VIE 5 DE DICIEMBRE DE 2025 - 07:20hs.
Chief operating officer da Todos Querem Jogar (TQJ)

Leonardo Sampaio: Por que o mercado cinza continua vencendo?

“O setor de apostas no Brasil foi regulado. Mas a migração do apostador para o ambiente legal ainda não aconteceu. Por que o mercado cinza continua vencendo?”, questiona Leonardo Sampaio, chief operating officer da Todos Querem Jogar (TQJ). Refletindo sobre o tema, o executivo defende agilidade, promoções, transparência e uma jornada do usuário sem burocracia para fazer frente à concorrência contra o ilegal.

O início de 2025 marcou uma inflexão importante com a entrada em vigor da regulamentação federal das apostas esportivas e jogos online. As operadoras licenciadas passaram a atuar sob regras claras: licença obrigatória, capital mínimo, compliance, proteção ao apostador e recolhimento de impostos.

Mas a existência de regras não garante, por si só, a migração do apostador para o ambiente legal. O desafio real agora é tornar o mercado regulado competitivo: não apenas entre operadoras licenciadas, mas contra o próprio ambiente cinza, que continua ativo e atrativo.

O apostador brasileiro já foi formado em plataformas não licenciadas, com agilidade para apostar, sacar e receber promoções. É um usuário jovem, digital, que aposta com frequência semanal ou diária, movimentando em média R$ 200 por mês. Ele não tolera fricções. Se a experiência regulada for lenta, burocrática ou menos vantajosa, a migração simplesmente não acontece, independentemente das sanções previstas.

A arrecadação federal superou R$ 3 bilhões em impostos entre janeiro e maio, segundo a Receita Federal. A taxa de fiscalização somou R$ 21,4 milhões no 1º trimestre, conforme dados da SPA/MF. Estimativas do Banco Central apontam que o setor movimenta entre R$ 6 e R$ 8 bilhões/mês em GGR. Mas a maior parte ainda está fora da curva legal.

Há um segundo problema: a maioria dos apostadores não sabe identificar se a plataforma é licenciada. A ausência de comunicação clara, de campanhas educativas e de diferenciais visíveis mantém o mercado regulado invisível para muitos.

Se quisermos competir, precisamos entregar uma jornada fluida: verificação de conta rápida, saque ágil, suporte eficiente, promoções criativas, com tudo dentro das regras. É preciso deixar claro que jogar legalmente não é punição, mas uma escolha inteligente: proteção contra fraudes, odds auditadas, reembolso em caso de erro, dados seguros, prevenção ao jogo de menores.

O papel do Estado também é crítico: garantir ambiente jurídico estável, fiscalização ativa contra operadoras ilegais e celeridade nas regulamentações complementares.

A regulação foi o primeiro passo. Mas competir exige mais. Exige experiência, diferenciação e comunicação inteligente com o apostador. Não basta estar certo: é preciso ser desejado.

Não precisamos baixar o nível. Precisamos elevar o jogo.

Leonardo Sampaio
Chief operating officer da Todos Querem Jogar (TQJ)