VIE 19 DE DICIEMBRE DE 2025 - 11:16hs.
Alexandre Tauszig, Diretor Comercial

Retrospectiva 2025 da NGX: Primeiro ano da regulação no Brasil foi desafiador, mas muito positivo

Com o encerramento do primeiro ano completo do mercado regulado de apostas no Brasil, 2025 se consolidou como um período de aprendizados, ajustes e amadurecimento para todo o ecossistema. Para entender como esse processo foi vivido por quem está na base tecnológica da operação, Alexandre Tauszig, diretor comercial da NGX compartilha sua visão sobre os desafios, avanços e expectativas para o setor.

Como você avalia o primeiro ano do mercado regulado brasileiro?
Alexandre Tauszig -
Para várias empresas deste setor, sobretudo para plataformas tecnológicas e outros provedores afins, 2025 foi um ano muito positivo e, ao mesmo tempo, bastante desafiador. Estamos falando do primeiro ano de funcionamento efetivo do mercado regulado no Brasil, mas é importante destacar que essa é uma regulação que ainda está em processo de formação e amadurecimento. As bases foram muito bem construídas, com fundamentos sólidos, mas ao longo do ano foi natural que novas portarias, circulares e orientações técnicas fossem sendo emitidas para esclarecer interpretações e ajustar a aplicação prática das regras.

Passamos a conviver com uma dualidade. Diversas empresas sérias e profissionais tentando se estabelecer num mercado altamente competitivo, enquanto outro grande número de "empresas”, buscando brechas para continuar faturando no que antes chamávamos de mercado offshore (não regulado) , que agora virou um mercado ilegal.

A NGX, por sua vez, optou por trabalhar totalmente dentro da regulação, o que nos trouxe mais trabalho e ainda mais desafios, mas por outro lado nos apresenta uma longevidade. O fato de termos um DNA 100% brasileiro fez muita diferença. Isso nos deu mais facilidade para entender as demandas da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) e responder rapidamente a cada nova orientação.

Contamos com uma equipe própria robusta de desenvolvedores, o que nos permitiu adaptar sistemas e processos de forma ágil sempre que necessário. Inclusive, fomos a primeira plataforma a implantar com sucesso a comunicação automática com o Sigap, o que foi um marco importante nesse primeiro ano de regulação.

Como uma plataforma, quais foram os desafios deste ano?
Todo mundo teve de escolher um lado. Não dava mais para ficar no muro. Sem dúvida, o maior desafio foi tomar decisões difíceis em um momento de transição profunda do mercado. Ainda em 2024, quando começaram a surgir as primeiras portarias, o Brasil operava majoritariamente em uma zona cinzenta, com muitos players atuando offshore. Nós tomamos uma decisão muito clara: ser uma empresa 100% aderente à regulação, sem buscar atalhos ou brechas.

Essa escolha teve um custo no curto prazo. No início de 2025, enfrentamos uma queda abrupta de receita, algo que aconteceu com muitas, senão todas, empresas sérias do setor. Chegamos a reduzir nossa base de cerca de 80 clientes (em setembro de 2024) para pouco menos de dez em um curto espaço de tempo. Além disso, houve o desafio da certificação da plataforma, iniciada ainda em junho de 2024, em um momento em que as regras ainda estavam sendo escritas e os laboratórios operavam no limite da capacidade. Foi um período difícil, mas necessário.

Começamos 2025 com o "cobertor curto". Com uma receita muito menor do que esperávamos, tivemos de aumentar a equipe de desenvolvimento, consolidar um time de suporte 24/7 multilíngue, trazer melhorias para a plataforma, integrar novos fornecedores e continuar mantendo o padrão de excelência de atendimento dos nossos operadores. O primeiro semestre foi, claramente, de ajustes, especialmente financeiros. Já o segundo semestre trouxe mais fôlego, estabilidade e espaço para planejar, com mais clareza, o crescimento que queremos sustentar em 2026.

Ao longo do ano a NGX foi crescendo em termos de clientes e tamanho. Como foi isso?
Depois desse período mais turbulento, o cenário começou a se equilibrar. A partir do momento em que a plataforma estava certificada e plenamente adequada às exigências da Secretaria de Prêmios e Apostas, passamos a colher os frutos dessa estratégia. Nosso domínio tecnológico e a rapidez de adaptação fizeram com que nossa base de clientes crescesse de forma consistente ao longo de 2025.

