A CEO do IAB Brasil, Denise Porto, reforça que a publicidade regulada cumpre uma função social ao informar o público sobre quais plataformas são seguras, fiscalizadas e comprometidas com políticas de jogo responsável. “Além disso, desempenha um papel relevante na construção de marcas confiáveis que geram credibilidade e reduzem o apelo de ofertas irregulares”, afirmou ela, em nota à imprensa.
O setor de apostas esportivas já figura entre os principais anunciantes no Brasil. Estimativas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), referentes a 2023, apontam que as casas de apostas investiram cerca de R$ 4 bilhões em publicidade e patrocínios, ocupando espaços que vão de transmissões esportivas a campanhas digitais com influenciadores.
Uma das recomendações do guia é que a publicidade não estimule comportamentos compulsivos nem associe as apostas à promessa de enriquecimento garantido. Expressões como “Corra, é sua última chance” ou “Transforme R$ 10 em R$ 1.000 rapidamente” aparecem como exemplos a serem evitados. O documento também aconselha a inclusão de mensagens de advertência, como “Aposte com moderação” ou “Se estiver em dúvida, pare”.
“Influenciadores digitais e agências devem adotar uma abordagem ética, transparente e consciente ao promover esse tipo de serviço. As campanhas nas mídias digitais devem sempre ser feitas com cuidado, evitando qualquer tipo de apelo enganoso ou incentivo a comportamento de risco, seja financeiro ou mental”, destacou o documento.
Outro ponto é a necessidade de verificar a regularidade das casas de apostas anunciadas. Cabe a agências e anunciantes checar se a empresa está entre as autorizadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), que mantém uma lista atualizada em seu site oficial. O guia recomenda ainda que as peças publicitárias mencionem o número da portaria específica do Ministério da Fazenda que concedeu a autorização de operação à casa de apostas.
O material ainda apresenta uma lista prática de regras. Agências e anunciantes devem fiscalizar se influenciadores identificam corretamente conteúdos pagos, com hashtags como “#publicidade” ou “#anúncio”. Pessoas retratadas em campanhas precisam ter, e aparentar ter, mais de 21 anos.
Ainda segundo o guia, é vedado qualquer elemento que possa atrair crianças ou adolescentes, como personagens, gráficos e trilhas sonoras do universo infantil, e a segmentação de mídia deve ser configurada para evitar exposição de menores, inclusive em redes sociais.
Também não é permitido oferecer bônus de entrada, crédito ou empréstimos a apostadores, nem associar apostas a solução de problemas financeiros ou à ideia de status social. Todas as peças devem incluir mensagens de restrição etária e advertências sobre Jogo Responsável.
O guia foi produzido por um grupo de trabalho que reuniu representantes de agências como b/luz e Dentsu, veículos como Grupo Globo, UOL e Estadão, plataformas como TikTok, Uber Ads e Paramount, além de advogados especializados. A revisão final ficou a cargo do IAB Brasil. O material está disponível para download no site do IAB.
Fonte: Valor