministérios da Fazenda e da Justiça é a Política Nacional de Combate à Manipulação de Resultados. Como é um assunto novo e todos os problemas que temos hoje em relação a esse assunto são oriundos da falta de regulamentação pelo governo Bolsonaro. O que o governo passado não fez em quatro anos, fizemos em um, num mercado do tamanho do Brasil, que já é considerado o segundo maior do mundo.
Então, estamos elaborando a Política Nacional de Combate à Manipulação de Resultados porque é preciso de ação na ponta com as polícias, capacitando-as, pois, é um crime complexo e transnacional. Campeonatos estaduais são investigados pela Polícia Civil. Já o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, quem investiga são as Superintendências da Polícia Federal no local onde aconteceu a partida. Precisamos instruir as polícias, junto com o Ministério Público, para que o processo seja bem conduzido. Ao mesmo tempo, temos de levar informações para os atletas, formando-os para o caminho da integridade.
Além disso, temos a missão de entregar estrutura. Os recursos oriundos dos impostos gerados pela atividade precisam chegar no Ministério do Esporte para que tudo isso seja feito. É uma construção conjunta de todo o governo e principalmente com o mercado. O mercado precisa entender que isso é importante e que sem isso a estrutura de todas as apostas esportivas fica comprometida.
Como mostrar para a sociedade que a manipulação de resultados causa prejuízo para as casas de apostas?
Essa questão tem de ser abordada pelo próprio mercado. Ele deve fazer essa discussão dessas perdas. O que nos cabe é proteger o povo brasileiro, os atletas e os apostadores. Na outra ponta, o mercado deve fazer seu papel para mostrar essas questões.
Vale lembrar que a manipulação de resultados acontece no mundo inteiro. Quanto mais se trabalhar para combater, melhor?
Com certeza. É um crime transnacional. As vezes o manipulador está aqui no Brasil e o jogo está acontecendo no exterior. Outras vezes, é o contrário. Então, a cooperação internacional, entre as polícias e estrutura de fiscalização e de investigação é no que estamos trabalhando.
E também acordos de cooperação técnica com entidades de combate à manipulação?
Isso é o que já fizemos e temos entregas. Deixo aqui o meu agradecimento às instituições de integridade pela parceria com o governo brasileiro para fazer a entrega dessas informações.
Têm sido produtivos os resultados?
Com certeza. Hoje, o que temos de estrutura de detecção são as informações que as casas de apostas mandam para o Ministério da Fazenda e os acordos de cooperação técnica com as entidades de integridade.
Fonte: Exclusivo GMB