MIÉ 24 DE ABRIL DE 2024 - 02:25hs.
Deputados pró-jogo buscam convencer

Bancada evangélica pode definir se os cassinos retornam ao país

A instalação de cassinos no Brasil pode estar nas mãos da bancada evangélica. Até uma missão para apresentar o modelo de negócio e tentar desmistificar a visão negativa da atividade está nos planos. Só não foi realizada ainda por causa da pandemia do novo coronavírus. Durante uma entrevista, o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, afirmou que aguarda um posicionamento por parte da bancada evangélica sobre o tema para que ele possa ser colocado na mesa.

Machado Neto disse ainda que o deputado mineiro Newton Cardoso Jr. (MDB), presidente da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados, está planejando uma viagem a cassinos para que alguns parlamentares possam conhecer melhor os estabelecimentos.

“Temos uma bancada evangélica que temos que respeitar. Até porque ela precisa conhecer (como funcionam os cassinos). Acho que o deputado Newton Cardoso Jr. está organizando uma missão com os evangélicos para conhecerem e (para que) finalmente possa ser colocado na mesa e ser aprovado ou reprovado os cassinos ou resorts integrados no país”, disse o presidente da Embratur.

Em contato com o Aparte, o deputado mineiro confirmou a intenção, que foi frustrada momentaneamente pela pandemia do novo coronavírus. O emedebista afirmou que o planejamento era levar os membros da comissão que ele preside e os deputados que têm dúvidas sobre o tema.

“Os nossos parlamentares precisam desmistificar a ideia de que a instalação de resorts e cassinos seja uma ideia de trazer lavagem de dinheiro, de prostituição, de vício etc. Não prejudica nenhum segmento da atividade religiosa, contribui para a região pelos investimentos, gera emprego e renda e, na verdade, resolve o maior problema, porque o jogo já existe. Então, quem for contra a legalização é a favor do jogo ilegal, e o jogo ilegal não paga imposto. Queremos que isso mude”, explicou o emedebista.

Newton Cardoso Jr. contou que os deputados já visitam países como Estados Unidos e Portugal, mas que o modelo adotado em Singapura é o melhor em termos de referência em uso, costumes e tradições. “É um país majoritariamente muçulmano, que viu crescer de 5 milhões para 22 milhões de visitantes depois de liberarem a licença para apenas um resort”, exemplificou.

Diante da pandemia e da restrição de brasileiros pelo mundo, o emedebista aguarda ter o mínimo de condições ao reabrirem as fronteiras para colocar na prática o plano.

A dificuldade de contato entre os políticos e o ano eleitoral acabam atrapalhando a celeridade da votação do Marco Regulatório dos Jogos no país, que tramita desde 1991 na Câmara. Outro entrave, segundo o parlamentar, são questões “meramente ideológicas e de interesses particulares”, mas que ele ressalta serem legítimos e pontuais.

Ao Aparte, o emedebista disse ter discutido o tema recentemente com o presidente Jair Bolsonaro, que teria externado o entendimento de que a liberação deveria ser uma matéria tratada pelos Estados em vez de ser pelo Congresso Nacional, mas, para isso, as Casas legislativas em Brasília precisariam chancelar a ideia.

Fonte: Lucas Henrique Gomes - O Tempo