VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 04:19hs.
Decisão do STF proíbe o uso de valores

ANJL vê risco de ilegalidade em bloqueio automático de beneficiários do Bolsa Família e BPC

A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) enviou à Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) uma Nota Técnica em que aponta que a nova API de Impedidos do Sistema de Gestão de Apostas (Sigap) extrapola os limites definidos pelo Supremo Tribunal Federal. A decisão proibiu apenas o uso dos valores dos benefícios sociais em apostas, mas não vedou que beneficiários utilizem dinheiro de outras fontes. As regras para barrar quem recebe Bolsa Família ou BPC foram publicadas nesta quarta (1).

Segundo o documento da Associação, enviado no dia 22 de setembro à SPA, a medida contraria decisão cautelar do STF nas ADIs 7721 e 7723, referendada pelo plenário da Corte em novembro de 2024. A decisão proibiu apenas o uso dos valores dos benefícios sociais em apostas, mas não vedou que beneficiários utilizem dinheiro de outras fontes.

A ANJL alerta que, ao bloquear de forma indiscriminada todos os beneficiários, a API inova na ordem jurídica sem respaldo legal ou judicial. O parecer cita ainda a Lei nº 13.460/2017, que garante aos usuários de serviços públicos uma prestação adequada, vedando restrições não previstas em lei. Para a entidade, a medida fere a legalidade democrática e cria um precedente perigoso para as liberdades civis.

Outro ponto destacado é que a proibição pode ter efeito contrário ao pretendido. “Ao invés de proteger os beneficiários do Bolsa Família e do BPC, acabaria empurrando apostadores para o mercado ilegal, sem mecanismos de Jogo Responsável, sem limites de tempo ou gastos e fora do alcance da fiscalização estatal. Aumentam assim os riscos de endividamento e jogo irresponsável”, afirmou o presidente da ANJL, Plínio Lemos Jorge.

A Nota Técnica conclui também que a API impõe uma restrição mais dura do que a decisão do STF, configurando possível inconstitucionalidade e ilegalidade, e chama a atenção para um ponto estrutural: a necessidade de uniformização no reporte de dados.

Embora esse aspecto ainda não esteja detalhado na regulamentação vigente, a Associação vem promovendo treinamentos, seminários, workshops e recomendações para orientar o mercado nesse processo”, explicou Lemos Jorge.

Ele lembrou ainda que o setor enfrenta uma curva de aprendizado importante na forma de reportar informações. Nesse contexto, a exigência de bloqueio e verificação em tempo real da API dos Impedidos adiciona um novo nível de complexidade aos sistemas das operadoras.

Fonte: GMB