JUE 28 DE MARZO DE 2024 - 07:01hs.
Ana Carolina Gonçalves, nova CEO da Copag

“Tenho o privilégio e a responsabilidade de dar continuidade ao legado da família”

Com apenas 35 anos e seguindo com a tradição de uma das famílias mais importantes do Brasil, Ana Carolina Corte Real Gonçalves foi nomeada pelo Cartmundi Group como CEO da Copag. Em sua primeira entrevista exclusiva desde que asumiu o cargo, ela fala sobre como é dirigir uma empresa centenária, sua trajetória, o empoderamento da mulher, os valores familiares, a legalização do jogo no Brasil e os novos produtos de cartas do proximo filme Pokemon-Detetive Pikachu.

GMB - Você é muito jovem, imaginava ou esperava chegar a um cargo de tanta hierarquia?
Ana Carolina Gonçalves -
Não imaginava, mas trabalhei e me dediquei muito para isso. Estou há 16 anos na Copag. Eu sempre tive muito acesso dentro da empresa e atribuo a isso uma das questões chaves para o meu desenvolvimento profissional e por ter chegado ao meu cargo atual. A grande oportunidade que recebi do meu pai foi um emprego. A partir disso, sempre tive acesso a todos os processos da companhia. E, por essa oportunidade, eu aprendi muito e me desenvolvi muito rápido. Minha convivência profissional com todo o processo começou cedo.

Ter acesso ao board da Copag, por exemplo, é um enorme aprendizado. Esses fatores me beneficiaram e me ajudaram no desenvolvimento profissional. Investi em estudos e em preparação. Fui buscar conhecimento em tudo que pude. Meu cargo é uma consequência de alguns anos de muita dedicação.

Como é dirigir uma empresa centenária e, mais ainda, ser a quinta geração a tocar os negócios da família?
Primeiro é um orgulho enorme. No Brasil há poucas empresas centenárias, que nasceram de negócios familiares e são bem sucedidas até hoje. É gratificante acompanhar a trajetória familiar nesse ambiente corporativo, uma vez que sempre mantemos os valores, conceitos e missões que são nossos pilares éticos. 

A história da Copag é fascinante. A empresa se reinventou, sempre buscou a inovação e nunca parou de ter esses caminhos claros dentro da gestão. Em todos esses anos, crescemos e vivemos num cenário econômico e político muito diferente. Passamos por guerra mundial, novos planos da Economia, enfim, superamos todos os momentos e estamos em ascensão. Esses fatores são muito valorosos. Tenho muito orgulho pela família e pela gestão. Temos valores que respeitam o ser humano, nosso time de colaboradores, nossos clientes e nossos parceiros. Sempre preservamos essa relação. Portanto, ao mesmo tempo que tenho muito orgulho, tenho a responsabilidade de dar continuidade a esse legado.

Qual é a sua trajetória dentro dessa lendária empresa?
Comecei a viver a história da Copag desde pequena. Meu Natal, meu Réveillon, minhas férias eram na área industrial. Sempre acompanhávamos meu pai nessa jornada. E, confesso, sempre gostei desse ambiente. Estar na fábrica era fascinante pra mim. Eu brincava nos elevadores antigos, com portas de grade, subia nos palletes de madeira, tudo isso fazia parte da minha infância.

Quando entrei na Universidade eu passei a trabalhar full time na companhia. E iniciei nos primeiros processos, com emissão de correios, parte administrativa e fui crescendo. Por isso, faço questão de dizer que aprendi com todo o time. Reitero, todo! Depois disso, avalie qual era meu talento e qual área eu queria seguir. Foi então que decidi estudar Administração e Marketing. Temos um turnover baixo na Copag. Com isso, tive o apoio de muitos que ainda estão no time.

Em 2009 perdemos um importante diretor, com isso, também precisei estar à frente da parte industrial, onde pude me aprofundar mais nesse processo. Depois disso fui me aperfeiçoando em outras áreas até construir uma visão total do negocio e me aprofundar na área Financeira e nos números. Tivemos outros eventos que foram cruciais e muito importante para a minha posição e desenvolvimento. Enfim, foi e é sempre um aprendizado!

Uma mulher a frente de uma empresa era impensável a alguns anos, porém, agora o lugar da mulher, seus direitos e capacidades são cada vez mais reconhecidos. Seu novo cargo demonstra isso?
A igualdade social é um tema importante no Brasil e no mundo. No meu ambiente familiar, vivemos a igualdade. Empoderar mulheres e promover a equidade de gênero em todas as atividades sociais e da economia são garantias para o efetivo fortalecimento das economias, o impulsionamento dos negócios, a melhoria da qualidade de vida do ser humano. Acredito que a mulher está alcançando seu espaço devido à capacidade do público feminino.

