VIE 19 DE ABRIL DE 2024 - 21:38hs.
Alberto Cestrone, novo presidente da ABR

"Os resorts apostam na liberação dos cassinos para superar a sazonalidade do setor"

(Exclusivo GMB) - Com 23 anos de experiência em resorts e se declarando um associativista, Alberto Cestrone, assumiu a presidência da ABR (Associação Brasileira de Resorts) no início de janeiro e vai comandar a entidade no biênio 2018/2020. Em entrevista ao GMB, ele fala sobre os desafios da nova gestão, o andamento dos projetos da lei do jogo e afirma que o setor aposta na liberação dos cassinos para superar o fenômeno da sazonalidade que persegue o turismo nacional.

"Os resorts apostam na liberação dos cassinos para superar a sazonalidade do setor"

Alberto Cestrone, novo presidente da ABR (Foto: Caio Gallucci/ABR)

Alberto Cestrone, novo presidente da ABR (Foto: Caio Gallucci/ABR)

GMB - Fale um pouco sobre a sua trajetória até chegar à presidência da ABR. Como foi (ou está sendo) a transição de gestão e quais as suas principais metas para o setor de resorts agora que está à frente da entidade?
Alberto Cestrone: 
Atuo no turismo há 23 anos e desde 2012 o Infinity Blue participa da ABR. Ao longo deste período, fiz parte da diretoria e fui um associativista nato. Sempre estimulei a troca de informações e valorizo ações coletivas em prol do fortalecimento do nosso segmento. A ABR é uma associação madura com profissionais de grande experiência no setor, portanto, com isso a transição tem sido saudável e natural. Não obstante, metade da diretoria atual é egressa da anterior. Entre as bandeiras que estamos desenhando para o próximo biênio estão:
- Fortalecimento das ações comerciais entre associados, agentes de viagens, mercado internacional e formadores de opinião;
- Valorização do conhecimento e produção de conteúdo através da aproximação com as Universidades;
- Estimular as startups e empresas de tecnologia ao mundo dos resorts;
- Manter o protagonismo e monitorar projetos de lei que de alguma forma impactam ou podem impactar na nossa atividade.

Qual a sua opinião sobre o desenvolvimento do processo de legalização dos jogos e a liberação dos cassinos no Brasil?
Somos a favor da liberação dos cassinos no Brasil. Avaliamos que é um atrativo adicional para um setor que sofre muita sazonalidade. Mercados maduros no turismo, como Estados Unidos, Canadá, Portugal e Espanha convivem harmoniosamente com os cassinos. Entendemos que os cassinos deveriam ser dentro dos resorts, afinal, somos formadores de mão de obra e incentivamos o desenvolvimento sócio-economico das microrregiões onde estamos estabelecidos. 

Na última semana nos Estados Unidos, o Dep. Rodrigo Maia, presidente da Câmara, falou em um projeto integrado entre Câmara e Senado para a legalização dos jogos. Acredita que esse pode ser o melhor caminho ou seria melhor que os projetos que já tramitam continuem seus processos?
Acreditamos que um projeto integrado seria a melhor opção. Hoje tramitam dois projetos: um na Câmara e um no Senado, com propostas diferentes. Já que ambos terão que tramitar nas duas casas, acreditamos que um único projeto possa ter maior agilidade para a aprovação.

Além do congresso, o Ministério do Turismo também apoia e trabalha pela liberação dos cassinos. Qual a sua avaliação sobre o papel do ministério nesse processo? Como ele poderia ajudar a dar mais celeridade a legalização dos jogos?
O MTur está seguro de que os cassinos irão potencializar o turismo interno no Brasil e fortalecer a imagem do país no exterior. O ministro tem exercido um papel fundamental para sensibilizar senadores e deputados quanto a importância desta atividade.

Atualmente diversos resorts, como o Jequitimar, no Guarujá (SP), já tem entre suas atrações cassinos sem premiações em dinheiro, porém, com toda a estrutura de um cassino tradicional. A ABR apoia essa iniciativa? A entidade recebe algum feedback dos empreendimentos que adotaram esse modelo?
Fazendo um resgate histórico, os cassinos em São Paulo eram dentro de resorts. O Grande Hotel São Pedro foi um dos principais cassinos do Estado de São Paulo e, hoje, é administrado pelo Senac como hotel-escola. Atualmente, há várias empresas organizam atrações de cassinos sem premiações, inclusive no Infinity Blue. Trata-se de um serviço adicional criado pelos resorts para atrair público e fomentar a ocupação.

A nova gestão da ABR também considera importante o interesse de investidores internacionais no país para o bom desenvolvimento de um mercado de resorts cassinos?
Um ponto é importante destacar: não somos contra investidores internacionais, até pela expertise que eles possuem e podem contribuir para o fortalecimento dos cassinos no país. Por outro lado, defendemos que as condições de investimento devem ser as mesmas.

Fora os cassinos e tomando como exemplo os campeonatos de poker que são realizados em hoteis pelo Brasil e também fora do país, acredita que outras modalidades de jogos podem ser aproveitadas dentro dos resorts e se tornarem atrações permanentes? 
Estamos apostando nisso (desculpe o trocadilho). Os resorts são, por si só, um centro de entretenimento de lazer com gastronomia internacional. Entretanto, por uma característica turística do país, sofremos com a sazonalidade. Durante os meses de verão, nossos resorts associados trabalham com ocupação média de 92%, contudo, na baixa temporada (maio/junho) precisamos criar novos produtos para estimular a ocupação que frequentemente fica inferior a 40%.

Qual a sua projeção para os cassinos em resorts no Brasil após a aprovação da legalização dos jogos? Acredita que em pouco tempo veremos um crescimento do setor de resorts e do turismo como um todo?
Tudo irá depender da lei que for aprovada e as condições propostas. Se os resorts forem o único destino para instalação dos cassinos, avaliamos um potencial de crescimento na ordem de 12% na ocupação e 15% no faturamento.

Fonte: Exclusivo GMB