VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 03:33hs.
Artigo da Veja

O que dizem as bets sobre o aumento de tributação que tramita no Senado

A votação do projeto do senador Renan Calheiros (MDB-AL) que aumenta a tributação sobre bets, fintechs e empresas do mercado de capitais na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), presidida pelo próprio emedebista, acabou adiada. Mas isso não diminuiu os protestos do mercado de apostas online contra a proposta.

Como mostrou o Radar, Hugo Motta (Republicanos-PB) avisou a Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) que não colocaria a proposta em votação na Câmara. O texto dobraria a alíquota cobrada sobre a receita bruta das bets. Como tramita em regime terminativo, não precisaria passar pelo plenário do Senado se fosse aprovado pela CAE.

Enquanto a CNI lidera um movimento a favor da criação de um imposto seletivo sobre as apostas online, advogados e executivos das bets classificam um eventual aumento da tributação como um “desastre”, dizendo que a medida causaria uma “insegurança jurídica sem precedentes” e contribuiria para a propagação de sites clandestinos.

As entidades representativas das bets regulamentadas estimam que plataformas ilegais respondam hoje por cerca de metade das apostas online feitas no Brasil.

O projeto carece de qualquer embasamento técnico e social e coloca em risco a credibilidade da regulamentação”, afirma o sócio do escritório Betlaw e consultor jurídico da Associação Nacional de Jogo e Loterias (ANJL) Bernardo Cavalcanti Freire. “Primeiro, deve ser assegurado o combate aos ilegais, antes de qualquer medida nesse sentido”.

Ele acrescenta que, hoje, com a alíquota de 12% sobre a receita bruta com jogos e os demais impostos de qualquer atividade econômica brasileira, a alíquota efetiva sobre as plataformas de apostas pode superar os 40%.

O CEO da Galerabet, Marcos Sabiá, diz que, se o intuito é aumentar a arrecadação aos cofres públicos, a medida mais “eficiente e adequada seria combater implacável e incansavelmente o mercado clandestino de apostas” – o que, segundo ele, fora o incremento às receitas tributárias, “extirparia” uma fatia do mercado que, “além da sonegação, é responsável por uma série de ilícitos em desfavor da sociedade”.

O sócio e fundador do Grupo Ana Gaming, holding das marcas 7k, Cassino e Vera, Nickolas Ribeiro, aponta que o setor “ainda está em fase de estruturação, com investimentos significativos em compliance, tecnologia e geração de empregos”, e o “equilíbrio tributário” é fundamental para “evitar a migração de consumidores para plataformas não reguladas, como já ocorreu em outros países”.

Os números trazidos pelos executivos das bets se baseiam em levantamento da LCA Consultores, segundo o qual entre 41% e 51% do mercado nacional de apostas ainda opera na ilegalidade – o que teria desviado até 2,7 bilhões de reais em arrecadação potencial só no segundo trimestre de 2025.

Fonte: Veja