A mulher está preparada para variados cargos. E o resultado da gestão feminina está aos olhos de todos. Vemos essa evolução, ela é nítida e valiosa, por que é merecedora! Temos executivas que conquistaram postos importantes dentro do mundo corporativo e outras que estão em conquista. Um crescimento justo, dentro de uma igualdade social. Na Cartamundi, por exemplo, é nítida a busca por diversidade de um time. Temos em nossos comitês diferentes culturas e mentalidades. E eu represento esse business.

Crescer dentro de uma empresa familiar é mais fácil ou mais difícil? A quem você gostaria de agradecer pelo cargo nesta primeira entrevista como CEO da COPAG?
Esses fatores precisam ser bem avaliados. A parte mais vantajosa é o acesso à companhia. Que facilita. Se eu estivesse num outro ambiente corporativo, talvez eu tivesse que galgar um caminho mais longo. Mas, para estar com a família num ambiente empresarial é necessário muita sabedoria e profissionalismo. Para mim o importante é a Copag; preservar e proporcionar o crescimento da empresa, independente dela nascer da família. Batalho pela companhia. Separar esses objetivos é fundamental para a gestão do negócio. Mas é um desafio e uma experiência que conquistamos ao longo dos anos.

Por outro lado, o apoio familiar é muito importante. Tenho total apoio da minha família. Um privilégio e um acolhimento que faz todo o processo muito prazeroso. Mas ressalto, ter um time de colaboradores, parceiros e clientes que lhe apoiam é o folego que precisamos para gerir um negócio, seja ele qual for.

Você chega com novas ideias e projetos ou fará uma continuação do caminho atual?
Chego para propor novas ideias. Precisamos avançar, crescer e o mercado é muito dinâmico. Mas não podemos centralizar somente em coisas novas, mas fazer de uma nova maneira. Isso reflete nosso cotidiano. Mas quero perpetuar o que sempre defendemos, que são nossos valores e nossas missões. A cultura da Copag, a valorização dos colaboradores e do ser humano, por exemplo. Essas são questões genuínas que preciso manter. É o nosso DNA.

Em que posição do mercado local e internacional podemos colocar a COPAG hoje?
A Copag é líder do segmento que atua, em cartonados, no Brasil e faz parte de um Grupo líder de mercado. Mas nossa missão é crescer e evoluir no setor. Nosso objetivo é inovar, sempre, em tecnologia, processos e produtos. Precisamos estar em continuidade à evolução do mercado.

É curioso que a empresa cartas de baralho número 1 do mundo seja de um país onde os cassinos são proibidos, não?
O Brasil é um país grande, e os cassinos são uma parcela da gama de jogos. Temos uma cultura muito diversificada já enraizada no público brasileiro. Há vários jogos que fazem parte do cotidiano de muitas pessoas. Conseguimos atingir, por exemplo, cinco gerações de uma família num jogo. O truco, o buraco, jogo da memória e uma infinidade de modalidades. Portanto, o portfólio é extenso. O baralho é democrático e é um entretenimento centenário, que abrange diversas classes sociais e etárias.

Como vê o processo de legalização do jogo no país? O momento é agora?
Aguardamos esse processo. Mas não esperamos por essa aprovação para evoluir. Estamos prontos e atentos ao que está por vir. O Brasil passa por tantos percalços e tantos desafios a serem alcançados e percorridos que não acredito que esse seja o momento. Temos várias frentes para atenção.

A COPAG não está limitada a baralhos para cassinos, mas também conta com uma diversificada linha de card games e colecionáveis. Isso se tornou importante para a companhia
Sim. Com certeza, seguimos nesse rumo de diversificar esse portfolio e crescer em canais de vendas. Este caminho reforça nossa posição em outros mercados.

Recentemente, a COPAG anunciou um produto de cartas do filme Pokemon - Detetive Pikachu. Quais as expectativas para ele?
As expectativas são altíssimas. Estamos trabalhando muito para esse produto. Temos muitas ações relacionadas ao filme. Podem aguardar que vamos fazer uma ação muito interessante.

No último carnaval, o jogo de cartas da Copag foi destaque na apresentação da Unidos do Alvorada, imagino que isso foi motivo de orgulho e mostrou as raízes brasileiras da empresa.
Foi um orgulho, sim. Já fomos tema de outras escolas. Mas estar em Manaus foi muito gratificante, pois é o local da sede industrial. Uma oportunidade para integrar os nossos colaboradores. Uma interação que nos deu orgulho. Compramos fantasia ao nosso time para a participação, vibramos com essa inciativa. Foi um momento marcante, sem dúvida.

Fonte: Exclusivo GMB