MIÉ 17 DE DICIEMBRE DE 2025 - 11:33hs.
Primeiras repercussões sobre a aprovação na Câmara

Setor de apostas reage ao PL 128/2025: 25 milhões de brasileiros passarão ao mercado ilegal

A aprovação do PL 128/2025 na Câmara ontem (16), que prevê o aumento da carga tributária sobre as casas de apostas no Brasil, tem provocado forte reação entre executivos, especialistas e entidades ligadas ao setor de jogos. Em suas redes, eles alertam sobre o risco de que até 25 milhões de brasileiros passem a utilizar bets clandestinas caso o ambiente regulado se torne economicamente inviável, entre outros efeitos adversos.

No LinkedIn, mais precisamente, já está viralizando um texto que descreve todas as consequências negativas que essa medida pode trazer para o mercado regulado, que volta a sofrer um novo impacto em suas previsões de arrecadação para o setor.

Segundo representantes do setor, o projeto pode comprometer a sustentabilidade do mercado de apostas legalizado recentemente, ao elevar ainda mais os custos operacionais das empresas que já investiram milhões de reais para se adequar às exigências regulatórias brasileiras.

A avaliação predominante é que a medida não resultará em aumento efetivo de arrecadação, mas sim em um efeito contrário: a migração de apostadores para plataformas ilegais.

Um dos principais alertas feitos pelos executivos é o risco de que até 25 milhões de brasileiros passem a utilizar casas de apostas clandestinas caso o ambiente regulado se torne economicamente inviável.

De acordo com o setor, o mercado ilegal opera sem recolhimento de impostos, sem mecanismos de prevenção à lavagem de dinheiro e sem políticas de proteção ao consumidor ou de Jogo Responsável.

As manifestações também destacam que o fortalecimento da ilegalidade tende a beneficiar o crime organizado, ampliando práticas como lavagem de dinheiro e evasão de divisas, além de reduzir a capacidade do Estado de fiscalização e controle.

Para os críticos do projeto, penalizar operadores licenciados enfraquece justamente o ecossistema que a regulação buscou construir desde 2025.

Outro ponto recorrente nas críticas é o impacto direto sobre o apostador. Sem um mercado regulado forte, os usuários perdem garantias básicas, como transparência nas operações, segurança de dados, mecanismos de autoexclusão e limites de apostas.

Especialistas afirmam que o direito ao jogo seguro e responsável fica comprometido quando a política pública empurra o consumidor para ambientes não fiscalizados.

Executivos do setor classificam o PL 128/2025 como um retrocesso regulatório, argumentando que mudanças bruscas na tributação minam a previsibilidade jurídica e afetam a confiança de investidores nacionais e estrangeiros.

Para eles, o momento exige estabilidade regulatória e ajustes técnicos baseados em dados, e não medidas que possam inviabilizar o mercado legal nascente.

Em meio ao debate, o setor reforça a necessidade de uma regulação inteligente, capaz de equilibrar arrecadação, proteção ao consumidor e combate ao mercado ilegal.

A mensagem central das manifestações é clara: punir o mercado regulado não elimina o problema das apostas, apenas fortalece a ilegalidade e enfraquece os objetivos centrais da política pública brasileira para o setor.

O que se aprovou ontem (16)?

Na madrugada de 16 de dezembro, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto de Lei Complementar (PLP) 128/25, que propõe reduzir benefícios fiscais federais e aumentar a tributação de setores específicos, incluindo as apostas esportivas online.

O projeto, que agora segue para análise no Senado Federal, estabelece um corte de 10% nos incentivos fiscais em uma série de tributos, ao mesmo tempo em que aumenta a carga tributária para determinados setores como fintechs e plataformas de apostas.

Para as bets, isso significa a destinação de parte da arrecadação líquida adicional à Seguridade Social, reduzindo a parcela retida pelos operadores.  

Especificamente, a proposta altera a incidência tributária hoje aplicada — que já estava fixada em 12% sobre o faturamento bruto do operador no marco regulatório — com percentuais crescentes previstos para os próximos anos (até 15% em 2028), o que pode impactar o modelo econômico das empresas atuantes no Brasil.

Em paralelo, outro projeto chamado PL Antifacção, que também buscava tributar ainda mais o setor por meio da criação da chamada CIDE-Bets, teve sua votação adiada para 2026.

Fonte: GMB