Games Magazine Brasil – O que significa falar para toda a comunidade dos esportes e das apostas sobre integridade?
Guilherme Buso – A Genius Sports, desde o início do processo de regulamentação das apostas esportivas, entendeu que era o momento de trabalhar não só a parte comercial de nosso escopo de fornecimento, mas colaborar de forma proativa com a integridade no esporte aqui no Brasil. Por isso estamos na quarta edição do evento da Genius Sports com o GovRisk.
Mas desta vez ampliamos o escopo de nossa presença, discutindo também novas tecnologias e inteligência. Tanto que o evento mudou de nome, que em 2025 passou a se chamar Brasil Sports Tech Summit, e para onde trouxemos nossa solução inovadora de impedimento semiautomático (Tecnologia Semiautomatizada de Impedimento - em inglês: SAOT - Semiauthomatic Offside Technology).
Como ele funciona e qual a expectativa da Genius Sports com relação a esse produto para todo o mercado mundial?
É usar a tecnologia para acabar com as dúvidas. Sabemos que no Brasil e em qualquer lugar do mundo, o impedimento é definido por milímetros e é muito difícil para o árbitro na beira do campo tomar uma decisão. E as vezes as câmeras usadas no VAR também não conseguem medir precisamente.
A Genius tem essa tecnologia. São câmeras que chamamos de GeniusIQ, instaladas nos estádios e conseguem fazer o trackeamento de tudo o que acontece no campo, desde a movimentação dos atletas e o esqueleto do jogador. Com essa precisão conseguimos identificar em tempo real se há impedimento ou não ou se a bola passou da linha do gol ou não.
Essa tecnologia foi oficialmente aplicada na Premier League, que já utiliza a solução, e agora estamos trazendo o SAOT para a Liga MX, no México. É uma tecnologia inovadora e até mesmo relevante para acabar com as dúvidas. Estamos muito felizes em apresentar essa solução também aqui no Brasil.
Envolve um grande investimento em hardware. Como colocar tantas câmeras em tantos estádios de futebol?
Parece uma coisa enorme, mas não é. Usamos iPhones, que espalhamos pelos estádios interligados por internet para captar um número infinito de dados e transformar não só em informação, mas também em virtualização do jogo, para poder identificar impedimentos, no caso da solução semiautomática de impedimento.
Mas essa tecnologia também permite uma melhor análise de desempenho em campo. É possível identificar quanto tempo o jogador percorreu no campo, a velocidade da bola, do chute. Com isso, se pode mapear taticamente as equipes dentro de campo. São hardwares que conseguem entregar muito para o esporte como um todo. Essa tecnologia já está em uso na NFL, Premier League e também no basquete.
Como é a configuração? Os equipamentos são fixos?
É preciso ser fixo, pois a cada instalação é feita uma calibração para garantir precisão. A câmera é calibrada e se for fazer instalação a cada jogo, perde-se um pouco da precisão. O ideal é que elas sejam instaladas nos estádios.
Esse sistema está integrado a outras ferramentas da Genius Sports, como o BetVision?
Sem dúvida. A partir do momento em que temos essas câmeras, conseguimos trazer inputs de dados para nossa tecnologia que vai servir às casas de apostas.
No caso da NFL, por exemplo, o BetVision permite uma camada extra de engajamento, que é a realidade aumentada. Você consegue ter os jogadores dentro do campo com o nome deles aparecendo na transmissão e alguns filtros, que permitem inclusive clicar sobre o seu nome e fazer uma aposta, pois o sistema dá os mercados e estatísticas.
Permite também microapostas?
Sim. O usuário pode apostar, por exemplo, em quem vai fazer o próximo touchdown. Tendo uma gama maior de dados, isso vai trazer inovação não só para o mundo do esporte, mas também para o iGaming, onde a Genius trabalha. Somos experts em dados em tempo real, o que beneficia o esporte e as casas de apostas.
Quando esse sistema estará disponível no Brasil?
Estamos trabalhando nisso. Dependemos de relações diretamente com as federações e clubes, mas a aceitação tem sido incrível. Agora, precisamos finalizar os acordos e colocar o projeto em prática. Isso leva tempo e não é tão simples, pois há uma série de demandas.
Mas não tenho dúvida que é uma tecnologia incrível já disponível na América Latina através da Liga MX e para casas de apostas que estão naturalmente plugadas em nosso feed e usufruindo desse sistema em competições espalhadas pelo mundo.
Podemos esperar essa solução para o Brasileirão 2026?
Seria um sonho e muito legal ser responsável por essa tecnologia no Brasileirão, mas depende também do esforço coletivo dentro do cenário esportivo brasileiro para oferecer isso de uma forma mais completa para os apostadores.
Fonte: Exclusivo GMB