VIE 29 DE MARZO DE 2024 - 11:01hs.
Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio

“A volta dos cassinos é um tema inevitável de ser discutido neste momento no Brasil”

Apesar do aumento nos gastos de turistas, o Brasil figura como um dos “lanternas” no ranking de turistas estrangeiros. O plano é dobrar o número de visitantes até o fim do mandato de Bolsonaro e chegar a 12 milhões em 2022. Para atingir a meta, parte das medidas que o governo acredita que serão benéficas terá de ser aprovada por deputados e senadores no Congresso como a retorno dos cassinos. “O que buscamos é a implementação de resorts integrados, não bingo ou caça-níqueis”, assegurou o Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

O Ministério do Turismo tem alardeado que 2019 foi o melhor ano para o setor no Brasil. Apesar do aumento nos gastos de turistas, o Brasil figura como um dos “lanternas” no ranking de turistas estrangeiros. Em 2018, por exemplo, o País teve pouco mais do que 6 milhões de turistas estrangeiros. Quase nada se comparado com potências como França e Estados Unidos. Mas também atrás tanto de outros países latino-americanos, como Argentina e México, quanto de territórios em conflito, como o Irã (que no período teve cerca de 7 milhões de visitantes estrangeiros). O Brasil não conseguiu, por exemplo, ter nem mesmo mais visitantes que o Museu do Louvre, uma das atrações de Paris, com 60 mil metros quadrados.

O plano é dobrar o número de visitantes até o fim do mandato de Bolsonaro. Chegar a 12 milhões em 2022 e, assim, crescer também os gastos de estrangeiros em território nacional. No primeiro semestre do ano passado, o número de visitantes caiu mais de 5% em relação a 2018. A expectativa é que o segundo semestre tenha conseguido reverter essa situação puxado pelas vitórias conquistadas no meio do ano. Em especial, a isenção de vistos para turistas de diversos países, incluindo os EUA.

Em junho, mês da liberação, foi possível registrar  um aumento de 43% nos gastos dos turistas estrangeiros no Brasil em relação ao mesmo período de 2018: uma injeção de US$ 598 milhões na economia brasileira. Tirando 2014, que teve o incremento da Copa do Mundo, foi o maior crescimento nos gastos de turistas no setor nos últimos 16 anos.

Para atingir a meta, parte das medidas que o governo acredita que serão benéficas terá de ser aprovada por deputados e senadores no Congresso. A “menina dos olhos” de Bolsonaro, citada sempre que possível, é a baía de Angra dos Reis, no litoral sul do Rio de Janeiro. O presidente, que possui uma residência lá e chegou a ser multado pescando irregularmente na região, quer criar no balneário um “Caribe brasileiro”. Só que por ser área de proteção ambiental, a exploração da baía terá de ter a chancela dos parlamentares.

“Precisamos parar com a falsa dicotomia de que o desenvolvimento é prejudicial ao meio ambiente. Acredito que podemos ter projetos que desenvolvam as regiões e protejam nosso meio ambiente e tenho trabalhado nesse sentido”, disse o ministro Marcelo Álvaro Antônio ao BRP.

Sobre a volta dos cassinos, deverá haver um embate dos interesses do Turismo até mesmo com “aliados” de Bolsonaro no Congresso Nacional. Marcelo Álvaro considera que é “inevitável” que o assunto da volta dos cassinos ao Brasil chegue ao Congresso.

O tema é um “tabu” entre os evangélicos, parte considerável do eleitorado do presidente. Tanto que Silas Câmara (Republicanos-AM), presidente da Frente Parlamentar Evangélica, a popular “Bancada da Bíblia”, avisou que não há negociação sobre o assunto.

“É preciso deixar claro que o que buscamos é a implementação de resorts integrados. É o que realmente interessa ao turismo. Não estamos queremos legalizar atividades como bingo ou caça-níqueis. Só para se ter uma ideia, pelo menos 93% dos países ligados a OCDE já contam com os chamados resorts integrados e mais de 95% dos países desenvolvidos no mundo também adotaram essa medida. Então, é uma realidade no mundo”, defende o ministro.

“No entanto, sabemos que esse ainda é um tema que precisa ser muito debatido com o parlamento brasileiro e com a sociedade. É uma discussão que precisa envolver a Polícia Federal, o Ministério da Justiça, o Ministério da Economia, por meio da Receita Federal, para construirmos juntos o melhor modelo para o Brasil”, conclui Marcelo Álvaro.

Fonte: GMB / Gustavo Zucchi - Estadão