VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 08:32hs.
Christian Tirabassi, fundador e sócio da Ficom Leisure

Especialista em fusões e aquisições prevê que 10 operadoras dominarão o mercado de apostas no Brasil

Christian Tirabassi, fundador e sócio sênior da consultoria em fusões e aquisições Ficom Leisure, prevê que o mercado de apostas no Brasil será dominado por 10 a 12 operadoras de primeira linha, enquanto as de segundo e terceiro escalões terão dificuldades para competir com barreiras de entrada tão altas. 'As empresas que tinham um bom desempenho no país antes da regulamentação estão, realisticamente, mantendo essa posição de liderança', disse Tirabassi ao iGB.

O mercado online brasileiro foi lançado em 1º de janeiro com 14 licenciados plenos e as aprovações subsequentes da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) levaram a cerca de 80 operadoras atuando no mercado legal hoje.

No entanto, embora essas operadoras já tenham superado as altas barreiras de entrada, incluindo a taxa de licença de R$ 30 milhões (US$ 5,5 milhões), alguns acreditam que os altos custos para a conformidade contínua podem levar as operadoras menores a serem forçadas a sair do mercado.

Adicione a isso um potencial aumento no imposto sobre jogos de azar de 12% para 18% do GGR e mais restrições à publicidade, e o mercado provavelmente refletirá mercados europeus mais maduros, onde alguns dos maiores players dominam a participação de mercado.

As empresas que tinham bom desempenho [no Brasil] antes da regulamentação estão, realisticamente, mantendo essa posição de liderança”, disse Christian Tirabassi ao iGB.

A única estratégia diferente é a joint venture entre a MGM e o Grupo Globo, que é [nova no mercado], mas as demais são marcas que estão em continuidade, incluindo a Betnacional adquirida pela Flutter”.

A maior parte do mercado será dividida em 10 a 12 operadoras, o que pode ser 30 marcas. As operadoras abaixo de um certo limite de GGR terão muita dificuldade [para competir]”.

A H2 Gambling Capital estima que o setor de apostas online do Brasil poderá atingir R$ 31 bilhões (US$ 5,5 bilhões) em GGR em 2025, crescendo para R$ 64 bilhões em 2030. Isso sem considerar o impacto potencial de um aumento de impostos.

Operadoras regionais podem sobreviver

Apesar de acreditar que operadoras maiores dominarão, Tirabassi sugere que concorrentes menores podem manter uma participação de mercado razoável se conseguirem encontrar um nicho.

Este poderia ser um nicho regional”, continua Tirabassi. “Não para ser uma operadora nacional, mas talvez uma operadora que tenha uma participação de mercado decente em uma região específica por algum motivo”.

Mas os números seriam muito menores do que os que consideram a participação de mercado nacional, como bet365, Flutter, EstrelaBet, o tipo de empresa que ganhará mais de R$ 200 a 300 milhões (US$ 36,5 a 54,6 milhões) em GGR por ano”.

Aquisição de clientes sob pressão devido a novas medidas publicitárias

Com a expectativa de que operadoras menores enfrentem dificuldades devido ao custo de operar no Brasil, desenvolvimentos recentes podem agravar ainda mais a situação dessas empresas.

Novas restrições publicitárias, que proíbem o uso de influenciadores e atletas e introduzem critérios de diferenciação, foram aprovadas pelo Senado em maio. O aumento da alíquota, que representa um aumento de 50% em relação à alíquota atual, sem dúvida pressionará ainda mais as operadoras que lutam para competir.

Tirabassi prevê que mais de US$ 2,5 bilhões sejam gastos em marketing no Brasil nos próximos 18 meses, à medida que as operadoras lutam para competir no novo mercado. Espera-se que as operadoras maiores respondam pela maior parte desse gasto, buscando se antecipar às novas restrições publicitárias.

Esperávamos que houvesse algumas restrições”, acrescenta Tirabassi. “Antes que isso aconteça, as empresas vão inundar o mercado”.

Elas tentarão obter a maior fatia de mercado possível. E se e quando essas restrições entrarem em vigor, elas [já] terão uma fatia de mercado considerável que, potencialmente, manterão”.

Possíveis obstáculos à atividade de fusões e aquisições no Brasil

Tirabassi espera que o Brasil se torne o mercado de fusões e aquisições mais aquecido da história dos jogos na América Latina, o que pode oferecer uma saída lucrativa para operadoras menores ou permitir que operem dentro de uma corporação maior.

Tirabassi aconselha essas operadoras independentes a garantir que tenham todos os requisitos corporativos necessários para facilitar uma potencial venda. Em sua experiência, a falta de estrutura corporativa pode gerar problemas para as operadoras.

O que vimos é que, se você tem um negócio muito grande com uma estrutura corporativa [minúscula] que não está alinhada com o tamanho do negócio, é aí que [as operadoras] terão de se atualizar”, diz Tirabassi.

Embora elas estejam cumprindo os requisitos legais e a conformidade necessária [para] a licença, elas precisam ter um CFO e um consultor corporativo adequado revisando seus números, para estarem prontas para a due diligence e assim por diante”, conclui.

Fonte: iGB