O início de 2025 marcou uma inflexão importante com a entrada em vigor da regulamentação federal das apostas esportivas e jogos online. As operadoras licenciadas passaram a atuar sob regras claras: licença obrigatória, capital mínimo, compliance, proteção ao apostador e recolhimento de impostos.
Mas a existência de regras não garante, por si só, a migração do apostador para o ambiente legal. O desafio real agora é tornar o mercado regulado competitivo: não apenas entre operadoras licenciadas, mas contra o próprio ambiente cinza, que continua ativo e atrativo.
O apostador brasileiro já foi formado em plataformas não licenciadas, com agilidade para apostar, sacar e receber promoções. É um usuário jovem, digital, que aposta com frequência semanal ou diária, movimentando em média R$ 200 por mês. Ele não tolera fricções. Se a experiência regulada for lenta, burocrática ou menos vantajosa, a migração simplesmente não acontece, independentemente das sanções previstas.
A arrecadação federal superou R$ 3 bilhões em impostos entre janeiro e maio, segundo a Receita Federal. A taxa de fiscalização somou R$ 21,4 milhões no 1º trimestre, conforme dados da SPA/MF. Estimativas do Banco Central apontam que o setor movimenta entre R$ 6 e R$ 8 bilhões/mês em GGR. Mas a maior parte ainda está fora da curva legal.
Há um segundo problema: a maioria dos apostadores não sabe identificar se a plataforma é licenciada. A ausência de comunicação clara, de campanhas educativas e de diferenciais visíveis mantém o mercado regulado invisível para muitos.
Se quisermos competir, precisamos entregar uma jornada fluida: verificação de conta rápida, saque ágil, suporte eficiente, promoções criativas, com tudo dentro das regras. É preciso deixar claro que jogar legalmente não é punição, mas uma escolha inteligente: proteção contra fraudes, odds auditadas, reembolso em caso de erro, dados seguros, prevenção ao jogo de menores.
O papel do Estado também é crítico: garantir ambiente jurídico estável, fiscalização ativa contra operadoras ilegais e celeridade nas regulamentações complementares.
A regulação foi o primeiro passo. Mas competir exige mais. Exige experiência, diferenciação e comunicação inteligente com o apostador. Não basta estar certo: é preciso ser desejado.
Não precisamos baixar o nível. Precisamos elevar o jogo.
Leonardo Sampaio
Chief operating officer da Todos Querem Jogar (TQJ)