Um marco importante foi o contrato com a Lottu, terceira marca da Esportes Gaming Brasil, que teve um peso enorme tanto comercial quanto institucional. Outro momento muito simbólico foi a NGX ter sido anunciada como vencedora da categoria Industry Rising Star 2025 no SiGMA Awards 2025, uma das premiações mais importantes do setor de iGaming e tecnologia para apostas. Esse reconhecimento internacional acabou funcionando como um selo de validação.

Depois disso, naturalmente, mais operadores começaram a nos procurar. Hoje, posso dizer que grandes marcas do mercado estão “namorando” a NGX. Esse crescimento não foi apenas em número, mas principalmente em posicionamento e consolidação.

 



Como a NGX vê a atuação da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) e dos legisladores brasileiros no mercado regulado? E o que espera para 2026?
A nossa visão sobre a atuação da SPA é bastante positiva. Vemos um trabalho muito sério, técnico e comprometido. A Secretaria tem atuado com foco claro em segurança, responsabilidade e integridade, elevando o nível do mercado brasileiro. É natural que, em um ambiente novo, nem tudo funcione perfeitamente na prática logo de início, e entendemos que o processo de amadurecimento faz parte de qualquer regulação moderna. O trabalho do secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda Regis Dudena e de toda a equipe da SPA tem sido consistente, e estamos sempre colaborando de forma ativa.

Por outro lado, quando olhamos para o campo legislativo, temos algumas preocupações. Muitas das discussões que chegam à mídia e ao Plenário estão concentradas no aumento da carga tributária sobre o jogo regulado. Existe um risco real de que uma tributação excessiva torne a operação legal inviável para muitos operadores, o que acaba estimulando o mercado ilegal. Enquanto a SPA atua no combate ao jogo ilegal, aumentos desproporcionais de tributos levam para a direção contrária.

Para 2026, esperamos que a SPA siga avançando na construção de uma das regulações mais modernas e completas do mundo e que, dentro de seu alcance, ela continue auxiliando no combate ao jogo ilegal. E esperamos também que os legisladores consigam enxergar o setor com mais equilíbrio, entendendo que o mercado de jogos é sério, relevante e precisa de uma política tributária sustentável. Além disso, acreditamos muito na importância de campanhas de educação e conscientização da população sobre o que é jogo legal e ilegal no Brasil.

Além do benefício social direto que advém a arrecadação, quais iniciativas em benefício da sociedade podem ser feitas pelo setor e o que a NGX tem feito?
Educação é a palavra-chave. O setor ainda é novo no Brasil e carrega muitos preconceitos e desinformação. Tudo o que contribui para educação, segurança e responsabilidade é fundamental, assim como iniciativas de combate à ludopatia. Se as empresas do setor querem ser vistas com outros olhos pela sociedade, precisam investir mais em ações que mostrem que o jogo sempre fez parte do cotidiano do brasileiro. Informar, esclarecer e educar são passos essenciais para construir um mercado mais maduro, responsável e socialmente aceito.

Na NGX, buscamos contribuir ativamente nesse sentido. Um exemplo é o Minuto NGX, uma série de vídeos curtos em que falamos sobre temas relevantes para o ecossistema de apostas, indo muito além da tecnologia e trazendo informação de forma acessível. Também apoiamos algumas federações brasileiras de futebol - do Rio Grande do Sul, Paraná e Pará, garantindo a elas o acesso a relatórios de integridade da Sportradar, o que fortalece o combate à manipulação de resultados. Além disso, apoiamos o Instituto de Apoio ao Apostador (IAA), uma organização sem fins lucrativos dedicada à conscientização e ao jogo responsável. Entendemos que esse compromisso precisa ser coletivo e contínuo.

O que o mercado deve esperar para 2026?
Esperamos um 2026 ainda mais forte. Naturalmente os homens serão separados dos meninos. Os profissionais dos amadores. Sobreviverão as empresas - nacionais ou não - que conseguirem adaptar-se ao novo cenário nacional. Do ponto de vista tecnológico, será cada vez mais determinante falar a língua do país, compreender a cultura local, contar com equipes no Brasil, não apenas pelo idioma, mas pela capacidade de interpretar e responder rapidamente às normas e, acima de tudo, ter agilidade. Tudo indica que 2026 será um ano com menos operadores e menos provedores, porém com um nível muito maior de profissionalismo.

Quanto à NGX, nossa expectativa é seguir expandindo, conquistar mais clientes, reforçar nosso protagonismo e liderança no mercado brasileiro e ampliar nossa presença nos principais eventos nacionais, com estandes de grande visibilidade. Queremos continuar crescendo de forma sustentável e contribuindo ativamente para o fortalecimento do mercado regulado no Brasil.

Fonte: NGX