VIE 19 DE ABRIL DE 2024 - 12:53hs.
Secretário de Turismo do Estado, Otávio Leite

Governo do Rio defende liberação de cassinos e um retorno gradual dos jogos

O secretário estadual de Turismo do Rio de Janeiro, Otávio Leite, defendeu a instalação de cassinos no Brasil como forma de evitar a “perda de divisas” gerada pela proibição em vigor de jogos de azar. 'No meu entendimento, está na hora do Brasil experimentar a abertura para cassino”, argumentou Leite antes de participar do seminário Rio + Turismo, promovido pelos jornais Valor e “O Globo” e pela revista “Época”.

Atualmente, dois projetos de lei que dispõem sobre a exploração de jogos de azar no país tramitam no Congresso Nacional - um na Câmara dos Deputados e outro no Senado.

“Passei 12 anos no Congresso e esse sempre foi um tema muito ‘amaldiçoado’. Tenho para mim que a essa altura a discussão está mais madura. Há uma perda de divisas evidente para o país. No meu entendimento, está na hora do Brasil experimentar a abertura para cassino. Acho que tem de ser feito de maneira prudente, até para avaliar com o tempo. Mas é necessário introduzi-lo”, acrescentou o secretário, para depois frisar que o governo fluminense apoia essa abertura.

Em palestra na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), ainda como pré-candidato ao Planalto, em 2018, o presidente Jair Bolsonaro se disse contrário à liberação de cassinos no país, mas acenou com a possibilidade de cada Estado decidir sobre o tema. No fim do mês passado, circularam na imprensa notícias de que parlamentares do bloco conhecido como Centrão consultaram Bolsonaro sobre um projeto para liberar a abertura de cassinos no Brasil, sem obter uma resposta definitiva.

Um dos obstáculos seria a resistência da bancada evangélica à liberação dos jogos de azar. Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, é favorável aos cassinos com a justificativa da atração de investimentos e da geração de empregos.

“Está na hora também de um entendimento entre as partes, o Legislativo, o Executivo, os Estados. E [de eles] abrirem um janela para essa possibilidade”, sustentou o secretário fluminense de Turismo. “Por que [o tema] não avançava [no Congresso]? Alguém propunha dois cassinos para o Estado. Aí vinham as emendas que inseriam: maquininhas em qualquer botequim, bingos a cada 200 mil habitantes, outras modalidades de jogos. Tudo num pacote. O Brasil ia sair do oito para o 800, virar um paraíso da jogatina internacional. E não é isso que nós precisamos.”

Também presente ao seminário, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), informou que o Estado poderá investir até R$ 100 milhões em promoção turística ao longo de 2020. O montante é quatro vezes superior ao total desembolsado neste ano (cerca de R$ 20 milhões) para esta finalidade.

Em seu discurso, Witzel disse que pelo menos R$ 40 milhões já estão garantidos para a promoção turística do Rio de Janeiro no próximo ano. “Mas, se [a Secretaria de Turismo] tiver braço e perna, podemos chegar a até R$ 100 milhões”, ressaltou o governador.

Parte da verba será destinada à abertura de seis núcleos de representação turística do Rio de Janeiro no exterior, a partir da realização de uma concorrência pública. Os planos incluem duas unidades nos Estados Unidos, duas na Europa e mais duas na América do Sul. De acordo com Otávio Leite, o custo total estimado do projeto será de R$ 2,4 milhões por ano. “Falta informação do Brasil lá fora, informação mais precisa”, justificou o governador Witzel.

Ao longo do ano passado 7,12 milhões de turistas visitaram o Rio de Janeiro, conforme dados compilados pelo Rio Convention & Visitors Bureau. Desse total, 5,42 milhões foram visitantes internacionais, e 1,66 milhão, nacionais.

Fonte: Rodrigo Carro - Valor Econômico