DOM 28 DE ABRIL DE 2024 - 06:01hs.
Opinião de analista local

Nova lei do jogo em Macau aumenta incerteza e pode afastar investidores

O analista de jogo Ben Lee considera que as alterações introduzidas à proposta de lei que regula os cassinos em Macau aumentam a incerteza e podem afastar potenciais interessados em novas concessões, a partir de 2023. Tais mudanças podem ??oser um tigre escondido na sombra???, disse à Lusa o analista da consultora de jogo IGamix, ??oporque dá ao governo a capacidade de extrair um prêmio, além do imposto sobre as receitas do jogo???, que na prática é de 39%.

O governo mudou a proposta de “Regime jurídico de exploração de jogos de fortuna ou azar em cassino”, permitindo que o Chefe do Executivo altere os limites mínimo e máximo anual das receitas brutas de cada mesa e máquina de jogo.

Na segunda-feira, 16, o porta-voz da comissão da Assembleia Legislativa que está discutindo a proposta, Chan Chak Mo, confirmou que os limites podem ser ajustados “a qualquer momento”, em caso de “circunstâncias imprevisíveis e fatores irreversíveis”.

A proposta de lei prevê que as concessionárias teriam de pagar um prêmio especial caso as receitas brutas anuais não atinjam o limite mínimo. Perante uma alteração dos limites durante o contrato, “as operadoras de cassinos não teriam qualquer forma de recurso, por isso poderia ser bastante pernicioso”, defendeu o analista.

Ben Lee disse acreditar que esta cláusula poderá ser uma tentativa de reduzir “a volatilidade nas receitas públicas”, que dependem do imposto sobre o jogo.

Mas o que estão fazendo é basicamente empurrar os riscos de uma economia volátil para os operadores” de cadsinos, acrescentou.

A alteração “aumenta a incerteza e também diminui a potencial viabilidade da entrada de qualquer novo investidor”, alertou o especialista.

As atuais licenças de jogo terminam em 31 de dezembro de 2022 e o governo quer avançar com uma licitação para atribuir novas concessões.

Na sexta-feira, Chan Chak Mo revelou que o governo retirou da proposta de lei um artigo que obrigaria os chamados ‘cassinos-satélites’ a estarem “localizados em bens imóveis pertencentes às concessionárias” de jogo.

Ben Lee admitiu que é “uma grande concessão”, após reações “bastante dramáticas” dos operadores destes cassinos que avisaram sobre um impacto “sísmico” em termos de perda de postos de trabalho.

Em abril, Melinda Chan Mei Yi, diretora executiva da Macau Legend, que opera, de forma independente, vários ‘cassinos-satélites’, disse que a nova lei poderia obrigar ao encerramento de muitos destes cassinos e aumentar o desemprego.

Mesmo assim, o analista disse que é muito provável que a esmagadora maioria dos ‘cassinos-satélites’, que estão acumulando prejuízos desde o início da pandemia, acabe mesmo por fechar as portas.

O primeiro a avançar nessa direção, em 1 de abril, foi o operador do hotel Grand Emperor, que anunciou o encerramento do cassino, a partir de 26 de junho.

Fonte: Visão