No discurso, Mercadante afirmou que uma das alternativas seria aumentar os impostos sobre as apostas esportivas, as chamadas bets.
“Precisamos de uma agenda que não seja só do Ministério da Fazenda. As entidades empresariais têm de apresentar soluções e propostas também. Eu já faço uma sugestão pública: vamos aumentar o imposto das bets, que estão corroendo as finanças populares. Poderíamos, com isso, por exemplo, diminuir o impacto do IOF e criar alternativas”, afirmou Mercadante.
O presidente do BNDES reconheceu que o aumento do IOF eleva o custo do crédito para empresas e consumidores, mas ponderou que a medida tem caráter arrecadatório e já foi mais pesada no passado.
“Temos o impacto do IOF, dessa medida recente, mas já tivemos um IOF muito mais alto. O IOF tem uma função de contração monetária, pois eleva o custo do crédito. Mas, enquanto a Selic gera dívida, o IOF gera receita e ajuda a reduzir o problema da relação dívida/PIB”, explicou.
Mercadante ainda elogiou a atuação do ministro Fernando Haddad à frente da Fazenda e voltou a criticar o atual patamar da taxa básica de juros, hoje em 14,75% ao ano.
Na última quinta-feira (22), o governo federal anunciou mudanças nas alíquotas de IOF, entre elas o aumento do imposto sobre crédito para empresas, de 1,88% para 3,95% ao ano. Algumas outras medidas anunciadas foram posteriormente revistas pelo governo.
Em entrevista nesta segunda (26) no mesmo evento de Mercadante, Haddad afirmou que o governo definirá até o fim desta semana formas de compensar os recuos sobre o aumento de algumas alíquotas do IOF.
Ação
Uma ação na Justiça Federal de São Paulo cobra a devolução de todo o dinheiro do Bolsa Família arrecadado por empresas de apostas online desde novembro de 2024, quando o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), obrigou o governo a tomar providências para impedir que recursos do programa sejam investidos nas bets.
A ação é uma iniciativa das ONGs Educafro, Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) e Centro de Defesa dos Direitos Humanos Padre Ezequiel Ramin.
Fonte: GMB