O país assumiu a liderança regional em receitas com iGaming, respondendo por 57% do total movimentado na América Latina.
Paralelamente ao crescimento do volume financeiro transacionado, a arrecadação tributária segue o mesmo rumo: apenas no primeiro semestre foram recolhidos R$4,7 bilhões em impostos oriundos de plataformas legalizadas. O número de jogadores ativos também impressiona, ultrapassando 17,7 milhões de usuários, com predominância dos perfis jovens e urbano-digitais.
O impulso vivido pelo mercado de apostas online também reverbera fortemente no segmento de cassinos virtuais, que tem atraído uma nova camada de usuários em busca de experiências diversificadas no ambiente digital. O aumento da oferta e da regulamentação tem estimulado o acesso a algumas das melhores plataformas de cassino online, que concentram hoje uma parte expressiva do engajamento dos jogadores nacionais, especialmente nas faixas etárias entre 25 e 40 anos.
Esses ambientes oferecem um leque abrangente de jogos, de roletas e mesas de blackjack até títulos com inteligência artificial e crupiês ao vivo —, apelando não só aos veteranos do setor, mas também a um público feminino em crescimento, que hoje já representa 28% da base ativa de participantes. Parte desse avanço também se apoia na acessibilidade oferecida por smartphones e nas facilidades de pagamento via Pix, que responde por mais de 60% das transações realizadas.
O crescimento do mercado se sustenta, em boa medida, na infraestrutura digital do país. Segundo levantamentos recentes do próprio setor de tecnologia financeira, mais de 70% das apostas online realizadas no primeiro semestre de 2025 ocorreram via dispositivos móveis, como smartphones e tablets. A mobilidade, aliada à velocidade das conexões 5G em grandes centros urbanos e à integração com carteiras digitais, transformou a maneira como os brasileiros interagem com o entretenimento financeiro.
A predominância do Pix como principal meio de pagamento também se destaca. A agilidade do sistema instantâneo e sua ampla aceitação entre as plataformas têm permitido um fluxo mais fluido de transações. Isso ajuda não apenas a dinamizar a atividade no sistema, mas também a garantir maior controle e rastreabilidade das operações, um fator que facilita a atuação de órgãos reguladores e da Receita Federal.
Fintechs especializadas em operações seguras de pagamento, autenticação biométrica e verificação de identidade têm sido peças-chave nesse arranjo, reduzindo a incidência de fraudes e solidificando um ambiente mais confiável tanto para operadores quanto para usuários.
Um dos aspectos mais relevantes para o amadurecimento do setor de jogos online no Brasil tem sido o avanço da regulamentação federal e estadual. A clareza jurídica, que até poucos anos atrás era escassa, permitiu não só a atuação de empresas nacionais e estrangeiras com maior segurança, como também impulsionou a arrecadação fiscal.
No primeiro semestre deste ano, os cofres públicos receberam R$4,7 bilhões em tributos apenas de plataformas autorizadas. Especialistas do setor avaliam que esse número pode dobrar até 2026, principalmente se mantiver-se o ritmo atual de migração de jogadores de ambientes não regulamentados para plataformas reconhecidas pela legislação.
A normatização também pressionou por práticas mais transparentes no mercado, exigindo não só informes regulares de desempenho financeiro às autoridades, mas também o cumprimento de padrões técnicos e de cibersegurança. Isso elevou a confiança dos usuários e criou um ambiente mais competitivo entre os operadores, que hoje disputam a preferência do consumidor com serviços mais sofisticados.
Apesar dos avanços, o setor ainda convive com a sombra da informalidade. Estima-se que centenas de sites de apostas continuem operando sem autorização no país, muitas vezes baseados no exterior. Ações de bloqueio judicial e remoção de conteúdo têm aumentado, com autoridades locais atuando em conjunto com provedores de internet, mas o desafio segue grande em razão da velocidade com que novos domínios são criados.
A expectativa é que, com o avanço da tecnologia e uma regulamentação mais robusta, essas plataformas sejam gradualmente substituídas por operadores licenciados e auditados. Iniciativas como listas nacionais de sites autorizados, certificações digitais e convênios internacionais de monitoramento financeiro caminham nesse sentido.
Para especialistas, a chave está na combinação entre fiscalização eficiente e incentivo à legalidade, com benefícios fiscais e suporte técnico voltado às empresas que optem pela regularização. A entrada de grandes grupos internacionais no país também indica uma tendência de profissionalização e consolidação do mercado, o que pode dificultar ainda mais as ações de operadores clandestinos.
O cenário atual revela uma indústria em transformação. A digitalização e a democratização do acesso têm ampliado o leque de consumidores, ao mesmo tempo em que a diversificação dos produtos oferecidos alinha o Brasil com as principais tendências do mercado global de entretenimento digital.
Enquanto categorias como apostas esportivas e cassinos ao vivo experimentam auge de popularidade, outras modalidades emergem no horizonte: desde jogos baseados em blockchain até experiências com realidade aumentada. A construção de ecossistemas gamificados, que misturam lazer, tecnologia e operações financeiras, já é uma realidade em mercados mais maduros e começa a ganhar terreno entre operadores brasileiros.