MAR 21 DE MAYO DE 2024 - 05:12hs.
Fabio Tibéria, consultor em blockchain e iGaming

“É impensável setor de apostas e jogos no Brasil ficar de fora da tendência global das criptos”

A portaria que trata de transações de pagamentos para o segmento de iGaming proíbe a utilização de criptomoedas. Fabio Tibéria, especialista dedicado ao tema de blockchain, analisa com exclusividade para o GMB a medida e afirma que é um contrassenso fugir à tendência global de descentralização e que a integração cripto no sistema econômico brasileiro, incluindo o mercado de apostas esportivas, poderia significar um avanço para a economia digital.

À medida que o espectro global financeiro evolui, as criptomoedas emergem não apenas como meros instrumentos de pagamento, mas como agentes de transformação socioeconômica, em especial no combate à desbancarização.

A institucionalização das criptomoedas, exemplificada pelos ETFs de Bitcoin lançados nos Estados Unidos e em Hong Kong, reflete sua integração inegável no cenário financeiro mundial. O "ouro digital" sinaliza uma nova era econômica, desafiando o domínio de políticas monetárias tradicionais e abrindo caminho para uma política econômica deflacionária.

Neste cenário promissor, é impossível ignorar o papel das criptomoedas como um contrapeso à "exclusão financeira". Em países como El Salvador, a adoção do Bitcoin como moeda legal não é somente uma iniciativa econômica, mas também uma estratégia de inclusão financeira para aqueles marginalizados pelos sistemas bancários convencionais. Esta é uma resposta inovadora à necessidade de democratização do acesso financeiro, onde a blockchain serve como ferramenta de empoderamento econômico.

O Brasil, com sua visão atenta ao "mundo cripto", enfrenta o desafio da "marginalização bancária", uma realidade que compromete a liberdade econômica de sua população. O crescente número de cidadãos enfrentando restrições creditícias é uma preocupação nacional, limitando não apenas o acesso ao mercado de apostas, mas também a uma variedade de serviços telemáticos essenciais.

Cripto é mais do que um método de pagamento

A decisão de proibir as criptomoedas como meio de transação nas apostas esportivas brasileiras pode ser vista sob diversas perspectivas, mas é crucial entender que as criptomoedas transcendem a função de simples métodos de pagamento.

Elas representam uma oportunidade para combater a desbancarização, oferecendo uma alternativa aos que são excluídos do sistema bancário tradicional. As experiências em diferentes continentes, como na África através das criptomoedas, ampliaram o acesso às transações financeiras, promovendo uma democratização no manejo de recursos econômicos.

A descentralização, característica inerente das criptomoedas, promove uma independência financeira com um nível de controle e transparência inédito. A imutabilidade das transações na blockchain representa um avanço significativo em termos de integridade e segurança financeira.

A integração das criptomoedas nos sistemas econômicos nacionais, incluindo o mercado de apostas esportivas, poderia significar um avanço para a economia digital brasileira, ao mesmo tempo que combate a exclusão financeira.

No entanto, a restrição atual levanta a questão sobre como o Brasil irá harmonizar a regulamentação emergente com o potencial das criptomoedas para fomentar a inclusão das apostas esportivas como forma de entretenimento disponível para toda a população brasileira. Isso garantiria a igualdade de acesso às ferramentas financeiras, assegurando o direito de cada indivíduo de exercer sua liberdade e dignidade dentro do contexto socioeconômico, sem qualquer forma de discriminação.

Ambiente transparente e democratizado

A previsão é que as plataformas de apostas esportivas e jogos de cassino na blockchain, conduzidas pela tendência de mercado e pelo avanço da Web 3.0, se tornem cada vez mais prevalentes.

A tecnologia blockchain promete um ambiente de apostas esportivas transparente e democratizado, onde as cotas são determinadas pela interação direta entre oferta e demanda dos usuários, sem as barreiras impostas pelos sistemas financeiros tradicionais.

É imperativo que o Brasil considere as criptomoedas não só como um meio de transação, mas também como uma estratégia para a inclusão financeira e a revitalização do sistema econômico.

A adesão às criptomoedas como uma forma de mitigar a desbancarização e promover a autonomia financeira poderia posicionar o país como um líder inovador no aproveitamento da tecnologia digital para o desenvolvimento social e econômico.

Mercado negro

A recusa em enquadrar as criptomoedas como sistema de pagamento pode, paradoxalmente, estimular atividades de mercado negro em um ecossistema que transcende fronteiras jurídicas, evadindo qualquer forma de controle tradicional.

Por outro lado, a adoção de criptomoedas pode ser uma decisão astuta, permitindo o desenvolvimento de protocolos de controle e de tecnologia mais avançados, combatendo a desbancarização e incentivando uma economia mais inclusiva e transparente.

Fabio Tiberia
Consultor técnico-jurídico-operacional com quase 20 anos de experiência no setor tecnológico e do igaming, destacando-se em criptomoedas, blockchain e contratos inteligentes. Sua empresa oferece soluções abrangentes como sistemas de pagamento diversificados, colaboração com entidades bancárias europeias, aquisição de licenças iGaming em jurisdições renomadas, desenvolvimento de software de sportsbook e cassinos, consultoria avançada em gestão de riscos, estratégias de marketing digital e personalização de layouts para operadores no mercado global. Para mais detalhes, visite www.fabiotiberia.com