JUE 11 DE DICIEMBRE DE 2025 - 09:17hs.
15% do valor de cada depósito dos apostadores

Em outro duro golpe ao setor de jogos, Senado aprova projeto Antifação que cria novo imposto às bets

As previsões dos operadores regulados no Brasil voltam a sofrer um duro golpe. O Senado aprovou nesta quarta (10) por unanimidade (64 x 0) o projeto Antifacção, que entre outras coisas cria uma nova contribuição sobre as bets para financiar ações de segurança pública e o sistema prisional. A estimativa é que a CIDE-Bets possa gerar até R$ 30 bilhões por ano. Especialistas do setor de apostas já alertaram que o imposto vai reduzir a arrecadação e fortalecer o mercado clandestino.

Em outro duro golpe ao setor de jogos, Senado aprova projeto Antifação que cria novo imposto às bets

Fotos: Waldemir Barreto/Agência Senado"

O texto, que passou também nesta quarta pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), aumenta as penas para integrantes de grupos criminosos: líderes podem receber condenações de até 60 anos, com previsão de aumento de penas em casos específicos para até 120 anos, segundo o relator.

O projeto também torna mais rígidas as regras de progressão de regime e determina que chefes de facções e milícias privadas cumpram pena obrigatoriamente em presídios federais de segurança máxima.

O relator incluiu a criação de um tributo (CIDE) sobre apostas online com alíquota de 15% sobre transferências de pessoas físicas para as plataformas. Essa contribuição terá validade até a cobrança plena do Imposto Seletivo criado na reforma tributária e os recursos serão destinados ao Fundo Nacional de Segurança Pública. A arrecadação estimada é de R$ 30 bilhões por ano.

Com a medida, o setor de apostas esportivas e jogos online afirma que o mercado ilegal está ganhando um bônus do governo, já que os sites clandestinos não irão recolher esses 15% no ato do depósito, enquanto as bets legalizadas terão a obrigação de taxar os apostadores logo na entrada. Com isso, advertem que a concorrência com o ilegal promoverá a migração de apostadores para o mercado negro.

Alessandro também propõe uma regra temporária de regularização para bets que atuam sem licença, com previsão de arrecadação adicional de até R$ 7 bilhões.

 



O relator eliminou as alterações feitas na Câmara sobre a destinação de recursos apreendidos para fundos de segurança. Em lugar disso, ele determinou que o governo apresente e regulamente, em até 180 dias após a sanção da lei, todos os fundos federais ligados à área de segurança.

O texto também fecha espaço para as bets que operam na clandestinidade, usadas para crimes, lavagem de dinheiro e concorrência desleal. Alessandro Vieira incluiu uma emenda de redação alinhada com a Receita e o Ministério da Fazenda que prevê medidas como a responsabilidade solidária de empresas de pagamento e instituições financeiras. 

Uma bet ilegal só funciona porque alguém patrocina sua publicidade e porque alguma instituição permite o pagamento”, afirmou. 

O texto passou a prever que ao menos 60% da arrecadação da Cide-Bets será executada de forma descentralizada, por meio dos mecanismos de transferência já previstos em lei, inclusive fundo a fundo, desde que os recursos sejam mantidos em conta específica dos fundos estaduais de segurança pública, carimbados exclusivamente para ações contra o crime organizado e expansão e qualificação do sistema prisional.

Como foi alterada, a iniciativa agora volta para uma nova votação na Câmara. Na outra Casa Legislativa, o texto deverá ser relatado pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), ex-secretário de Segurança Pública de São Paulo. Derrite foi o responsável pela versão do parecer que já havia sido aprovada pela Câmara em novembro.

Fonte: GMB