SÁB 18 DE MAYO DE 2024 - 16:22hs.
André Dias, secretário de turismo do Pará

“Um cassino em qualquer região do Estado seria um dinamizador do turismo”

O Brasil vive um momento chave na discussão sobre a legalização de cassinos e outros jogos. Para entender melhor o que os estados pensam sobre o assunto, o GMB entrevistou vários secretários estaduais de turismo do País. O primeiro é André Dias, do Pará, que considera que Belém, Salinas, Santarém, Marabá e Parauapebas como possíveis cidades com cassinos no futuro. “Acompanhamos a bancada do turismo que tem trabalhado forte para que a legalização seja discutida na Câmara ainda este ano”, assegura Dias.

“Um cassino em qualquer região do Estado seria um dinamizador do turismo”

Foto: João Ramid

Foto: João Ramid

GMB - Qual é sua posição frente à legalização dos cassinos no Brasil? E sobre o resto dos jogos de azar?
André Dias
- Primeiro, acho que é importante se discutir a legalização de cassinos no Brasil. É uma atividade que gera um grande fluxo turístico, muitos empregos, mas que por outro lado pode, de alguma forma, causar problemas sociais ligados ao vício no jogo, dentre outros. Então, temos que buscar os mecanismos para conciliar os benefícios com os malefícios da atividade. O que não pode é simplesmente proibir o negócio sem buscar uma forma de equalizar a questão. Se o jogo traz tantos benefícios, como o aumento do fluxo turístico, de empregos em hotéis, em cassinos, em restaurantes, enfim, nas 53 atividades ligadas ao turismo, temos que pensar sim na legalização e ver como minimizar ou excluir os potenciais riscos.

O senhor acredita que os cassinos poderiam beneficiar o turismo do seu Estado?
Com certeza! Um cassino em qualquer região do Estado seria um dinamizador do turismo na região. Então um cassino em Belém, por exemplo, vai atrair maior fluxo turístico para capital. Um cassino na Ilha do Marajó vai levar mais turistas para o arquipélago. Um cassino fluvial também vai trazer mais fluxo turístico para os portos, por onde passar. Sem dúvida beneficiaria o turismo do Pará.

Mercado Ver o Peso, um dos principais pontos turísticos de Belém, capital do Pará  

O senhor é partidário de haver apenas cassinos em resorts ou crê que deveria haver cassinos físicos independentes dos grandes hotéis?
Aí nós começamos a entrar no detalhe da questão. O cassino em resort garante que a maioria do fluxo nos cassinos sejam de turistas, que é o que a gente quer. O cassino enquanto atividade turística é feito para o turista, e não para a população local. E assim a gente minimiza o dano social que o cassino pode gerar com vício e outros. Se o cassino está localizado num resort, já cria uma barreira para que o consumidor local não seja frequentador. Nesse sentido, é bom que esteja dentro de um resort. Agora, ele pode estar num navio ou num cruzeiro fluvial e, mesmo não estando num resort, também cria essa barreira. As vezes pode estar num hotel menor que não seja resort, mas fora de um centro urbano para também criar essa barreira para a população local. O que acho importante é que a gente possa, de alguma maneira, diminuir o fluxo de locais nos cassinos. E que o cassino seja majoritariamente voltado aos turistas.

Quais são as cidades que poderiam receber os cassinos?
Inicialmente, se a gente está falando em fluxo turístico, temos que pensar nas cidades que têm acessibilidade aos aeroportos, como Belém, Salinas (que está com aeroporto em construção), Santarém, Marabá, Parauapebas ou próximo na Ilha do Marajó, que é um lugar onde temos trabalhado bastante o turismo e está na mentalidade e no imaginário das pessoas. Tem que ser lugares que já tenha um fluxo turístico, que tenha infraestrutura turística, para que o turista possa realmente chegar no local e ter uma rede de serviços que o atenda.

Sabe qual é a posição da maioria de seus colegas secretários de turismo de outros estados sobre o tema cassinos no Brasil?
A maioria trabalha no mesmo sentido de buscar a legalização. O formato em si, sem dúvida, é polêmico. Se são dois cassinos por estado, três cassinos por estado, se só em resort, se somente em lugares empobrecidos, se apenas em centros urbanos, tudo isso são questões em que não há consenso. Mas que todos entendem que precisa ser discutido e que a legalização é um tema a ser debatido, todos concordam.

 

Santarém, cidade ao oeste do Pará, que tem como principal atração o encontro dos rios Tapajós e Amazonas 

 

O senhor tem acompanhado o que ocorre na Câmaras de Deputados e Senadores com as leis de legalização do jogo? Acredita que este ano haverá novidades?
Temos acompanhado, sim. A bancada do turismo tem trabalhado forte para que isso seja discutido na Câmara. E eu estou confiante de que possamos ter novidades ainda este ano.

Tem pensado em viajar a Las Vegas ou alguma outra cidade para analisar os benefícios econômicos dos cassinos para o Estado?
Não tenho pensado em fazer estas viagens, até porque já as fiz, já estive em várias cidades que possuem cassinos e, então, eu já tenho essa noção de como funcionam. E uma vez legalizado, vamos fazer um trabalho mais forte para identificar, do ponto de vista bem técnico, os impactos que os cassinos tiveram em várias cidades do mundo, principalmente em países subdesenvolvidos. Acho que Las Vegas não é um referencial. Temos de buscar países que têm condições econômicas mais similares com a nossa, como Argentina e Uruguai ou outros para serem nossos parâmetros.

Fonte: Exclusivo Games Magazine Brasil