A transição do compliance corporativo para um modelo de governança digital representa uma mudança estrutural, um novo modo de pensar riscos, responsabilidades e ética em um ambiente onde inovação e regulação caminham lado a lado.
Do compliance convencional à governança digital
O mundo corporativo sempre enxergou compliance como um conjunto de obrigações: cumprir a lei, evitar sanções, implementar controles mínimos. Mas essa visão não responde mais ao contexto atual, marcado por:
* Avanços contínuos em IA e biometria;
* Crescimento exponencial no uso de dados pessoais;
* Pressões regulatórias cada vez mais específicas (LGPD, GDPR, SPA/MF no iGaming, Banco Central, ANPD);
* Incidentes de segurança que colocam reputações e modelos de negócio em risco real.
Hoje, a pergunta-chave deixou de ser “estamos conformes?” e passou a ser:
“Nossa governança digital é capaz de gerar confiança e sustentar o crescimento da empresa de forma segura e ética?”
É aqui que o compliance assume um novo protagonismo.
Compliance como guardião da Integridade digital
Se antes compliance era percebido como um filtro jurídico, agora é um pilar estratégico de tomada de decisões.
Isso porque a governança digital exige:
* Visão integrada entre jurídico, tecnologia e segurança da informação;
* Entendimento sobre riscos emergentes, como shadow AI, deepfakes, sistemas de scoring e automações autodirigidas;
* Capacidade de traduzir temas complexos, como biometria, PLD/AML, privacidade, inteligência artificial, em políticas práticas e aplicáveis.
O compliance moderno atua como orquestrador de integridade digital, equilibrando:
* Proteção de dados;
* Segurança da informação;
* Riscos regulatórios;
* Ética e accountability;
* Expectativas de stakeholders;
* Inovação contínua.
Em setores como os de tecnologia e iGaming, essa função é absolutamente central. São ambientes onde a confiança institucional é determinante e onde cada falha pode custar clientes, licenças e credibilidade.
IBGC e ISO 27001: o alicerce da governança digital
Para sustentar esse modelo, frameworks de governança deixam de ser “boas práticas” e passam a ser infraestrutura crítica.
IBGC: cultura, processos e tomada de decisão
Os princípios do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) – transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa – fornecem a base ética que permeia todo o ciclo de governança digital. Eles ajudam a:
* Estruturar processos de tomada de decisão mais maduros;
* Evitar zonas cinzentas em temas sensíveis (vieses algorítmicos, biometria, IA generativa);
* Criar mecanismos claros de supervisão sobre tecnologia e dados;
* Fortalecer a relação com reguladores e parceiros.
ISO 27001: segurança da informação como disciplina organizacional
A ISO 27001, por sua vez, traz o rigor técnico e metodológico necessário para construir um Sistema de Gestão de Segurança da Informação (SGSI) robusto, com:
* Gestão de riscos;
* Controles estruturados;
* Auditorias recorrentes;
* Cultura de melhoria contínua.
Para as empresas de iGaming e tecnologia, onde fluxos de dados são intensos, APIs se conectam a todo instante e incidentes são uma ameaça permanente, a ISO 27001 se transforma em garantia de confiabilidade, interna, regulatória e para o mercado.
O compliance que antecipa o futuro
Governança digital não consiste somente em reagir, mas antecipar. É sobre entender que dados, algoritmos e conectividade criam oportunidades, mas também trazem responsabilidades amplificadas.
O compliance do futuro (que já é o presente) precisa:
* Liderar a agenda de IA responsável;
* Orientar times técnicos sobre limites éticos e regulatórios;
* Fortalecer a cultura organizacional em torno da proteção de dados;
* Garantir que decisões tecnológicas estejam alinhadas ao propósito e à estratégia da empresa.
Quando bem estruturado, esse modelo cria organizações:
* Mais resilientes;
* Mais confiáveis;
* Mais preparadas para crescer em mercados regulados;
* Mais alinhadas às expectativas de clientes, investidores e reguladores.
Governar dados é governar a empresa
No atual momento, não existe crescimento sustentável sem governança digital. Não existe inovação segura sem compliance. E não existe reputação sólida sem confiança.
Diante disso, as empresas que conseguirem integrar ética, tecnologia, segurança e proteção de dados, apoiadas por frameworks como o IBGC e a ISO 27001, estarão na linha de frente da economia digital.
São elas que definirão padrões, liderarão mercados e construirão relações duradouras com um ecossistema cada vez mais atento à forma como seus dados são tratados.
A governança digital deixa de ser opção para se tornar o novo centro de gravidade das organizações que desejam prosperar na era dos dados.
Thomas Hannickel
Compliance Officer e DPO da Legitimuz
A Legitimuz é uma empresa brasileira especializada em compliance e governança digital para o mercado regulado. Certificada ISO 27001, oferece soluções completas de KYC, prevenção à lavagem de dinheiro, monitoramento de geolocalização e proteção de dados, todas em conformidade total com a Lei nº 14.790/2023.