O Brasil não está quebrando por causa das apostas. Está afundando há décadas em um modelo de crédito predatório e os dados mostram isso.
Cerca de 78% das famílias brasileiras estão endividadas. Isso representa 60 milhões de lares. Desses, 31% (mais de 18 milhões de lares) estão superendividados, ou seja, comprometem mais da metade da renda com dívidas que não conseguem pagar.
Esse é um fenômeno estrutural, agravado por:
- Juros reais mais altos do mundo: Selic acima de 10% desde 2022;
- Crédito rotativo a 440% ao ano;
- Parcelamento em 20x ou mais no varejo tradicional;
- Refinanciamentos, antecipações e empréstimos pré-aprovados, especialmente entre as classes C, D e E;
- Crescimento da base de desbancarizados reentrando no sistema via fintechs e PIX, sem filtro de crédito responsável.
O resultado?
- O setor financeiro lucrou R$ 147 bilhões em 2024.
- O varejo faturou R$ 4 trilhões, com R$ 800 bilhões em vendas parceladas.
- Nenhum desses setores é obrigado a aplicar políticas de proteção ao consumidor como autoexclusão, limites de gasto ou bloqueio por perfil de risco.
E o iGaming?
Apesar da visibilidade nas propagandas, a base real de apostadores ativos mensais no Brasil gira em torno de 10 a 12 milhões de pessoas, cerca de 5% da população e 8% dos lares.
É menos do que quem compra rifas, consórcios ou carnês de loja. Comparar isso com os 60 milhões de lares endividados é desproporcional.
O setor de iGaming:
- Gera R$ 15 bilhões/ano em GGR — menos de 0,5% do PIB;
- Vai arrecadar R$ 2,5 bilhões/ano em impostos diretos, com a nova regulação;
- Emprega diretamente mais de 50 mil pessoas no Brasil;
- Está 100% regulado desde janeiro/2025, com licença obrigatória do Ministério da Fazenda;
- É o único setor com exigência legal de Jogo Responsável: autoexclusão, limites, compliance, monitoramento de risco etc.
É fácil apontar o dedo para um setor novo. Mas o iGaming não é o vilão do endividamento. O problema é antigo, estrutural e está exatamente onde sempre esteve: no modelo de crédito predatório, na ausência de educação financeira e na falta histórica de proteção ao consumidor.
A culpa não está em uma aposta de R$?5. Se o debate é sobre responsabilidade, que seja com dados, contexto e seriedade.
O Grupo Silvio Santos sempre construiu confiança com o Brasil popular, que trabalha, sonha e enfrenta a vida com coragem. A TQJ - Todos Querem Jogar carrega esse legado, e sabe que responsabilidade se mede por compromisso com a realidade de quem está do outro lado da tela.
Leonardo Sampaio
CEO da TQJ