O mês de abril marca 100 dias desde a regulamentação do mercado de apostas no Brasil. As novas diretrizes estabelecidas pelo governo federal tiveram como objetivo certificar a segurança tanto dos jogadores quanto de sites de apostas, incluindo tópicos como o combate à lavagem de dinheiro e a proteção de dados dos usuários.
A partir da implementação da nova legislação, as bets passaram a necessitar de uma licença para atuar no Brasil e, para conquistá-la, diversas reformas operacionais foram requisitadas.
Para adequação às normas, as plataformas de apostas tiveram de implantar novos sistemas e tecnologias. Entre eles, para reconhecimento facial dos usuários, com cadastramento a partir de fotos do documento oficial, ou a limitação de apenas uma conta bancária por pessoa e restrição de acesso aos dados dos clientes, incluindo para funcionários da empresa.
Nesta entrevista, Elisa Mossulino, Strategic Project Manager da Paag, techfin que oferece avançados recursos voltados às necessidades específicas das operadoras de apostas, destacou o impacto da regulamentação no segmento: “Existe uma segurança muito maior de investir nesse mercado e olhar para ele com grande potencial”.
“O mercado está cada vez mais voltado para assuntos e temáticas extremamente importantes, como: Quais são as proteções que um operador pode ter no antifraude? Quais são as experiências que o operador está gerando para o jogador? Existe uma análise muito mais profunda agora”, afirmou a executiva.
Quais as principais mudanças percebidas no dia a dia desde o início do mercado regulado?
Elisa Mossulino - Eu vejo que existe uma sensação de segurança e seriedade maior no dia a dia. Acho que, de uma forma geral, existe uma segurança muito maior de investir nesse mercado e de olhar para ele com grande potencial. Hoje existe um Norte nesse mercado.
As principais mudanças que eu tenho percebido são no nível de conversa que está existindo. Está cada vez mais voltado para assuntos e temáticas extremamente importantes, como: Quais são as proteções que um operador pode ter no antifraude? Quais são as experiências que o operador está gerando para o jogador?
Existe uma análise muito mais profunda agora, assim como nas campanhas de marketing. São coisas que conseguimos monitorar no dia a dia, através do que temos aqui na Paag como ferramenta.
A gente está falando em um nível muito mais estratégico agora do que era há quatro, cinco meses. Vejo muito mais o mercado falando de segurança, sistema antifraude, PLD, algo que não existia no mercado pré-regulado.
O que é preciso melhorar dentro do setor? Quais as principais dificuldades atualmente?
No meu ponto de vista, o que ainda precisa ser melhorado é a profissionalização do setor como um todo, no sentido de ir cada vez amadurecendo mais, também nesse caminho que falei que tenho percebido no pós regulamentação.
Eu acho que o setor tem uma dificuldade muito grande de dados e informações consolidadas. Qual o market share dentro desse mercado? É quase impossível saber. Assim como o potencial do mercado em GGR (Gross Gaming Revenue), já que ainda não existem fontes oficiais ou associações, imprensa e canais oficiais no mercado que consigam balizar a gente para entender todo o potencial e quais são as informações.
Então, no geral, eu acho que uma das principais dificuldades é encontrar fontes de informações consolidadas e concretas e que realmente possibilitem às empresas conseguirem fazer um planejamento estratégico mais apurado.
Também acho que o mercado ainda pode evoluir muito no conceito de qualidade versus quantidade. Penso que bem lá no início do mercado, a maioria buscava apenas o menor preço, enquanto a Paag sempre se posicionou como qualidade, priorizando esse fator em suas entregas. Acho que no geral o mercado ainda precisa melhorar em compreender o que é qualitativo e o que vale a pena.
Como classificaria a adaptação do mercado brasileiro às novas regulamentações até o momento?
Eu vejo que teve uma adesão muito grande e uma velocidade enorme de todos os players desse mercado em se adaptar à regulamentação. E foi supercomplexa, com muitas zonas nebulosas, muita dificuldade de entendimento, um caminho muito obscuro, mas os players realmente se empenharam em fazer acontecer e adaptar suas operações, colocar assuntos que antes nem eram olhados.
Eu vejo que hoje existem muitos players sérios e que realmente se empenharam e olharam para isso. Vejo que é só o começo. Acho que daqui para frente vai vir muito mais qualificação desses players.
Quais as expectativas daqui para frente?
Juntando tudo isso que eu falei, da mudança do pré-regulamentado para o regulamentado, a expectativa é que seja um mercado cada vez mais maduro com profissionais amadurecendo junto com o mercado e tendo um alto nível de discussão estratégica.
E que a gente vá muito para um caminho de estratégia, de segurança, de comunicação e de mercado financeiro, que também é muito importante. Tem muita estratégia de mercado financeiro que pode ser aplicada para a indústria das bets.
Fonte: GMB